domingo, 1 de dezembro de 2013

Tratamento antiretroviral altamente ativo

Texto publicado na rubrica Saúde da Sapo

Em 1996, o surgimento de uma terapêutica combinada de alta potência revolucionava o combate ao VIH


Durante anos, impôs-se como um vírus mortal, com um poder destrutivo inigualável e difícil de combater.
 
Hoje, o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) «deixou de ser uma condenação à morte e passou a ser encarada como uma doença crónica que pode ser manejada e tratada medicamente», afirma Ricardo Camacho, médico e investigador, responsável pelo Laboratório de Biologia Molecular no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental.
 
O que mudou? Em 1996, foi testada e aprovada uma nova terapêutica - o tratamento antiretroviral altamente activo (HAART) - que combina várias classes de medicamentos. Nesta terapêutica são combinados três ou mais medicamentos que conseguem travar a replicação do vírus e recuperar de forma significativa o sistema imunitário dos infectados, trazendo-lhes assim a oportunidade de viver durante mais e melhores anos.
 
Uma terapêutica «altamente eficaz»
«Esta terapêutica foi o ponto de viragem no tratamento desta infeção», sublinha Ricardo Camacho. «Passamos de uma situação em que era possível retardar um pouco a progressão da doença, através dos medicamentos que se foram desenvolvendo a partir de 1985 e, em 1996, passamos para uma situação em que conseguimos estabilizar a progressão da doença», afirma.

 
«A partir daqui, os doentes infetados por VIH tratados por este tipo de terapêutica passaram a ter uma evolução comparativa à de uma doença crónica», acrescenta o especialista, lembrando que «antes de ter surgido esta terapêutica, a esperança média de vida de um doente, desde o início da infecção, não ultrapassava os 15 anos e que atualmente, existem doentes que vivem mais de 20 anos».
 
Nos países onde a terapêutica foi aplicada, o resultado foi uma redução drástica do número de mortes e das doenças oportunistas relacionadas com a infecção do VIH, de acordo com dados disponibilizados pelo Grupo de Portugueses Activistas sobre Tratamentos de VIH (GAT).

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