sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cântico negro

Há dias vieram-me à memoria algumas das palavras do cântico negro, o belíssimo e enigmático poema de José Régio, pseudónimo literário de José Maria dos Reis Pereira, ilustre professor do Liceu de Portalegre, que falecido em 1969, não conseguiu vislumbrar a madrugada que também ele esperava "o dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo"como dizia Sofia de Mello Breyner, a propósito da reconquista da liberdade.
Atrevo-me a dizer que não há homem ou mulher da minha geração que não tenha lido, ouvido ou declamado esta pérola que brota do mais profundo do ser de um homem inquieto e inteiro, que não se limitou a ser mais um no cinzentismo de um país pouco habituado à verticalidade e ao respeito pela singularidade de cada um.
Num blogue que se diz dedicar às coisas da ciência, não é descabido relembrar que o caminho de muitos cientistas, tal como o deste homem de Letras, é, por vezes, um caminho inglório e solitário, em contracorrente com lobbies estabelecidos, tornando-se necessário gritar bem alto que não vale a pena aliciá-los com um melífluo "Vem por aqui".
No sentido de alertar os nossos alunos para a importância dos valores e de lhes relembrar que um cientista tem que ser um cidadão de corpo inteiro, convido-os a "saborear" este poema "inteiro e livre" que nos permite "habitar a substância do tempo".

Cântico negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


José Régio





A Procura de Vida Extraterrestre

Eis que está de volta a velha teoria da panspermia segundo a qual a vida terá surgido no espaço e ter-se-á disseminado por todos os locais dos sistemas solares que reunissem condições propíceas ao seu desenvolvimento.

A ideia de que não estamos sós foi já defendida pelos filósofos da Grécia antiga, por volta do século VI a.C. e tem atravessado a história da humanidade, por vezes, com o sacrifício da própria vida dos seus defensores

Os cientistas têm tido a esperança de encontrá-la nos planetas Vénus, Marte e luas de Júpiter e Saturno, portanto dentro do nosso sistema solar. A utilização de equipamentos, cada vez mais sofisticados, que perscrutam os lugares mais recônditos do Universo, tem levado à descoberta de novos sistemas solares e, consequentemente, aumentado os possíveis locais onde a vida se possa ter alojado e evoluído.

A lógica e um certo sentido de humildade impelem-nos a crer que, num Universo tão vasto quanto o nosso, seria pouco provável que apenas na Terra tenha sido possível encontrar condições adequadas ao aparecimento e desenvolvimento da vida, quando se sabe que esta resiste ao vácuo e a temperaturas e radiações extremas.

Num artigo de Filomena Alves, jornalista do Diário de Notícias, intitulado "Nova bactéria muda forma de procurar vida no espaço", faz-se referência a uma conferência de imprensa, que foi amplamente pré-anunciada e publicitada, promovida pela NASA, incidindo sobre uma importante informação relacionada com a procura de vida extraterrestre.

Os media criaram a ideia de que teria sido encontrada na Terra uma forma de vida alienígena, quando e tão só ( o que em ciência é muito), a investigadora Felisa Wolfe-Simon anunciou ter encontrado no lago Mono, na Califórnia, uma bactéria que utiliza o arsénico no seu metabolismo. Este elemento natural que, na sua forma pura é um metal altamente tóxico, aparece na natureza normalmente combinado com outros elementos em moléculas orgânicas e inorgânicas, constitui um poderoso veneno para os seres vivos até agora conhecidos.

Perante este dado o bioquímico Steven Benner, que trabalha na Foundation for Applied Molecular, chamou a atenção para o caso de Titã, uma das luas de Saturno, em que as temperaturas são da ordem dos 180ºC negativos, como constituindo um local em que o arsénico poderia constituir-se um elo estável na estrutura de eventuais moléculas orgânicas.

As informações fornecidas na célebre conferência de imprensa vêm, mais uma vez, mostrar como o conhecimento actual é algo que não pode ser encarado como um conjunto de verdades absolutas, mas tão só o resultado que o trabalho investigativo e os equipamentos de que dispomos nos permite vislumbrar, o que nos leva a dizer que nada é tão incerto no futuro como as certezas de hoje.

Nos altares da ciência, a ideia de que o carbono, o hidrogénio, o azoto ou nitrogénio, o oxigénio, o fósforo e o enxofre eram os elementos básicos da vida, constituia uma verdade inquestionável e, eis que neste grupo se introduz um estranho, o arsénico, que vem substituir o fósforo nas moléculas do DNA e do RNA, os ácidos nucleicos, a quem cabe conter e transportar a informação genética, respectivamente.

Se no seu metabolismo esta bactéria, que Felisa Wolfe-Simon designou por GFAJ-1, substituiu o fósforo pelo arsénico, ou seja, "se um microrganismo pode fazer uma coisa tão inesperada na Terra, o que pode a vida fazer mais que ainda não vimos? É preciso descobri-lo" interrogou-se a investigadora, ao mesmo tempo que defendia que a vida "pode ser muito mais flexível do que geralmente pensamos".

Se há quem diga que "os caminhos do Senhor são insondáveis", talvez os caminhos da vida estejam também longe de serem previsíveis.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Alimentação e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse

Nunca é tarde para relembrar a comunidade escolar e os jovens em particular, sobre os riscos inerentes a uma alimentação pouco conforme o grande objectivo de "construir saúde".
Numa sociedade onde o consumismo e o imediatismo imperam, o consumo excessivo de açúcar, álcool, sal e gorduras com destaque para as de origem animal, tem-se constituído como um dos principais factores negativos para a saúde humana, quais quatro cavaleiros do Apocalipse, a par de um consumo insuficiente de minerais, vitaminas e fibras.

Eis-nos perante o açúcar - cavaleiro do cavalo branco do Apocalipse, equipado com um arco à conquista do nosso paladar.
Perfeitamente dispensável, o seu consumo tem aumentado progressivamente a partir dos anos trinta do século passado, quer de forma directa quer indirectamente através de produtos de pastelaria, refrigerantes, chocolates e gelados com um efeito nefasto na saúde, traduzido na eclosão e agravamento da obesidade, diabetes e aterosclerose e na criação de condições fermentativas propíceas ao desenvolvimento das bactérias responsáveis pela cárie dentária.

Como uma praga nunca vem só, surge-nos, entretanto, um segundo grande inimigo, o álcool - cavaleiro do cavalo vermelho do Apocalipse, pois lhe foi dado que tirasse a paz da Terra. Ao alcoolismo se devem muitos dos problemas de relacionamento familiar e comunitário, nomeadamente do foro jurídico-criminal.
A ingestão excessiva de álcool paga-se cara a nível de perturbações digestivas, hepáticas e cerebrais, sinistralidade, absentismo e baixa produtividade..
O consumo de álcool em Portugal é dos mais elevados do mundo, cerca de 9.6 litros de álcool puro. Ocupamos o 8º lugar do ranking mundial, para o que contribui o 4º a nível de consumo de vinho (42 litros/ano). Os doentes alcoólicos (800.000) representam mais de 10% da população com mais de 15 anos.
Apenas se for bastante diluído é tolerado pelo organismo. Os seus efeitos são particularmente nocivos nas crianças, adolescentes e nas mulheres grávidas ou a amamentar, pelo que a estes grupos se recomenda uma completa abstinência.

Utilizado desde há milhares de anos na alimentação humana, o sal marinho, qual cavaleiro do cavalo preto do Apocalipse, de balança na mão pesando o nosso salário, tem sido responsabilizado pela hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, cancro do estômago, e até enxaqueca.
Dado que todo o alimento natural contém o cloreto de sódio que um indivíduo necessita, todo o sal adicionado poderá ser considerado excessivo.
A dose diária de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 5,5 gramas por dia e estudos recentes mostram que um consumo médio de 12 gramas de sal por dia faz dos portugueses um dos maiores consumidores da Europa.

Eis que chega um quatro inimigo - as gorduras ingeridas em excesso, personificadas pelo cavaleiro do cavalo amarelo do Apocalipse que tem por nome MORTE.
A ingestão excessiva de ácidos gordos saturados de cadeia longa está intimamente relacionada com a génese e agravamento da aterosclerose - formação e deposição de placas de gordura ou ateromas na parede interna das artérias. O seu efeito acentua-se, ainda mais, quando acompanhados de um consumo excessivo de açúcar e de álcool e de uma insuficiente ingestão de fibras, certas vitaminas e água.
Nos grupos sociais com um padrão alimentar ocidental, a aterosclerose nas suas múltiplas expressões representa uma importante causa de morte.

Urge reatar antigos hábitos alimentares como os que dão corpo à chamada cozinha mediterrânica.

16 de Outubro - Dia Mundial da Alimentação


Desde 1981 que no dia 16 de Outubro se tem comemorado o Dia Mundial da Alimentação.

Este ano o tema proposto é "O direito à alimentação". Este direito consta do artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos em cujo articulado se pode ler "Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente pare lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade."

Se nos países europeus, de um modo geral, este é um direito relativamente assegurado, as estimativas apontam para cerca de 30 milhões afectados pela fome, tal está longe de se verificar a nível mundial, havendo indicações de que mais de 1000 milhões de pessoas enfrentam de uma maneira continuada o espectro da fome, da insegurança alimentar, tanto na vertente quantitativa como qualitativa. De facto este é o número de pessoas que se encontrarão abaixo do limiar da pobreza, estabelecido pela ONU num montante de 1 dólar por dia, considerado como o mínimo necessário à sobrevivência.

Segundo o estudioso norte-americano Phillip Harten, no mundo, 13 pessoas em cada 100 são afectadas diariamente pela fome, não levando em conta a grande fatia que sofre de carências em nutrientes essenciais, como proteínas, minerais e vitaminas.

Mais uma vez, e pelas piores razões, a África destaca-se na prevalência deste flagelo. As imagens chocantes que nos chegam, a par do coro de boas intenções que continuam a ser proclamadas pelas instâncias internacionais, começam a ser encaradas como fazendo parte dos velhos problemas insolúveis, a cansar as opiniões públicas dos paises desenvolvidos, que num paradoxal desenvolvimento de comportamentos autistas se vão alheando e conformando com a situação, dando razão ao velho adágio popular "longe da vista, longe do coração".

Felizmente, este sentimento fatalista está a ser quebrado em países como o Brasil, onde nos últimos anos se tem assistido à implementação do programa Fome Zero, envolvendo estrutras político-administrativas desde o governo federal aos municípios e a sociedade civil, que muito tem contribuido para o acesso aos alimentos por parte dos mais pobres, promovendo a agricultura familiar e a inclusão social.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Prémio Nobel da Medicina 2010


Este ano o Prémio Nobel da Medicina foi atribuído ao embriologista britânico Robert Eduards que, em parceria com o ginecologista Patrick Steptoe, já falecido, desenvolveram a técnica da fertilização in vitro.

O essencial desta técnica baseia-se na possibilidade de a fecundação do oócito II pelo espermatozóide, originando o ovo, a primeira célula do novo indivíduo, poder ocorrer no laboratório e não, como naturalmente acontece, nas trompas de Falópio. Posteriormente, já na fase de segmentação, o incipiente embrião será implantado no útero onde irá prosseguir o seu desenvolvimento.

Tratou-se de um acontecimento ímpar, uma autêntica revolução que permitiu ao homem intervir num campo que até aí lhe esteve interdito, por questões técnicas, mas também porque em termos éticos a reprodução assistida levantou e continua a levantar muitas reticências e resistências, como o demonstra a posição de alguns meios do Vaticano à atribuição deste prémio.

Polémicas à parte, é um facto que depois de Louise Brown, o primeiro bébe-proveta, nascida em 1978, em Inglaterra, a técnica permitiu trazer ao mundo mais de 4 milhões de pessoas. Pessoas como quaisquer outras, sem traços indicativos do modo como foram concebidas e, cujo número constitui a maior prova de amor por parte de uma mãe e de um pai, que viram através desta técnica a concretização de um sonho.

A nível mundial estima-se que a infertilidade afecte mais de 10% dos casais, constituindo-se como uma fonte de ansiedade, stress e sensação de fracasso para muitos. É necessário não esquecer que em algumas sociedades ou grupos sociais a incapacidade de gerar filhos, de um modo natural, é encarada como uma maldição, uma indicação do pouco préstimo dos indivíduos afectados.



domingo, 9 de maio de 2010

DNA "falso"

Segundo cientistas israelitas é possível fabricar evidências com ADN, o que compromete a credibilidade de uma das técnicas/provas mais importantes nos processos penais.
Estes cientistas conseguiram fabricar sangue e saliva que continham ADN não pertencente à pessoa que havia doado aqueles produtos. Como se não bastasse a capacidade de fabricar a molécula de ADN, mostraram que, se tivessem acesso através de um banco de dados ao ADN de um determinado indivíduo conseguiriam produzi-lo artificialmente sem que dispusessem de qualquer tecido da pessoa.
A concretização desta possibilidade traz consigo implicações gravíssimas no que concerne à garantia da inviolabilidade dos direitos dos cidadãos, visto ser possível “fabricar” cenas de crime tendo em conta que é muito mais fácil implantar ADN do que impressões digitais.
Fabricaram amostras de ADN procedendo de duas maneiras diferentes.
No primeiro procedimento começaram por obter uma amostra “mínima” de ADN, proveniente de um cabelo, de um copo por onde se bebeu ou de outro material biológico, que posteriormente amplificaram. O passo seguinte consistiu na obtenção de sangue de uma mulher, o qual foi submetido a centrifugação a fim de remover os glóbulos brancos, únicas células do sangue que contêm ADN. Por último adicionaram a estas células o ADN do cabelo de um homem que havia sido previamente amplificado. Ao enviarem esta amostra de sangue manipulada a um laboratório forense americano, este considerou-a como uma amostra normal de sangue de um homem.
A outra técnica está ligada a perfis de ADN, armazenados em bases de dados legais correspondendo a uma série de números e letras referentes às variações de 13 “regiões” do genoma de uma pessoa. De uma amostra composta de ADN de diversas pessoas, os cientistas clonaram minúsculos fragmentos de ADN que representam as variantes mais comuns em cada “região”. Para preparar uma amostra de ADN correspondente a qualquer perfil, bastaria misturarem certos fragmentos. Deste modo, crê-se que uma biblioteca genética de 425 fragmentos de ADN diferente seria suficiente para cobrir todos os perfis possíveis.
Esta descoberta levou uma companhia a desenvolver um teste com o objectivo de distinguir amostras verdadeiras de ADN de amostras falsas, que se baseia no facto de faltarem ao “falso” ADN algumas moléculas que lhe deviam estar ligadas, geralmente em zonas de genes inactivados.

Fonte: http://www.nytimes.com/2009/08/18/science/18dna.html?_r=2 (adaptado)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Convite

No âmbito da área curricular não disciplinar Área de Projecto, o grupo “Ciências Forenses” do 12ºA tem o prazer de convidar a comunidade escolar para uma palestra que será presidida pelo Professor Doutor José Pinto da Costa, em que os temas a abordar serão Crimes Sexuais, Autópsia Médico-Legal e Psicopatologia Forense.
O evento terá lugar no dia 10 de Maio, das 10h15 às 12h15, no Centro Cultural de Lagos.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

As bactérias das mão na identificação forense

As bactérias das mãos passaram a ter um papel significativo no campo da identificação forense.
As nossas mãos, por mais asseados que sejamos, constituem aquilo a que podemos chamar de “albergues” de diversas comunidades bacterianas. Mesmo as pessoas mais obcecadas pela limpeza do corpo alojam, tal como as outras, cerca de 150 espécies diferentes de bactérias, visto que este número não é afectado pela quantidade de lavagens.
Esta nova técnica em estudo tem como base a descoberta, por parte de cientistas americanos, de que as “comunidades” de bactérias que vivem na pele são distintas de indivíduo para indivíduo, a que se junta o facto de cada um de nós deixar um rasto de bactérias no nosso quotidiano.
Esta inovadora ideia, liderada por cientistas da Universidade do Colorado, passou a “prova de fogo” quando conseguiu estabelecer a ligação entre as amostras de bactérias de três computadores e o proprietário de cada um, sendo que eram evidentes as diferenças entre as amostras.
Esta técnica emergente tem actualmente uma precisão de 70-90%, prevendo-se que com a melhoria da técnica este valor deverá aumentar. A mais-valia desta técnica resulta do facto de ser possível identificar as bactérias de um indivíduo, mesmo quando as impressões digitais estão “manchadas” ou não existe DNA suficiente para determinar o perfil do indivíduo.
Especialistas sugerem que as bactérias características de cada individuo poderão ser mesmo mais significativas na sua identificação, que o próprio genoma. Esta ideia deriva da constatação de que são diferentes as bactérias que habitam na pele de gémeos homozigóticos, ao contrário da sua informação genética, que é igual.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

16 de Abril - Dia Mundial da Voz

Assinala-se hoje, dia 16 de Abril, o Dia Mundial da Voz, instituído pela primeira vez em 2003, com o objectivo de sensibilizar a opinião pública para a importância e significado da voz como produto caracteristicamente humano e poderoso instrumento de comunicação e interacção entre os humanos.
Sendo a laringe um órgão fundamental na génese da voz, o lema que preside às comemorações deste ano visa promover o diagnóstico precoce do cancro que pode afectar este órgão.
A voz é um produto resultante de um som cuja génese se situa nas cordas vocais alojadas na laringe. O som gerado pela vibração das cordas vocais aquando da passagem de ar expelido pelos pulmões vai ser amplificado nas chamadas cavidades de ressonância - laringe, faringe, boca, nariz e seios perinasais, e modelado nos articuladores - lábios, dentes, mandíbula e palato, obtendo-se, deste modo, um produto que reflecte a estrutura do tracto vocal própria de cada indivíduo.
A voz sendo uma das características mais marcantes e específicas da nossa identidade deverá ser produzida sem esforço, possibilitando um desempenho adequado na comunicação com os outros, qualquer que seja o meio ou situação em que nos encontremos.
Um bom uso da voz ajuda a prevenir alterações vocais, de que a rouquidão (disfonia) constitui uma das principais evidências e a que se podem juntar a afonia, a dor, a fadiga e as alterações de tom. A preservação da qualidade da voz está estreitamente associada a um conjunto de boas práticas que englobam comportamentos como beber água, não gritar, não fumar e praticar desporto com regularidade.

17 de Abril - Dia Mundial da Hemofilia

No dia 17 de Abril comemora-se o Dia Mundial da Hemofilia que este ano terá como lema "As muitas faces dos distúrbios hemorrágicos, unidas para conseguir tratamento para todos".
Não havendo um registo nacional que possa quantificar de um modo objectivo a realidade do nosso país em relação aos diversos distúrbios de natureza hemorrágica, os dados na posse da Associação Portuguesa de Hemofilia (APH) apontam para um valor da ordem das 720 pessoas diagnosticadas. Um problema que se depara a estas pessoas prende-se com a desigual acessibilidade aos tratamentos. Face a esta realidade os especialistas chamam a atenção para a necessidade de criação de Centros de Hemofilia operacionais que, dada a complexidade de alguns distúrbios hemorrágicos, estejam independentizados dos normais departamentos de hematologia.
Vai sendo do conhecimento geral que a hemofilia, a doença de von Willebrand (DvW) e os distúrbios plaquetários hereditários, constituem doenças crónicas relacionadas com problemas de coagulação sanguínea.
A doença de von Willebrand resulta de uma alteração a nível quantitativo ou qualitativo de uma proteína designada de factor de von Willebrand, codificada por um gene que se encontra no cromossoma 12 e que sofreu mutação. A doença afecta de igual modo homens e mulheres, ao contrário da hemofilia que afecta apenas homens, pelo que a sua transmissão pode efectuar-se tanto por via materna como paterna, apresentando uma prevalência mundial superior a 1%. A forma mais comum desta doença assenta num padrão de transmissão autossómica dominante, podendo, no entanto, ser recessivo, caso da DvW tipo 3.
A facilidade e a frequência com que se formam nódoas negras e ocorrem hemorragias nasais, a que acresce a existência de menstruações abundantes nas mulheres, constituem sintomas comuns da doença.
Os indivíduos afectados não devem tomar ácido acetilsalicílico, a vulgar aspirina, nem qualquer outro fármaco que afecte negativamente a coagulação. Devem, igualmente, proceder a uma vacinação por via subcutânea e serem vacinados contra os vírus das hepatites A e B.

sábado, 20 de março de 2010

Dia Mundial da Árvore

Assinala-se no domingo, dia 21 de Março, o Dia Mundial da Árvore que, este ano, rendendo homenagem às preocupações ambientalistas dos homens e mulheres da república, surge no nosso país associado às comemorações do centenário daquela. Com esse fim serão plantadas por todo o país as "árvores centenárias", inclusive nos jardins do Palácio de Belém pelo Presidente da República.
A chegada da Primavera e com ela o desabrochar da vida não poderá deixar de estar intimamente ligada à árvore, à seiva que a percorre, símbolo pulsante de vitalidade, à frescura da sua sombra, ao sereno sussurrar da brisa por entre a folhagem, à textura aconchegante da madeira do berço e da tumba. Mas não falemos de morte quando celebramos a vida e, se a árvore em cada Primavera nos traz à memória o seu eterno renascer após as trevas do Inverno, porque não deliciarmo-nos com o belíssimo poema de José Gomes Ferreira, "Vivam Apenas".
Vivam, apenas.
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes.
Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.
Mas não queiram convencer os cardos
e transformar os espinhos
em rosas e canções.
E principalmente não pensem na morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.
Vivam, apenas.
A morte é para os mortos!











quarta-feira, 10 de março de 2010

Laboratório de Investigação criminal num chip

As novas aquisições no campo da Biotecnologia não param de nos surpreender. Isto vem a propósito de uma notícia sobre um novo sensor electrónico para análise de DNA, desenvolvido por cientistas do Instituto de Bioengenharia e Nanotecnologia de Singapura, ao que parece com vantagens evidentes no preço, rapidez de obtenção de resultados e amplitude de aplicação em relação aos testes habitualmente utilizados.
O novo biosensor constitui uma espécie de “laboratório num chip”, fruto do desenvolvimento acelerado da nanotecnologia. Este novo sistema poderá mesmo dispensar o uso da técnica do PCR (Reacção de Polimerização em Cadeia) utilizada para a obtenção de múltiplas cópias (por vezes milhões) de DNA quando a quantidade deste material biológico é inferior a um micrograma. Amostras muito reduzidas poderiam impossibilitar a sua utilização no diagnóstico de doenças hereditárias, testes de paternidade, medicina forense, sequenciação de genes…
Neste novo sistema chamado “Nanogap sensor” é usado um par de eléctrodos de metal microscópicos separados por um nanogap da ordem de 5-20 nm. O biosensor permite detectar a presença de DNA através de um sinal eléctrico que será analisado em computador.
Para melhorar a eficiência do biosensor em capturar cadeias de DNA, as duas superfícies do sensor foram revestidas com uma sonda de captura que sofreu um tratamento electroquímico, o que permite que a aderência do DNA ao mesmo seja mais rápida e mais precisa.
Fontes:
e
(adaptado)

domingo, 7 de março de 2010

Do grande se faz pequeno

O homem sendo um sistema aberto necessita de receber do exterior os materiais e a energia necessários ao seu crescimento, à substituição das células danificadas e das que vão morrendo, bem como ao desempenho de todo o trabalho celular em que assenta a sua manutenção como organismo vivo capaz de interagir com o meio em que se insere. É aos alimentos que irá buscar o essencial para a execução dessas tarefas. Acontece que aqueles não se apresentam de uma forma que possa levar à sua imediata utilização. Sendo constituídos, em geral, por moléculas complexas (amido, proteínas, triglicéridos...) terão de sofrer uma série de transformações mecânicas e químicas que os desmantelem em moléculas simples para poderem ser aproveitados a nível celular. Esse trabalho de transformação cabe ao sistema digestivo como se pode visualizar no pequeno vídeo encontrado no You Tube.



sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quem nos avisa...

A tragédia ocorrida na Madeira no passado dia 20 de Fevereiro e as dimensões atingidas, só surpreenderam quem, desde há muito tempo, se tem recusado a ler os sinais, patentes em todo o globo, resultantes de inadequadas intervenções humanas nesta estreita película do planeta a que chamamos nosso.
Num contexto sócio-cultural, caracterizado por uma incipiente cultura cívica e científica, herança de séculos de miséria, obscurantismo e manipulação, não tem sido difícil, aos responsáveis pela gestão da coisa pública ignorar as regras mais elementares que devem presidir a um correcto ordenamento do território. De facto é mais fácil e mais produtivo apresentar obra de encher o olho, pouco importando onde e como se constrói.
Quando a desgraça surge, uns tantos sacodem responsabilidades tentando passar por entre os pingos da chuva, outros ensaiam um coro de carpideiras clamando pela ajuda do estado habitualmente vituperiado, enquanto a grande massa se empenha em mobilizar boas vontades trazendo ao de cima a força anímica que permite sobreviver e continuar com a vida para a frente.
Se do erro nasce a luz, é então imprescindível emendar a mão, não repetir erros recentes e corrigir os mais antigos, de modo que no futuro, em circuntâncias idênticas, as consequências sejam bem menos gravosas.
As associações e técnicos ambientais, os professores, os engenheiros e arquitectos, a opinião pública mais informada não são apenas uns desmancha-prazeres, uns arautos da desgraça, mas vozes clarividentes que dão forma e força a muita sabedoria que é do senso comum.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Nova metodologia para solucionar crimes complexos

A Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, em colaboração com o Núcleo de Polícia Técnica da Directoria do Centro da Polícia Judiciária desenvolveu uma nova metodologia de “detecção, revelação e conservação de impressões digitais em materiais metálicos”, que tem por base uma técnica conhecida há mais de vinte e cinco anos, designada por pulverização catódica. Esta técnica, incluída nas técnicas de deposição física de vapores, envolve a formação de materiais no estado sólido na sequência da condensação de materiais gasosos, ficando aqueles na forma de um filme fino depositado sobre um substrato.
Na investigação conduzida no Centro de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra (CEMUC), sob o nome de “Revelação de Impressões Digitais” através da “Deposição de Filmes Finos”, a revelação de impressões digitais latentes – invisíveis – faz-se pela produção de filmes de cobre e ouro, que apresentam uma espessura de 20 a 30 nanómetros.
O facto de esta técnica permitir a revelação de impressões digitais antigas, praticamente invisíveis, que até agora eram de difícil detecção e ainda a constatação de poderem ser conservadas sem qualquer adulteração com o passar do tempo, são vantagens que não podemos deixar de realçar.
Também as preocupações ambientais e de não perigosidade para os técnicos investigadores criminais parecem estar salvaguardadas pois este método mostra-se limpo tanto a nível ambiental como sanitário.
Estas impressões digitais conservadas podem funcionar como base de dados, uma vez que o revestimento de filmes finos serve de capa protectora, evitando a deterioração das mesmas, além de tornar possível a fixação de vestígios de drogas, explosivos e outros materiais para análises posteriores, que poderão constituir “pistas” para determinar o perfil do criminoso.



domingo, 21 de fevereiro de 2010

A membrana e os movimentos membranares

Tendo em vista facilitar a aprendizagem dos alunos, procedi à selecção de alguns vídeos que podem ser encontrados no You Tube referentes à membrana plasmática e ao transporte membranar.






quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Detecção de drogas e antipsicóticos

A Faculdade de Ciências da Saúde na Covilhã tem vindo a desenvolver estudos relativos à detecção de drogas em amostras alternativas ao sangue, por exemplo o suor ou saliva e o cabelo.
Nos estudos relativos ao suor e saliva pretende-se detectar a presença específica de antipsicóticos, fármacos geralmente utilizados no tratamento de psicoses (ex: esquizofrenia), no corpo. É particularmente importante identificar estas substâncias devido à sua “acção psicotrópica, com efeitos sedativos e psicomotores”. Na execução deste estudo comparam-se as amostras de plasma, sangue e urina de pessoas sob o efeito de antipsicóticos com amostras de saliva e suor. Com a validação desta técnica, a mesma poderá ser posta a favor do serviço da Justiça.
Quanto aos estudos desenvolvidos sobre o cabelo, pretende-se traçar um perfil de consumo de drogas (por ex: opiáceos e canabinóides), tendo em conta o seu crescimento. Isto é possível relacionando a presença de certas substâncias no cabelo com o seu consumo, tendo em conta o comprimento do fio de cabelo que corresponderia a um determinado período de tempo. Quanto maior for o comprimento do mesmo, mais falível se torna esta metodologia, sendo que apenas está validada para o consumo de cocaína.
Estas novas técnicas poderão ter um importante contributo no âmbito da Toxicologia Forense, tendo como principais vantagens a facilidade de recolha de amostras e o facto de não serem invasivas.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=25733&op=all (adaptado)

sábado, 30 de janeiro de 2010

Nanotecnologia na recolha de provas

Frequentemente, ouve-se falar acerca de nanotecnologia e dos seus avanços. Hoje, graças a esses mesmos avanços, a recolha de impressões digitais, na produção de provas, está não só facilitada como melhorada.
O método mais tradicional assenta no facto de em meio ácido, as partículas de ouro se ligarem aos iões de carga positiva na impressão digital. Esta será revelada através de uma solução de iões de prata, que origina os tão famosos contornos escuros da impressão digital.
Esta técnica padece do problema da instabilidade da solução de ouro, pelo que seria de todo o interesse o aparecimento de um processo que ajudasse a ultrapassar esta situação. Tal, parece ter acontecido com o desenvolvimento de um novo método em que às nanopartículas de ouro são adicionadas cadeias hidrocarbonadas (constituídas por átomos de carbono e hidrogénio, associados por ligações covalentes) que serão suspensas em éter de petróleo. Através deste processo obtêm-se impressões digitais de elevada qualidade cuja revelação não ultrapassa três minutos.
Esta técnica foi adaptada a superfícies não porosas, na qual se recorre a uma suspensão de cádmio selenide/sulfureto de zinco em éter de petróleo e em que a impressão digital se torna fluorescente, dispensando os trabalhos de revelação.


Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=21020&op=all (adaptado)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O cabelo e os registos da vida

Hoje, um mero fio de cabelo, consoante o seu comprimento e o período em que caiu, poderá levar à identificação de uma vítima de homicídio ou mesmo à confirmação de álibis.
Esta constatação deriva de um estudo, que teve como base amostras de água da torneira e cabelos recolhidos de cabeleireiros, o qual revelou que 85% das variações de isótopos de hidrogénio e oxigénio nos cabelos de uma pessoa se devem a diferentes composições da água potável.
Por este motivo, foi elaborado um mapa que expressa a razão existente entre a quantidade de átomos de hidrogénio e de oxigénio e os respectivos isótopos presentes no cabelo que permite identificar uma determinada zona geográfica. Este conhecimento já possibilitou estabelecer os percursos efectuados por uma mulher que foi assassinada nos Estados Unidos da América há já alguns anos.
Para além dos óbvios contributos que esta técnica terá no campo das Ciências Forenses, também os médicos poderão determinar sintomas associados ao agravamento de doenças alimentares. Antropólogos e arqueólogos poderão, igualmente, utilizar este conhecimento para a reconstituição das migrações das populações ou animais extintos.