quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Telescópio ALMA revela nascimento de planetas

Texto de Virgílio Azevedo publicado pelo jornal Expresso em 06/11/2014
 
Uma nova imagem do supertelescópio internacional localizado no Chile, revela com um detalhe nunca antes conseguido um disco de formação de planetas em volta de uma estrela.
Esta é a imagem mais nítida de sempre de um disco de formação de planetas em torno de uma estrela, a HL Tauri, que fica a 450 anos-luz da Terra. Foi obtida pelo supertelescópio internacional ALMA, localizado no deserto de Atacama, no Chile. / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)
A imagem de um disco de formação planetária em torno de uma estrela jovem, com uma resolução nunca antes alcançada, acaba de ser revelada pelo telescópio ALMA, localizado no deserto de Atacama, no Chile.
 
"É um enorme passo em frente no estudo do desenvolvimento de discos protoplanetários e formação de planetas", afirma um comunicado do Observatório Europeu do Sul (ESO).
 
Os astrofísicos apontaram as 66 grandes antenas parabólicas do ALMA para a estrela jovem HL Tauri, situada a 450 anos-luz da Terra, na Via Láctea, que se encontra rodeada por um disco de poeira.
 
Exceder as expectativas
A imagem resultante excedeu todas as expectativas, já que revela um detalhe inesperado no disco de material que sobrou da formação da estrela, mostrando uma série de anéis brilhantes concêntricos separados por espaços.
"Estas estruturas são quase de certeza o resultado de jovens corpos do tipo planetário a formarem-se no disco. Este facto é algo surpreendente já que não se espera que tais estrelas jovens possuam na sua órbita corpos planetários suficientemente grandes, capazes de produzir as estruturas observadas na imagem", afirma Stuartt Corder, diretor adjunto do ALMA.

"Assim que vimos esta imagem ficámos estupefactos, sem palavras, com o nível de detalhe espectacular alcançado. A HL Tauri não tem mais do que um milhão de anos e, no entanto, parece que o seu disco está já repleto de planetas em formação. Só esta imagem já é suficiente para revolucionar as teorias de formação planetária", confessa por sua vez Catherine Vlahakis, da equipa de investigadores ligada ao supertelescópio.
 
Formação de planetas mais rápida do que se pensava
O disco da HL Tauri parece estar muito mais desenvolvido do que seria de esperar de um sistema com esta idade. Ou seja, a imagem ALMA sugere que o processo de formação planetária deve ser muito mais rápido do que o que os astrofísicos pensavam até agora.

 Estrelas jovens como a HL Tauri nascem em nuvens de gás e poeira fina, em regiões que colapsaram devido ao efeito da gravidade e formaram núcleos densos e quentes, que eventualmente incendiar-se-ão dando origem a jovens estrelas.
 
Estas estrelas estão inicialmente embebidas num casulo do gás e da poeira que restou da sua formação. É este material que dá origem ao chamado disco protoplanetário.
 
É devido às muitas colisões que sofrem, que as partículas de poeira vão-se juntando, crescendo em nodos do tamanho de grãos de areia e pedrinhas. Finalmente, asteróides, cometas e até planetas formar-se-ão no disco. Os jovens planetas quebram o disco, dando origem a anéis, espaços e buracos vazios, tais como os que se observaram agora nas estruturas vistas pelo ALMA.
 
Saber como se formou a Terra
A investigação destes discos protoplanetários é crucial para saber como é que a Terra se formou no Sistema Solar. Observar os primeiros estádios de formação planetária em torno da HL Tauri pode mostrar como é que o nosso próprio sistema planetário seria há mais de quatro mil milhões de anos atrás, aquando da sua formação.

 "A maior parte do que sabemos hoje acerca da formação planetária baseia-se na teoria. Imagens com este nível de detalhe têm sido, até agora, relegadas para simulações de computador e impressões artísticas. Esta imagem de alta resolução da HL Tauri mostra-nos até onde o ALMA pode chegar e dá início a uma nova era na exploração da formação de estrelas e planetas," sublinha Tim de Zeeuw, diretor-geral do ESO.
 
O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) é um supertelescópio internacional que resulta de uma parceria entre a Europa, a América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação com o Chile. É financiado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), Fundação Nacional para a Ciência dos EUA (NSF) em cooperação com o Conselho Nacional de Investigação do Canadá (NRC), e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão em cooperação com a Academia Sínica de Taiwan.
 
 

 

domingo, 2 de novembro de 2014

Novo teste deteta doenças raras


Pais&filhos
Novo teste deteta doenças raras      

No campo das doenças raras, uma das primeiras grandes dificuldades é diagnosticar a patologia exata, dado que muitos sinais e sintomas são comuns a várias situações. Mas este obstáculo pode estar prestes a ser ultrapassado, se um novo teste genético desenvolvido nos Estados Unidos passar a ser utilizado regularmente.
 
O exame denomina-se “sequenciação exomática” e não é mais que a comparação simultânea do código genético da pessoa suspeita de padecer de uma doença rara e dos seus pais. A análise, criada pela Universidade da Califórnia, é tão precisa que consegue detetar uma única mutação genética e, daí, proceder ao respetivo diagnóstico. No caso das crianças, esta precocidade é determinante para o acompanhamento clínico adequado, uma vez que quanto mais cedo as terapias começarem, melhores perspetivas de gestão da patologia e bem-estar existem.
 
A primeira criança a beneficiar do teste foi um bebé que, aos dez meses, apresentava graves problemas digestivos e de mobilidade. Após um conjunto de outras análises darem resultados inconclusivos, os pais foram desafiados a submeterem-se, e ao filho, à “sequenciação exomática”. O teste genético revelou uma mutação no 18.º cromossoma e o diagnóstico foi Síndrome de Pitt-Hopkins, uma doença raríssima que atinge apenas 250 crianças em todo o mundo.
 
A rapidez na deteção da doença permitiu à família iniciar um tratamento específico, de acordo com o artigo publicado na edição de outubro do “Journal of the American Medical Association”. O novo exame consegue rever os cerca de 20 mil genes de cada pessoa em minutos e centra-se no exoma, a parte do ADN responsável por 85% dos erros genéticos.
 
“O nosso estudo é o primeiro a demonstrar que sequenciar o genoma de uma criança ao mesmo tempo dos dois genomas dos pais aumenta dramaticamente as hipóteses dos geneticistas chegarem a um diagnóstico rigoroso das síndromes raras”, garantiu Stan Nelson, professor catedrático da Universidade da Califórnia. O mesmo investigador defende que a “sequenciação exomática” deveria ser vista como uma ferramenta de rotina, a utilizar quando outros testes são inconclusivos e a criança apresenta sinais de debilidades ou atrasos no desenvolvimento esperado.

Cientistas descobrem fruto que pode curar cancro

TSF

É um fruto que só existe na floresta do norte de Queensland, na Austrália, proveniente de uma árvore a que chamam "blushwood". O componente que revela eficácia contra o cancro estará nas sementes desse fruto.
A investigação está a ser feita pelos cientistas do Instituto Berghofer (QIMR Berghofer Medical Research Institute), que conseguiram curar tumores malígnos com uma injeção de EBC-46, um composto extraído a partir desse fruto.

Já foram feitos com sucesso vários testes com animais que comprovaram a eficácia científica do composto, conforme avança a revista científica PLOS One.

A nova droga foi descoberta pelo laboratório de biotecnologia EcoBiotics e, em breve, deve ser iniciada uma fase experimental com aplicação a humanos.

© The Australian
No entanto, de acordo com o The Guardian, mesmo que essas experiências em humanos venham a revelar sucesso, não é provável que esta droga possa substituir a quimioterapia.

Um ivestigador do Instituto Berghofer sublinha, contudo, que a EBC-46 «pode vir a ser eventualmente usada nalgumas pessoas nas quais, por alguma razão, a quimioterapia não resulte ou em doentes idosos que já não consigam suportar esse processo de tratamento.

ONU: Lixo eletrónico já atingiu os 500 milhões de toneladas

TSF
 
As Nações Unidas advertem para o impacto ecológico negativo de milhões de telemóveis, máquinas digitais, computadores, tablets e demais artigos eletrónicos que, anualmente, acabam no lixo comum.
De acordo com a ONU, se no ano 2000 foram produzidas cerca de dez milhões de toneladas de desperdícios eletrónicos, esse número ascende agora aos 500 milhões de toneladas de desperdícios, o equivalente a oito vezes o peso da pirâmide egípcia de Gizé.

Este número significa que cada habitante do planeta gera uma média de sete quilogramas de lixo tecnológico e os cálculos efetuados pelas Nações Unidas preveem que nos próximos três anos esses resíduos aumentem em um terço.

© Reuters/Kc Alfred
A produção de lixo 'per capita' varia segundo a riqueza e a consciência ambiental de cada país: entre os 63 quilogramas [de lixo] gerados por um habitante do Qatar, passando pelos quase 30 quilogramas de um norte-americano, 23 quilogramas de um alemão, 18 quilogramas de um espanhol, nove de um mexicano, sete de um brasileiro ou 620 gramas de um habitante do Mali.

A ONU adverte que a maioria dos parelhos eletrónicos, que têm uma vida cada vez mais curta, estão carregados de metais pesados e são muito prejudiciais para a saúde.

O gabinete das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), com sede em Viena, estima que em 2016 os países em desenvolvimento vão produzir mais lixo eletrónico do que os países industrializados.

Segundo estimativas da Agência Europeia do Meio Ambiente, pelo menos 25 mil toneladas de desperdício eletrónico saem por ano, e de forma ilegal, da União Europeia como bens em segunda mão, embora se trate de produtos inutilizados.