quinta-feira, 28 de junho de 2018

"Sementes das árvores da paz” de Hiroshima são lançadas à terra em Évora

28/06/2018
Madre Media/Lusa

Évora vai ser a primeira cidade de Portugal a receber sementes de árvores sobreviventes do bombardeamento atómico de Hiroshima, no Japão, as quais vão ser lançadas à terra na sexta-feira, feriado municipal, revelou hoje a câmara.


As sementes, vindas de Hiroshima, foram oferecidas por esta cidade japonesa como mensagem de paz e vão ser lançadas à terra nas cerimónias do Dia da Cidade de Évora, explicou o município alentejano.
Segundo a autarquia, as sementes são de árvores “cujos troncos” foram “carbonizados pelo bombardeamento” e dos quais “vieram a brotar, mais tarde, rebentos verdes e folhas”.
Desde então, “os cidadãos de Hiroshima tomaram-nas como símbolos da paz”, realçou a câmara, explicando que a oferta foi feita no âmbito da organização sem fins lucrativos Mayors for Peace, fundada por Hiroshima e Nagasaki, em 1982.
A organização, que integra hoje 7.578 cidades espalhadas por 163 países do mundo, tem como principal objetivo promover a solidariedade das cidades em prol da abolição total das armas nucleares.
“Évora, que aderiu a esta organização em 2007, é a primeira cidade de Portugal a ser distinguida” com “as sementes das árvores da paz”, congratulou-se o município.


Com esta iniciativa, a Câmara de Évora pretende “homenagear as vítimas de Hiroshima, a cidade japonesa que sofreu as dramáticas consequências do lançamento da primeira bomba atómica pelos Estados Unidos da América, durante a 2.ª Guerra Mundial”.
Além deste momento, nas comemorações do Dia da Cidade, numa cerimónia no salão nobre dos Paços do Concelho, a partir das 10:00, o município vai também atribuir três medalhas de mérito.
O investigador Henrique Leonor Pina, revelou a autarquia, vai ser agraciado, a título póstumo, com a Medalha de Ouro da Cidade de Évora pelo seu trabalho de “valorização das potencialidades arqueológicas do concelho”.
O investigador, destacou a câmara, identificou e deu visibilidade “a vários monumentos megalíticos, entre eles o Cromeleque dos Almendres”, durante o levantamento da Carta Geológica de Portugal”.
Já a Medalha de Mérito Municipal – Classe Ouro vai ser atribuída ao Juventude Sport Clube, que este ano comemora o 100.º aniversário, pela “relevância do papel desempenhado ao longo da sua existência para a comunidade local”.
O antigo comandante dos Bombeiros Voluntários de Évora José Francisco Monteiro vai, igualmente, ser agraciado com a Medalha de Mérito Municipal – Classe Ouro, pelos “relevantes serviços prestados em prol da Humanidade, ao longo de 30 anos de carreira, sendo exemplo dessa abnegação o contributo decisivo na fundação das corporações de bombeiros de Portel e Viana do Alentejo”.
No Dia da Cidade, vai ainda ser lançado o n.º 2 da 3.ª série do boletim “A Cidade de Évora”.


Estas bibliotecas portuguesas têm morcegos e não faz mal

28/06/2018
Sapo viagens
Sabia que existem morcegos na biblioteca da Universidade de Coimbra e na do Palácio de Mafra? É verdade, mas não se assuste, há um propósito. Descubra porquê.

Imaginar morcegos a voar no interior de uma biblioteca remete-nos para um espaço antigo - com pó e teias de aranha - podendo mesmo ser um lugar assustador. A verdade é que tanto a biblioteca da Universidade de Coimbra como a do Palácio de Mafra são habitats de morcegos e quem as gere não se preocupa. Há um propósito. Para matar a curiosidade dos seus leitores, o site Travel and Leisure (T&L) procurou saber porquê. Fique a conhecer a reportagem.

Foi atrás das estantes da biblioteca Joanina, da universidade de Coimbra, que uma colónia de morcegos-anão fez a sua casa. Estes morcegos emergem ao anoitecer para comer traças, moscas e outras pragas, antes de saírem pelas janelas e atravessarem o topo da colina da universidade em busca de água. O serviço que prestam à biblioteca é indispensável, pois, de outro modo, muitas das obras que lá se encontram como Opera Omnia de Homero ou Antiguidades romanas de Dionísio de Halicarnasso já poderiam estar degradadas.

E é por isso que os morcegos são bem-vindos nesta e na biblioteca do Palácio Nacional de Mafra pois ajudam a conservar os livros e as estantes destas bibliotecas do século XVIII de uma forma ecológica, sem ser necessário recorrer a químicos.


Não se sabe ao certo a altura em que os morcegos se instalaram na biblioteca de Joanina, se há 300 anos, época em que a biblioteca foi construída, ou se mais recentemente. De acordo com os bibliotecários, consultados pelo T&L, existem morcegos na biblioteca pelo menos desde o século XIX. Hoje em dia, os bibliotecários continuam a utilizar pele importada da Rússia Imperial para cobrir as mesas do século XVIII de forma a protegê-las dos detritos deixados pelos residentes voadores da biblioteca.
O anoitecer é a melhor altura para ver os morcegos em ação. Para conseguir vê-los, o T&L sugere que aguarde nas escadas do lado de fora da densa porta de madeira. Outra opção é visitar a biblioteca num dia de chuva. De acordo com os bibliotecários, muitas vezes, consegue-se escutar, ao final da tarde de um dia chuvoso, morcegos a cantar.
Tal como no caso da biblioteca Joanina, não se sabe ao certo quando os morcegos começaram a instalar-se na biblioteca do Palácio de Mafra. De acordo com Hugo Rebelo, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, deverão habitar a biblioteca há séculos.
Ver morcegos na biblioteca de Mafra também poderá ser mais complicado do que na de Coimbra, pois esta encerra antes do anoitecer, altura em que os morcegos deslocam-se das estantes para os jardins do palácio. Talvez seja por isso e para lembrar que eles existem, existe, na biblioteca, uma pequena vitrine com os restos mortais de três morcegos.
Com ou sem morcegos, vale a pena visitar a biblioteca de Mafra devido à sua magnificência. Há cerca de 36 mil livros nas prateleiras desta biblioteca da era iluminista em estilo rococó. Não é a toa que a biblioteca de Mafra é considerada uma das mais importantes da Europa.