quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Brasil liberta milhares de mosquitos mutantes para evitar propagação da dengue

Artigo de Alexandre Costa publicado pelo jornal Expresso em 25/09/2014.
Todas as semanas, e durante quatro meses, vão ser libertados dez mil mosquitos Aedes aegypti contaminados com uma bactéria que impede a transmissão da doença. Brasil é o país com mais casos. Experiência começou no Rio de Janeiro.
 
Cientistas brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançaram quarta-feira os primeiros mosquitos Aedes aegypti contaminados com Wolbachia (bactéria que impede a transmissão da febre de dengue), numa experiência que esperam que venha a travar a transmissão da doença aos humanos.
 
A bactéria Wolbachia, que se encontra em 60% dos insetos, atua como uma vacina nos Aedes aegypti, impedindo que o vírus da dengue se multiplique nos seus corpos.
 
A bactéria mantém-se depois nas futuras gerações dos mosquitos. Quando um macho portador da bactéria fertiliza os óvulos de uma fêmea não portadora, os óvulos não se transformarão em larvas. Quando ambos já são portadores, a bactéria é transmitida às futuras gerações.
 
Os primeiros destes mosquitos foram libertados na comunidade de Tubicanga, na Ilha do Governador, na zona norte da área metropolitana do Rio de Janeiro, escolhida para o arranque da experiência, dadas as condições favoráveis à proliferação dos Aedes aegypti.
 
Cerca de 10 mil mosquitos serão lançados semanalmente ao longo dos próximos quatro meses em alguns locais da região metropolitana, esperando-se que após esse período a totalidade da população destes insetos se mantenha contaminada com a bactéria Wolbachia.
 
As experiências com este tipo de abordagem para o combate à dengue começaram a ser desenvolvidas na Austrália em 2009, tendo entretanto também já sido levadas a cabo na Indonésia e Vietname.
 
O Brasil é o país com mais casos de dengue, com 3,2 milhões de pessoas infetadas e 800 mortes ocorridas entre 2009 e 2014.
 
A doença esteve quase ausente no Brasil durante mais de duas décadas, até ter reaparecido em 1981. Desde então foram registados 7 milhões de casos.
 
Entre janeiro e agosto deste ano houve 511 mil pessoas infetadas no país. Na região do Rio de Janeiro foram registados mais de dois mil.
 
Espera-se que após a avaliação da eficácia destas primeiras experiências que começaram a ser levadas a cabo na região, esta estratégia de combate à dengue seja alargada a outros pontos do Brasil, mas ainda não há uma data definida nesse sentido.


 

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Novas evidências reforçam que Lua teve origem na colisão da Terra

Artigo publicado por Diário Digital em 06/06/2014.
Cientistas alemães anunciaram que as amostras lunares recolhidas nas décadas de 1960 e 1970 mostram novas evidências de que a Lua formou-se quando a jovem Terra colidiu com outro corpo celeste.
 

 
Os investigadores chamam de «A Hipótese do enorme Impacto» o suposto ocorrido, segundo o qual a Lua foi criada quando a Terra bateu com um corpo chamado Theia há 4,5 mil milhões de anos.
 
A maioria dos especialistas apoia esta hipótese, mas eles dizem que a única forma de confirmar que tal impacto ocorreu é estudando as proporções de isótopos de oxigénio, titânio, silício e outros componentes nos dois corpos celestes.
 
Até agora, os cientistas que estudavam as amostras lunares que chegaram da Terra em meteoritos descobriram que a Terra e a Lua têm uma composição muito similar.
 
Mas agora, ao estudar as amostras recolhidas da superfície lunar pela equipa da Nasa das missões Apolo 11, 12 e 16 e compará-las com técnicas científicas mais avançadas, os cientistas descobriram algo novo.
 
«Puderam detectar uma leve, mas claramente maior, composição do isótopo de oxigénio nas amostras lunares», destaca o estudo publicado na revista especializada Science. «Esta mínima diferença apoia a hipótese do enorme impacto na formação da Lua.»
 
Segundo modelos que recriaram esta colisão num nível teórico, a Lua era formada por elementos de Theia em 70% a 90%, e elementos terrestres em 10% a 30%.
 
Mas agora os investigadores reveram para cima o papel do nosso planeta na composição do seu satélite: a Lua pode ser uma mistura 50/50 de restos da Terra e de Theia. No entanto, faltam mais estudos para confirmar esta versão.
 
«Agora podemos estar razoavelmente seguros de que a enorme colisão ocorreu», disse o autor principal do estudo, Daniel Herwartz, da Universidade Georg-August de Gottingen, na Alemanha.

Estudos sugerem que nascimento da Lua foi violento

Artigo publicado por Diário Digital e 23/09/2014.

Enquanto a Lua dá a volta à Terra, a cada 28 dias, e mostra progressivamente mais e depois menos da sua face, a distância entre a Lua e a Terra também muda.

 
No perigeu, o ponto da sua órbita em que está mais próxima da Terra, a Lua pode estar 42 mil quilómetros mais perto de nós do que no ponto mais distante.
 
E se esta chega ao perigeu ao mesmo tempo em que está na diagonal em relação ao Sol, temos a chamada superlua, uma lua cheia que pode parecer que está tão perto que a poderíamos abraçar – até 12% maior e 30% mais iluminada do que a lua cheia média.
 
A atenção dada à superlua pelos astrónomos é excessiva. Observam que o termo «superlua» nasceu com a astrologia, não a astronomia; que as luas cheias de perigeu não são tão raras assim, tanto que acontecem em média a cada 13 meses, e que o seu tamanho maior muitas vezes deve-se tanto a uma ilusão óptica ou outra quanto à relativa proximidade lunar.
 
Mesmo assim, concorda, que, seja pela razão que for, devemos sim olhar para a nossa Lua com frequência e cedo apreciar as muitas características que a diferenciam das mais de 100 outras luas do sistema solar. E que deveríamos até observar o nosso satélite como um planeta.
 
«Eu sei que isso contraria a nomenclatura actual», afirmou David A. Paige, professor de ciência planetária na Universidade da Califórnia em Los Angeles, aludindo à definição de um planeta como sendo o objecto gravitacional dominante na sua órbita. «Mas, de onde eu venho, qualquer coisa que seja grande o suficiente para ser redonda é um planeta.»
 
Contrariamente à maioria das luas, a nossa tem a capacidade e força de coalescer numa esfera. Cientistas dizem que, embora o público possa não pensar na Lua com frequência, os estudos lunares estão a render muitas conclusões e surpresas interessantes.
 
Um grupo de investigadores relatou evidências novas de que a Lua terá tido uma origem violenta quando a Terra colidiu com um planeta que não sobreviveu. Outra equipa propôs que as origens cataclísmicas da Lua podem explicar os seus traços misteriosos que conhecemos como o «homem da Lua» ou o «rosto da Lua».