quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Dia Mundial de Luta Contra a SIDA

29/11/2018

Dia Mundial de Luta Contra a SIDA



1 de dezembro de 2018

No próximo sábado, 1 de dezembro, assinala-se mais um Dia Mundial de Luta Contra a SIDA.

Longe vão aqueles anos da década de oitenta do século passado em que esta síndrome surgiu em força acompanhada por uma profunda marca estigmatizante de todos conhecida, lançada por forças obscuras que, na sua sanha persecutória pretenderam ver nesta infeção uma culpa/castigo que viria por cobro, no seu entender, ao que classificavam como escabrosos comportamentos.

Cedo, porém, se verificou que o vírus, o tristemente conhecido Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) que ataca o sistema imunitário não discrimina, não ataca grupos específicos.

 O problema da infeção foca-se não naquilo que se é, mas nos comportamentos que facilitam a infeção e a transmissão do vírus.

O tema que dá corpo às comemorações deste ano “Conhece o teu estado” vem ao encontro de um persistente problema na luta contra o vírus que se prende com deteção tardia da infeção por VIH, na medida em que mais de metade dos casos são diagnosticados tardiamente.

Não sendo uma característica exclusivamente portuguesa, é infelizmente um modo de ser e estar muito nosso, a ideia de que as coisas menos boas só afetam os outros, guardando para amanhã o que deveria ter sido feito ontem. O diagnóstico tardio da infeção tem contribuído para a manutenção das cadeias de transmissão, segundo alerta a Direção Geral de Saúde e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Relativamente ao perfil dos novos infetados, tem-se constatado que nos anos mais recentes a grande maioria são homens e heterossexuais situando-se na faixa etária dos 20 aos 30 anos, verificando-se também, elevados valores de infeção em indivíduos com 50 ou mais anos.

A promoção dos testes de VIH para despiste da infeção é a chave para a resolução do problema da deteção tardia da infeção.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Dia Mundial do Não Fumador 2018

15 de novembro de 2018


Dia Mundial do Não Fumador 2018
Dia 17 de novembro
Não nascemos para ser escravos…
Porque o amanhã começa hoje, qualquer momento é o momento certo para parar, refletir e debater sobre a questão do tabagismo e a dependência física e psicológica que o caracteriza.

Para adolescentes ávidos de novas descobertas e sensações, desejosos de integrar grupos de pertença e com eles se identificar na definição e partilha de valores e comportamentos, coloca-se o dilema de decidir se enveredam ou não pelos domínios do tabagismo.

Para aqueles que em certo momento se deixaram enredar pelo canto da sereia, optando pela “opressão do tabagismo”, cabe-lhes a decisão de continuar a deixar-se ir com a corrente ou trilhar o caminho das pedras, encarar o problema porque de um problema grave se trata, que mexe com a sua saúde e dos que lhe são próximos. É bom que estejamos todos cientes que o tabagismo não é apenas um problema de saúde individual mas também familiar e comunitária.

Numa sociedade que se quer formada por homens e mulheres livres, convictos que o livre arbítrio é uma marca, um selo identitário do ser-se humanidade, é fundamental interiorizar o princípio de que a liberdade de cada um começa onde acaba a liberdade do outro. É este princípio fundador e estruturante de uma sociedade aberta, diversa, aceitadora e integradora da diferença, que nos impedirá de formular juízos de valor precipitados, quase sempre parciais, relativamente a comportamentos, como aqueles em que o tabagismo se enquadra.

A luta contra o tabagismo tem que ser travada de um modo inteligente ou não tivéssemos pela frente um inimigo responsável pela morte de mais 100 milhões de pessoas em todo o mundo no século passado. É já consensual que o tabagismo, ou hábito de fumar, é a principal causa evitável de doença, incapacidade e morte nos países desenvolvidos.

Não se mudam comportamentos por decreto e proibições sem nexo. O combate ao tabagismo baseado em campanhas de sensibilização relativamente aos malefícios decorrentes do consumo de produtos tabágicos, na criação de dificuldades à sua aquisição pelos mais jovens e a interdição do seu consumo no interior das instituições públicas e noutros espaços onde a liberdade de fumar colida com a liberdade de não estar exposto ao fumo, tem feito caminho nas últimas décadas.

 Em Portugal, cuja prevalência do consumo de tabaco foi de 20% das pessoas com mais de 15 anos no ano de 2014, tem-se assistido a uma certa estabilização dos hábitos tabágicos e mesmo diminuição dos números relativamente aos homens que, no entanto, não se constata nas mulheres, grupo em que a tendência é para o aumento do consumo.

Desiluda-se quem pensar que o combate ao tabagismo é uma guerra temporária com vitórias retumbantes, e que o empenhamento e a boa vontade de uns tantos ou mesmo de muitos, assegurarão o êxito desta empreitada. Tal como na parábola do filho pródigo que à casa paterna torna, as alegrias deste combate avaliam-se por cada homem e cada mulher que, por si próprios, numa luta renhida, sofrida, perdida e retomada, por vezes, também com a ajuda preciosa da comunidade, tenha conseguido desembaraçar-se da intrincada teia de dependências físicas e psicológicas criadas pelo tabagismo.

Equipa EPS do AEJD e GR 520

Diabetes – Um inimigo silencioso

14 de novembro de 2018

Dia Mundial da Diabetes

Tema do Dia Mundial da Diabetes em 2018

“Diabetes e Família – seja saudável”


Vivemos num tempo de coexistência de uma gritante e inqualificável ausência de condições materiais consideradas essenciais à dignidade humana e de um lauto banquete degradante e ignorante de excessos, cujos efeitos nefastos na saúde e qualidade de vida das populações não param de crescer.

Vem este desabafo a propósito de mais um Dia Mundial da Diabetes, assinalado no dia 14 de novembro, desde 2007, altura em que a ONU reconhecendo o perigo que esta doença constituía para o mundo e, em particular, para as famílias, passou a considerá-lo um dia das Nações Unidas. De facto, a diabetes, essa pandemia cuja elevada prevalência e crescente incidência em todo o mundo, está a tornar-se uma séria ameaça para as famílias, ao ponto de estimar-se que, em pouco mais de vinte anos, o número de doentes afetados por esta, que é a mais comum das doenças não transmissíveis, atinja mais de 640 milhões de pessoas.

A diabetes espelha bem os tempos modernos que presenciaram, em curtas décadas, a substituição de padrões alimentares que o decorrer dos séculos havia melhorado, refinado e preservado. O abandono de dietas alimentares, como a chamada dieta mediterrânica, mais consentâneas com as reais necessidades do nosso organismo e a sua associação a um sedentarismo reforçado em completa negação do que seria de esperar de um mundo cuja evolução tem atingido nos dois últimos séculos uma velocidade de cruzeiro, constituíram-se num problema cuja gravidade tem crescido sem cessar.

O consumo excessivo de alimentos processados - ricos em glícidos, gorduras e sal - e uma prática muito limitada de qualquer atividade física tem levado a que os portugueses, europeus que menos desporto fazem, apresentem das mais elevadas taxas de prevalência da diabetes, havendo mais de um milhão de indivíduos, segundo o Observatório Nacional da Diabetes.

A vida sedentária e os hábitos alimentares incorretos, considerados como “culturas de risco”, estão a colocar em causa a saúde e a qualidade de vida de uma população, também cada vez mais envelhecida, como atestam o desenvolvimento da obesidade, da hipertensão, das doenças cardiovasculares e da diabetes.

Assinalar o Dia Mundial da Diabetes, cujo símbolo é um círculo azul que representa a cor do céu ligando todos os povos da Terra, sendo também a cor da bandeira da ONU, é um ato de cidadania e de responsabilidade por parte dos homens e das mulheres marcando um compromisso de luta contra um inimigo, em muitos casos não diagnosticado, que continua a fazer o seu caminho de destruição lenta, constante e inexorável do bem-estar já não apenas dos indivíduos mais velhos mas também de jovens adultos e mesmo de adolescentes.

Neste Dia Mundial da Diabetes não é de mais relembrar a necessidade de prosseguir um estilo de vida saudável, que inclua atividade física regular, alimentação variada completa e equilibrada não esquecendo o controlo do peso corporal. Não será também de descurar o controlo de outros fatores de risco associados às doenças cardiovasculares, como o tabagismo, a hipertensão e a hipercolesterolemia, “ciosos companheiros de viagem” da diabetes. 

Se gosta de si e dos seus familiares, evite sobrecarregá-los com uma doença não transmissível e, na generalidade dos casos, passível de evitar.



Equipa EPS do AEJD e GR 520

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Cientistas descobrem nas células humanas arma mortífera contra cancro

Nuno Noronha
29 outubro 2018
 Cientistas descobriram nas células humanas uma 'arma mortífera' que pode causar o seu “suicídio” quando se tornam cancerígenas, o que poderá ser promissor no tratamento do cancro em alternativa à quimioterapia, que provoca efeitos indesejados, foi hoje divulgado. 

Os resultados da descoberta, feita por investigadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, foram hoje publicados na revista científica Nature Communications.
Nas células, a 'arma' está incrustada nos ARN, moléculas que codificam as proteínas, e nos microARN, pequenos ARN não codificantes.

"Agora que conhecemos o 'código da morte', podemos desencadear o mecanismo sem usar a quimioterapia e sem mexer no genoma [toda a informação genética]. Podemos utilizar estes pequenos ARN diretamente, introduzi-los nas células [cancerígenas] e acionar o interruptor para as matar", afirmou o autor principal do estudo, Marcus E. Peter, citado em comunicado pela Universidade Northwestern, assinalando que a quimioterapia tem vários efeitos secundários, como gerar novos cancros, uma vez que ataca e altera o genoma.

Muito mais poder

O investigador acredita que poderão ser desenhados microARN artificiais "muito mais poderosos" para matar células cancerígenas do que os microARN "desenvolvidos pela própria natureza", mas usando o "mecanismo que a natureza desenvolveu".

Num estudo anterior, publicado em 2017, a equipa de Marcus E. Peter descreve que os tumores malignos morrem na presença de pequenas moléculas de ARN e que as células cancerígenas tratadas com essas moléculas de ARN nunca se tornam resistentes porque as moléculas eliminam ao mesmo tempo vários genes que este tipo de células necessita para sobreviver.

Na altura, os cientistas desconheciam qual o mecanismo que provocava a autodestruição dos tumores. Apenas sabiam que o que fazia com que os microARN se tornassem tóxicos para as células cancerígenas era o facto de terem uma sequência de seis nucleótidos (moléculas orgânicas que são os blocos construtores de ARN e ADN).

As moléculas orgânicas em causa são a guanina, a citosina, a adenina ou a timina (constituintes do ADN, que contém instruções genéticas) e o uracilo (ARN). Numa nova investigação, Marcus E. Peter testou 4.096 combinações de bases de nucleótidos na sequência de seis moléculas identificadas nos microARN tóxicos e descobriu que a combinação mais mortífera é rica em guanina.

Posteriormente, o investigador verificou que os microARN expressos no organismo para combater o cancro usam a mesma sequência para matar células cancerígenas.
Além disso, o seu grupo de trabalho constatou que as próprias células 'cortam' em pequenos pedaços um gene envolvido no seu crescimento anómalo. Estes 'pedaços', sustentam os cientistas, atuam como se fossem microARN e são muito tóxicos para o cancro.






sexta-feira, 26 de outubro de 2018

"Arqueoptérix albersdoerferi". Descoberta nova espécie da ave mais antiga da Terra

MadreMedia/Lusa
26 out 2018
 Uma nova espécie da famosa primeira ave da terra, o arqueoptérix, que fez a transição entre répteis e aves, foi descoberta na Alemanha, segundo um estudo hoje publicado na revista “Historical Biology”.


Depois de mais se sete anos de investigação foi estabelecida a existência da nova espécie, batizada "Arqueoptérix albersdoerferi".

Ao contrário de estudos anteriores, o arqueoptérix é agora mostrado de forma conclusiva como um antecedente primitivo das aves e um intermediário evolutivo entre dinossauros e aves, possuindo dentes e dedos com garras.

O estudo divulgado hoje recorreu a análises usando novas técnicas para dissecar virtualmente o fóssil e identificar adaptações esqueléticas que teriam levado o arqueoptérix a voar.

“É uma das espécies mais importantes do arqueoptérix porque é cerca de 400 mil anos mais jovem do que qualquer outro encontrado agora”, disse o principal autor do estudo, Martin Kundrat, da universidade Pavol Jozef Safarik, na Eslováquia.

O responsável acrescentou que foi a primeira vez que muitos ossos e dentes de arqueoptérix “foram vistos sob todos os aspetos, incluindo a sua estrutura interna”, e salientou o uso da chamada “microtomografia sincrotron”, uma técnica que é usada há poucos anos para revelar aspetos de fósseis que não seriam visíveis de outra forma.

Os especialistas fizeram a análise geoquímica da rocha que envolve os ossos para encontrar a idade da ave e dizem que a nova espécie partilha mais características com as modernas aves do que com os seus antepassados dinossauros.

As características sugerem que o "Arqueoptérix albersdoerferi" teria possuído maior capacidade de voo do que as espécies mais antigas, nomeadamente por ter ossos finos cheios de ar e maior área de fixação dos músculos de voo.

Os fósseis de 150 milhões de anos do arqueoptérix são conhecidos desde 1861, com 12 espécies recuperadas até hoje. O fóssil do presente estudo é um dos mais misteriosos. Foi descoberto numa pedreira no sul da Alemanha em 1990 mas foi mantido em propriedade privada até 2009.

Novo tratamento pode acabar com as 'picadas' dos diabéticos

VISÃO
26.10.2018

Destruir a membrana mucosa do intestino delgado e fazer com que nasça outra estabiliza os níveis de açúcar dos pacientes com diabetes tipo 2, segundo um novo estudo

 

Um procedimento médico de apenas uma hora deu resultados “espetaculares” para os doentes de diabetes tipo 2.

Investigadores holandeses apresentaram esta semana, em Viena (Áustria), os resultados de um estudo feito com 50 pessoas que todos os dias tinham de injetar insulina para equilibrar os níveis de glicémia no sangue.

Nesse procedimento foi introduzido, pela boca, um tubo com um pequeno balão de água quente na ponta. Quando o tudo chega ao intestino delgado a água é libertada e queima a membrana mucosa. Passadas duas semanas nasceu uma nova membrana mucosa no intestino e a saúde destes pacientes melhorou. Em 90% dos casos, e passado um ano, não tiveram de se injetar com insulina.

“Devido a este tratamento, o uso de insulina pode ser adiado ou mesmo evitado. Isso é promissor”, referiu Jacques Bergman, professor de gastroenterologia que acompanhou o estudo.

Os cientistas acreditam que existe uma ligação entre a possível absorção de nutrientes pelo intestino e o desenvolvimento de resistência à insulina em pessoas com diabetes tipo 2.

“Houve uma melhoria espetacular nos níveis de açúcar no sangue logo um dia após a operação, antes mesmo de perderem um quilo”, realçou o investigador.

A questão agora é saber se este tratamento é permanente ou tem de ser repetido.

Além de não terem de tomar insulina todos os dias, estes pacientes, segundo os estudo, podem ainda beneficiar de um menor risco de desenvolverem doenças cardiovasculares, insuficiência renal e dormência nos pés e mãos.

Estão a ser selecionados outros 100 doentes de diabetes tipo 2, com idades entre os 28 e os 75 anos, para continuar a investigação.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Combater a Diabetes é um dos grandes desafios desta década

 Dicasdefarmaceutica, em 23.10.18

A Diabetes é uma doença que afeta cerca de 13,3% da população portuguesa, com idade compreendida entre os 20 e os 79 anos. Trata-de uma “epidemia” a nível global, pois, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o número de adultos com Diabetes quadruplicou em quatro anos, chegando a 422 milhões de casos. Em Portugal e no mundo, combater a Diabetes é um dos grande desafios desta década.


Quando falamos de Diabetes, referimo-nos a dois tipos:
- Diabetes Tipo 1
Neste caso, o pâncreas não produz insulina. Todas as pessoas podem desenvolver este tipo de diabetes, mas ela ocorre geralmente em crianças e adultos abaixo dos 30 anos de idade. Normalmente são pessoas magras e o tratamento passa sempre por administração de insulina.
- Diabetes Tipo 2
Neste caso, a insulina produzida pelo pâncreas não é suficiente ou não age de forma adequada para diminuir o nível de açúcar no sangue. É o tipo de diabetes mais comum, aparecendo com mais frequência nos adultos (acima dos 40 anos) e em pessoas que têm familiares com diabetes tipo 2. Está muito relacionado com a obesidade, aparecendo cada vez mais em gente mais jovem. O tratamento envolve o consumo de diferentes classes de medicamentos e a mudança do estilo de vida.

Ser diabético não é tarefa fácil, mas ser médico de diabéticos também é uma difícil missão. A diabetes não dói, e por esse motivo, até chegarem os primeiros sintomas (geralmente relacionados com as complicações da doença), não é fácil convencer os doentes a fazer o tratamento e, sobretudo, a mudar o estilo de vida. Nesta doença em particular, o doente tem que ser um parceiro na decisão do tratamento a seguir e as diferentes decisões devem ser sempre partilhadas.

O diabético, quando lhe é diagnosticada a doença, acha sempre que é o “fim do mundo” e que está condenado até ao fim da vida a uma dieta monótona e sem sabor. Tal não corresponde à verdade, pois o segredo está em saber escolher, preparar, cozinhar e combinar os vários alimentos, de forma a ter uma alimentação equilibrada. A vida sedentária também é inimiga da diabetes e a prática de exercício físico é fundamental.

Sabe-se que há uma relação estreita entre o consumo de açúcar e a Diabetes tipo 2 e os docinhos devem ser eliminados ou reduzidos na dieta. Segundo as recomendações, nas pessoas saudáveis, o consumo de açúcar por dia, não deve ultrapassar as 6 colheres de chá. Se pensarmos que um refrigerante pode equivaler a 10 colheres de chá de açúcar, podemos imaginar os exageros praticados neste campo...

Outra tarefa que os diabéticos não gostam nada é das várias picadas diárias nos dedos para saberem os seus valores de glicémia. Esta parte está já a ser resolvida e os novos sensores (FreeStyle Libre) já permitem que muitos diabéticos (sobretudo os tipo 1) saibam os seus valores sem recorrer às picadas. Medir os níveis de glicose sem picar os dedos todos os dias, sem tiras de teste e sem sangue é o sonho de qualquer pessoa portadora desta doença. Este sonho já é uma realidade.

Quando falamos da Diabetes, temos que falar de Pré-Diabetes e de prevenção. Afinal, o que é a pré-diabetes? Não é propriamente um diagnóstico de uma doença, mas é um alerta para o risco de vir a contrair diabetes tipo 2 nos próximos anos. E quando falamos de anos, podem ser dois, cinco ou até dez anos.

Uma pessoa é considerada de alto risco para progressão à diabetes (pré-diabético) quando apresenta alterações no metabolismo da glicose, isto é, níveis elevados de glicose de jejum ou hemoglobina glicosilada (HbA1c), além de tolerância diminuída à glicose. Segundo a ADA (American Diabetes Association), valores de glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL, glicemia medida 2 horas após a ingestão de 75 gramas de glicose anidra entre 140 e 199 mg/dL e hemoglobina glicosilada entre 5,7 e 6,4%, aumentam significativamente o risco de progressão para diabetes, principalmente em pessoas obesas, sedentárias e com história familiar positiva.

A carga genética e a idade não são fatores modificáveis, por isso, contra esses, nada podemos fazer. Mas mudar o estilo de vida está ao alcance de todos: exercício físico e alimentação equilibrada são fulcrais para prevenir a diabetes e fazer com que os pré-diabéticos fiquem assim apelidados toda a sua vida.

Combater a Diabetes, sobretudo através de programas de Prevenção, é um dos grandes desafios dos próximos anos. Saiba os seus valores e opte por um estilo de vida saudável!




quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Prémio Nobel da Química 2018 para a evolução no “tubo de ensaio”

Andrea Cunha Freitas, 3 de outubro de 2018

Comité distinguiu trabalhos baseados em experiências que aproveitaram “o poder da evolução”.


O Prémio Nobel da Química de 2018 foi atribuído à norte-americana Frances H. Arnold e, a outra metade, ao norte-americano George P. Smith e ao britânico Gregory P. Winter, anunciou esta quarta-feira o comité do Nobel no Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia). O prémio tem um valor de nove milhões de coroas suecas (cerca de 871 mil euros). “Os laureados de Química deste ano assumiram o controlo da evolução e usaram os mesmos princípios – mudança genética e selecção – para desenvolver proteínas que resolvem os problemas químicos da humanidade.” 



Frances H. Arnold, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena (EUA), recebe o Nobel da Química pelo trabalho desenvolvido com a “evolução dirigida de enzimas”. A outra metade do prémio será dividida entre George P. Smith, da Universidade do Missouri, em Columbia (EUA), e por Sir Gregory P. Winter, do Laboratório de Biologia Molecular do MRC (Medical Research Council), em Cambridge (Reino Unido), pelo trabalho desenvolvido com péptidos (fragmentos de uma proteína) e anticorpos em fagos, minúsculos vírus que apenas infectam bactérias.

Os métodos que os premiados desenvolveram servem para promover uma indústria química mais verde, produzir novos materiais, fabricar biocombustíveis sustentáveis, tratar doenças e, assim, salvar vidas”, referiu o comité do Nobel.

O comunicado de imprensa do comité do Nobel tem o sugestivo título de “A (r)evolução na química” e começa por referir que o poder da evolução é revelado na diversidade da vida. Não é preciso ser prémio Nobel ou sequer cientista para constatar que estamos cercados de vida e que esta assume múltiplas formas em qualquer ambiente, do mais inóspito ao mais fértil. Desde as mais profundas brechas na Terra até ao cume das montanhas mais altas deparamos com vida. Isto acontece porque “a evolução” resolveu uma série de complexos problemas químicos. Exemplos: os peixes nadam nos oceanos polares porque possuem proteínas anticongelantes no seu sangue, os mexilhões conseguem agarrar-se às rochas porque desenvolveram uma cola molecular que funciona na água. O comunicado de imprensa continua esta viagem pela evolução e lembra que a química da vida está nos nossos genes e que uma pequena alteração que mude a equação pode tornar-nos mais fracos ou mais robustos.

“Este processo chegou tão longe que deu origem a três indivíduos tão complexos que conseguiram, eles próprios, dominar a evolução.” Foi através da evolução dirigida, a evolução num tubo de ensaio, que os três laureados revolucionaram a química e o desenvolvimento de novos fármacos, mais eficazes e com menos efeitos secundários, já que são feitos a partir de nós.

Do táxi até ao Nobel



Frances H. Arnold usou a evolução dirigida  parproduzir enzimas, “a mais aguçada ferramenta química da vida”. No início da sua carreira, a engenheira mecânica e aeroespacial investiu nas energias renováveis à procura de uma nova tecnologia. Primeiro trabalhou com energia solar, mas depois acabou por se virar para novas tecnologias de ADN. “Era evidente que era necessário no nosso dia-a-dia uma maneira inteiramente nova de fazer materiais e químicos e que a podíamos alcançar se conseguíssemos reescrever o código da vida”, refere a cientista, citada no comunicado de imprensa.

O plano era usar enzimas, conceber novas enzimas. Uma abordagem arrogante? Sim, a própria cientista admite-o. Era demasiado difícil replicar estas complexas estruturas formadas por milhares de aminoácidos em infinitas combinações possíveis. Restava inspirar-se na natureza e imitar o seu método: a evolução. E assim começou a “brincadeira”. Passo após passo, aperfeiçoou a técnica, substituindo apenas o princípio da evolução apoiado na sobrevivência do mais apto por uma “selecção” neste novo campo da “evolução dirigida”.

Actualmente, as enzimas produzidas no laboratório de Frances Arnold são capazes de catalisar reacções químicas que nem sequer existem na natureza, formando materiais inteiramente novos. Uma das principais aplicações destas enzimas está no desenvolvimento de novos fármacos, mais eficazes e com menos efeitos secundários. Coincidência ou talvez não, a cientista voltou a trabalhar na área das energias renováveis e desenvolveu enzimas que transformam açúcares simples numa substância que pode ser usada para a produção de biocombustíveis usados em carros ou aviões ou de plástico menos prejudicial ao ambiente.

Dos três laureados, apenas se soube esta quarta-feira alguns detalhes da vida pessoal de Frances H. Arnold. Além de ficarmos a saber que é uma sobrevivente de cancro e que é filha do físico nuclear William Howard Arnold e tem três filhos, também foi divulgado que a cientista enquanto jovem trabalhou como empregada num clube de jazz e foi motorista de táxi.

Tirar partido dos fagos

A outra metade do prémio Nobel da Química coloca os fagos debaixo dos holofotes. Neste caso, George P. Smith e Gregory P. Winter usaram um método chamado “phage  display” (apresentação em fagos) para desenvolver novas proteínas. O resultado é a possibilidade de conceber produtos capazes de neutralizar toxinas, combater doenças auto-imunes e, em alguns casos, tratar cancros metastáticos.

Mas vamos por partes. Quando, nos anos 80, George Smith entrou no mundo dos fagos, o objectivo era usá-los para clonar genes. No entanto, nessa altura a tecnologia e o conhecimento na área da genética era muito diferente do que temos hoje. Muitos dos genes que produzem certas proteínas não estavam sequer identificados. Assim, o cientista decidiu usar os fagos para procurar os genes, uma espécie de cana de pesca que com o isco certo conseguia capturar uma “agulha num palheiro”.

Como isco usaram anticorpos. Tal como explica o comunicado de imprensa, os anticorpos possuem essa fantástica capacidade de funcionarem como mísseis direccionados, conseguindo identificar e unir-se a uma única proteína entre milhares com uma precisão incrível. Se os investigadores conseguissem apanhar alguma coisa numa sopa de fagos usando um anticorpo que se associasse a uma conhecida proteína, iam também conseguir chegar, por arrasto, até ao gene que comanda a produção dessa proteína. Em 1985, George Smith produziu um fago com um fragmento de uma proteína, um péptido, na sua superfície e, usando um anticorpo, conseguiu “pescá-lo” de uma sopa com muitos fagos. Estavam assim estabelecidas as bases da técnica de apresentação em fagos, ou phage display. “O método é brilhante na sua simplicidade”, refere o comité do Nobel, acrescentando que se apoia num forte pilar fazendo com que o fago funcione como uma ligação entre a proteína e o seu gene. Nos anos 90, vários grupos de investigação usaram esta técnica para desenvolver novas biomoléculas.

Uma das pessoas que usou a técnica phage display foi o terceiro laureado da edição deste ano do Prémio Nobel da Química, Gregory Winter. O cientista conseguiu usar esta técnica para a produção de anticorpos, concretizando o conceito de uma evolução dirigida, orientada. Aproveitando o modus operandi de fagos e anticorpos, produziu uma biblioteca de fagos com milhões de variedades de anticorpos na sua superfície. Nos anos 90 criou uma empresa farmacêutica baseada na produção de um anticorpo humano, o adalimumab, que foi aprovado em 2002 para o tratamento de artrite reumatóide e também é usado para tratar diferentes tipos de psoríase e doenças inflamatórias do intestino.

O “sucesso” deste primeiro anticorpo inteiramente humano produzido em laboratório empurrou a indústria farmacêutica que está a usar a técnica do phage display para produzir, por exemplo, anticorpos para o cancro. Outro anticorpo farmacêutico aprovado neutraliza a toxina que causa antrax, uma doença infecciosa aguda, e outro novo anticorpo abranda o lúpus, uma doença auto-imune. Em ensaios clínicos há muitos outros anticorpos criados com este método para vários fins, entre os quais combater a doença de Alzheimer.


Resumindo, confirma-se que houve uma (r)evolução na química e que ainda está em curso. E, apesar dos receios de quem antevê uma possibilidade de usarmos esta evolução dirigida pelos humanos para fabricar “coisas más”, para já, o que está a ser feito é “apenas” em benefício da humanidade.