domingo, 17 de novembro de 2019

Tabaco: Autoridades de saúde querem estudos independentes sobre novos cigarros

SAPO Lifestyle/Lusa
17/11/2019
A responsável pelo Programa Nacional Para o Controlo do Tabagismo defende que devem ser feitos estudos por entidades independentes sobre os novos produtos do tabaco e reforçada a fiscalização das campanhas da indústria, sobretudo junto dos jovens.

“Nós ainda não temos informação científica validada por entidades independentes que nos permita responder com rigor sobre se são mais ou menos nocivos [do que o tabaco]. Uma coisa é certa: são nocivos para a saúde, mas o grau de nocividade não é totalmente conhecido pois eles ainda estão no mercado há pouco tempo, sobretudo o tabaco aquecido”, disse Emília Nunes à Lusa.
Na data em que se assinala o Dia do Não Fumador, a responsável pelo Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (PNPCT) defende que o ideal é “o risco zero” e recorda: “Relativamente aos cigarros eletrónicos, estão agora a aparecer mortes, sobretudo quando são consumidos com determinados aromas ou misturas com derivados de canábis”.
“No fundo estamos a passar para um produto que também não sabemos se afinal de contas vai ou não vai mesmo diminuir o risco. Não está demonstrado e não sabemos a médio prazo os ganhos ou não”, afirmou.
Emília Nunes explica que a legislação “proíbe totalmente as campanhas feitas pela indústria” e diz que as autoridades precisam de maior capacidade da fiscalização.
“A fiscalização está a cargo de várias entidades, da Direção-Geral do Consumidor, da Alta Autoridade para a Comunicação Social, da Autoridade de Segurança das Atividades Económicas, portanto, precisaríamos também de ter mais capacidade de intervir nessa nossa dimensão”, afirmou.
O relatório de 2019 do PNPCT, a que a Lusa teve acesso, reconhece que os jovens têm menos noção do grau de dependência, pois julgam que é fácil deixar e isso torna-os mais vulneráveis a experimentar.
Os dados recolhidos no âmbito do estudo “Comportamentos aditivos aos 18 anos: inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional”, em 2018 - citados no relatório do PNPCT, indicam que 60,1% dos jovens de ambos os sexos disseram já ter consumido tabaco; 48,8% nos últimos 12 meses e 38,3% nos últimos 30 dias.
O relatório do PNPCT diz também que “continuar a fumar ao longo da vida adulta, compromete a saúde e longevidade”.
“Se não se conseguir impedir que os jovens comecem a fumar, as próximas gerações continuarão a suportar um pesado fardo, não só em termos de doença, incapacidade e mortalidade prematura, mas também em gastos em tratamentos e serviços de saúde”, sublinha o relatório.
O documento alerta também para a necessidade de uma comunidade científica “ativa e isenta de conflitos de interesses”, que investigue e produza “a base de comprovação e evidência necessárias à tomada de decisão política, legislativa e técnica, em favor da promoção da saúde pública”.
A propósito dos estudos que indicam que as campanhas da industria estão a direcionar-se cada vez mais para os jovens, o relatório sugere que se avance com o protocolo entre a Direção-Geral da Saúde e a Direção-Geral de Educação para a prevenção do tabagismo em meio escolar e reforçar a colaboração com o Instituto Português da Juventude e com as Sociedades Científicas e Organizações Não Governamentais (ONG) nesta área.
Questionada sobre se os novos produtos de tabaco poderiam ser uma boa estratégia para deixar de fumar, Emília Nunes responde: “Na verdade, até podem ter um efeito perverso que é diminuir a perceção de risco e muitas pessoas fumadoras que poderiam querer deixar de fumar passam para estes produtos na convicção de que é igual a deixar de fumar”.
“Isto é uma ideia que às vezes a indústria também transmitiu: que fumar aquele produto tem menos risco e, portanto, é equivalente a deixar de fumar, quando na verdade não há confirmação de que assim seja”, insistiu.
“Há aqui um ponto comum: todos eles, tendo nicotina, provocam dependência e, portanto, vão colocar os consumidores numa situação de perda de liberdade relativamente ao consumo”, acrescentou a responsável, sublinhando: “A ideia que queremos passar é que as pessoas devem mesmo deixar de fumar”.
Por outro lado, acrescentou, também importa que os próprios pais sensibilizem as crianças desde cedo para a perigosidade destes produtos, não dando o mau exemplo ao fumar junto deles”.


Deixe de fumar sem engordar. Os conselhos e as recomendações de duas especialistas

Lifestyle
Saúde
17/11/2019
Apesar da cessação tabágica estar associada ao aumento de peso, existem formas muito práticas de o evitar. Assuma o controlo da situação e deixe-se de desculpas... De uma vez por todas!

A nicotina é a única substância do cigarro que causa dependência física e, a nível psicológico, está muitas das vezes também associada às emoções subjacentes ao ato de fumar. Quando deixa de fumar, o indivíduo não só sente falta da ação da nicotina como, psicologicamente, fica carente de um conjunto de emoções associadas ao tabagismo. Na sequência disso, o organismo procura uma compensação com outros hábitos.
Hábitos esses que acabam por promover o aumento de peso. Estes não são, contudo, os únicos fatores que podem explicar o facto dos ex-fumadores terem tendência para engordar. Num programa de cessação tabágica, em média, um ex-fumador tende a engordar três a quatro quilos. Para este facto convergem diversas causas:
- Mecanismo de compensação
Célia Francisco, psicóloga e especialista em gestão de peso, habituada a lidar com estes casos, explica que «quando deixam de fumar, habitualmente, os indivíduos tendem a compensar a ausência do cigarro com a ingestão de comida para lidar com as suas emoções e para substituir uma fonte de prazer (que deixou de existir)», sublinha. Com o consumo exagerado de calorias, naturalmente, dá-se o aumento de peso.
- Alterações do metabolismo
«Quando se deixa de fumar, ocorre uma lentificação fisiológica do metabolismo. Se o indivíduo não compensar a mudança que ocorre com um plano alimentar equilibrado e controlado em termos calóricos e a prática de exercício físico, é normal que aumente de peso. No entanto, engordar não é uma condição obrigatória», afirma Célia Francisco. Esta característica depende do autocontrolo e das estratégias adotadas ao nível do estilo de vida.
- Aumento do apetite
A nicotina é também um inibidor do apetite e, quando se deixa de fumar, esse travão desaparece, ficando também os sentidos do paladar e do olfato mais apurados. «O apetite aumenta e a comida começa a saber melhor. A pessoa começa também a repetir o prato, algo que não fazia antes», salienta Susana Simões, pneumologista.
- Oscilações nos níveis de açúcar
Num fumador, os níveis de açúcar são mais elevados do que os de um não fumador, o que conduz a uma maior apetência por doces quando se deixa de fumar.
5 métodos para deixar de fumar
Os tratamentos geralmente combinam o apoio psicológico com substitutos de nicotina ou outros fármacos que ajudam a controlar a síndrome da abstinência:
1. Substitutos de nicotina
Administram-se em forma de adesivos transdérmicos, pastilhas elásticas ou rebuçados. Fornecem a dose de nicotina suficiente para diminuir os sintomas de privação, mas sem criar dependência.
2. Bupropion
Psicofármaco do grupo dos antidepressivos que não tem nicotina e atua sobre o sistema nervoso central. Inicia-se oito dias antes de se parar de fumar. Controla os sintomas de privação e diminui a vontade de fumar.
3. Vareniclina
Sujeito a receita médica, este medicamento atua ao nível do sistema nervoso central sobre o recetor ao qual a nicotina se liga, reduzindo a vontade de fumar. O tratamento ocorre entre uma a duas semanas antes da data escolhida para se deixar de fumar.
4. Terapia psicológica
Através de entrevistas e questionários, o psicólogo ensina o fumador a conhecer-se, a identificar, antecipar e evitar as situações que fazem disparar a vontade de fumar.
5. Acupuntura
Método da Medicina Tradicional Chinesa que implica a colocação na pele, em pontos estratégicos, de agulhas de aço cirúrgico muito finas para reequilibrar o sistema energético. Envolve o recurso a fitoterapia e a estimulação de pontos específicos na orelha que induzem a produção de endorfinas, as hormonas do bem-estar.
Como evitar o aumento de peso
São várias as recomendações que deve seguir:
- Não fique obcecado com essa questão
Segundo a American Cancer Association (ACA), «o aumento de peso que ocorre quando se deixa de fumar é, geralmente, muito baixo». «É mais perigoso continuar a fumar do que aumentar um pouco de peso» e há sempre estratégias simples que ajudam a controlar a acumulação de quilos a mais.
- Estabeleça um novo plano de vida
Mais do que controlar o peso, «controle a sua vida», sugere Célia Francisco. Segundo a psicóloga, «para evitar o aumento de peso, é fundamental estabelecer previamente um plano de emergência ao nível da alimentação, do stresse e do exercício. É essencial que se mentalize que terá de colocar em prática e implementar um estilo de vida completamente renovado. As mudanças deverão ser totais e não somente uma parte do problema», defende.
- Restrinja o consumo calórico
A pneumologista Susana Simões aconselha os ex-fumadores a manterem uma alimentação saudável, a não repetirem as refeições e a evitarem a ingestão de doces, resistindo às sobremesas. Os doces não só engordam como podem acionar a vontade de fumar. Já os alimentos picantes, embora não sejam hipercalóricos, também promovem a vontade de fumar. Limite ainda o consumo de alimentos ricos em gorduras.
- Faça exercício todos os dias
Isto não significa ir diariamente ao ginásio, mas apenas que deverá incorporar mais atividade física no seu dia a dia para ativar o seu metabolismo e queimar as calorias a mais. Experimente «caminhar meia hora a pé todos os dias», sugere Susana Simões.
- Fracione as refeições
Faça cinco a seis refeições diárias. Segundo a ACA, esta estratégia «mantém os níveis de açúcar no sangue e de energia equilibrados e ajuda a evitar a vontade de fumar», assegura a especialista.
- Coma os alimentos certos
As refeições principais devem incluir «sempre alimentos com proteínas e de origem vegetal (fruta e/ou legumes)», recomenda Célia Francisco. Já as refeições intermédias devem ser compostas, por exemplo, «por fruta, frutos secos em doses moderadas, iogurtes, tostas de milho, de arroz ou de centeio, queijo magro, fiambre de aves, ovos ou salmão».
- Escolha as bebidas mais saudáveis
«Não beba álcool, café ou outras bebidas associadas ao ato de fumar. Experimente diferentes tipos de água (aromatizada com morangos, por exemplo) ou sumos cem por cento naturais. Tente escolher bebidas com poucas ou sem calorias», recomenda a ACA. Não exagere na ingestão de sumos de fruta (que incluem geralmente mais do que uma peça por copo). Se não resistir ao café, tome-o antes de uma caminhada. Ajuda a queimar mais calorias.
- Equilibre os dias de exeção 
Nos dias de festa faça mais exercício para compensar ou coma o alimento dito proibido em vez de determinada refeição do dia. «Não acrescente calorias. Substitua-as!», sugere a psicóloga.
- Motive-se mentalmente
Quando sentir vontade de desistir, lembre-se que «perder e manter o peso custa, mas ser saudável é muito positivo e sentir-se-á muito melhor», lembra Célia Francisco.
- Lave os dentes
A sensação de frescura resultante da higiene oral não só desencoraja o ato de fumar como a vontade de ingerir mais alimentos desnecessariamente. Se sente falta de ter algo na boca, recorra a pastilhas elásticas ou a rebuçados sem açúcar.
- Controle o stresse
É essencial para conseguir deixar de fumar e não comer de forma compulsiva. A ACA recomenda que se façam respirações profundas, «imaginando os pulmões a encherem-se de ar fresco». Deve também beber água, comer bem e dormir o suficiente.
- Combine estratégias
De acordo com a ACA, os «estudos sugerem que os substitutos de nicotina e o bupropion podem ajudar a adiar o aumento de peso, mas não o previnem». Para ser bem sucedida, deverá associar um método antitabágico a um estilo de vida mais saudável a nível alimentar e do exercício.
Texto: Cláudia Pinto com Célia Francisco (psicóloga e especialista em gestão do peso) e Susana Simões (pneumonologista e membro da consulta de cessação tabágica do Hospital Pulido Valente)


Deixar de fumar em números: 10 coisas que acontecem ao organismo

Nuno Noronha
17/11/2019
Um fumador com hipertensão arterial é 15 vezes mais vulnerável a um AVC. Este é só um dos muitos problemas que o tabaco lhe pode causar. Conheça os números da Organização Mundial de Saúde (OMS). Hoje é o Dia Mundial do Não Fumador.



1. Mais oxigénio

Se deixar de fumar, dentro de 8 horas os seus níveis de oxigénio voltam ao normal e os níveis de monóxido de carbono reduzem para metade.

2. Mais olfato

48 horas depois as suas capacidade de gosto e de olfato melhoram. Assim como o seu hálito.

3. Melhor pele

Depois de 1 mês o estado geral da pele e do cabelo melhoram significativamente.

4. Respirar mais facilmente

Dentro de 72 horas torna-se mais fácil respirar e os seus níveis de energia aumentam.

5. Sem tosse

Entre 3 a 9 meses, qualquer tipo de tosse ou pieira diminui. O funcionamento dos seus pulmões melhora pelo menos 10%.

6. Menor risco de ataque cardíaco

Após 1 ano de cessação tabágica, o seu risco de ataque cardíaco reduziu para metade.

7. Menor risco de AVC

Após 5 anos sem tabaco, o seu risco de AVC é praticamente igual ao de um não fumador.

8. Menor risco de cancro

Após 10 anos o seu risco de desenvolver cancro do pulmão também caiu para metade.

9. Como se nunca tivesse fumado

Após 15 anos de cessação tabágica, o risco de sofrer um ataque cardíaco é o mesmo de alguém que nunca fumou.

10. Vai ficar rico

Se fumar, em média, um maço de cigarros por dia, gastará 30 euros por semana, 120 por mês, 1.440 por ano e 14.400 em 10 anos. Está na hora de deixar de fumar, não acha?
Os números são da Organização Mundial de Saúde disponibilizados pela Associação Nacional do Acidente Vascular Cerebral.






Metade dos fumadores morre por causa do tabaco. As explicações de um médico

Rui Alves
17/11/2019
Um artigo do médico Rui Alves, especialista em Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Sete Rios. Hoje é o Dia Mundial do Não Fumador.

O consumo de tabaco induz dependência física e psíquica na maioria dos consumidores, afeta todo o organismo humano e é a primeira causa de morbilidade e mortalidade evitáveis, os fumadores apresentam piores indicadores de saúde, do que os não fumadores e uma esperança de vida menor, em média dez anos.

Estima-se que cerca metade dos fumadores regulares morre em resultado do consumo de tabaco, 1 em cada 4 entre os 25 e os 59 anos de idade.
Quanto mais cedo cessa de fumar, maiores serão os benefícios e a consequente recuperação em anos de vida. O ato de acender um cigarro está relacionado com situações do dia a dia como comer ou beber café. A ausência de nicotina provoca ansiedade, irritabilidade, nervosismo, cefaleias, insónias, dificuldade de concentração e desejo imperioso de fumar.

A maioria dos fumadores gostariam de deixar de fumar e tentam a cessação tabágica entre seis e nove vezes durante a sua vida, o que corresponde a cerca de 80%. Sem ajuda, os que estão sem fumar ao fim de um ano não ultrapassam os 7% e com ajuda médica este valor passa para 25% a 35%. Os fatores fundamentais para a cessação tabágica são três: motivação do fumador, aconselhamento e utilização de fármacos.
Para deixar a dependência contamos com a motivação e a mudança de hábitos do fumador, pedimos-lhe que marque uma data para parar de fumar, partilhando a decisão com a família e amigos e que prepare esse dia. Pedimos ainda que mude alguns comportamentos, fazer exercício, dieta mais saudável, menos sal e gordura, menos álcool e mais água. As taxas de sucesso a longo prazo são mais elevadas com farmacoterapia e apoio psicológico. O recurso a terapêutica farmacológica duplica as possibilidades de sucesso.
A intervenção de apoio intensivo deve ser oferecida aos fumadores que encaram seriamente a possibilidade de deixar de fumar nos próximos 30 dias, aos que fumam o primeiro cigarro até 30 minutos depois de acordar, aos que fumam mais de 20 cigarros por dia, aos fumadores com recaídas ou que apresentam síndroma de privação intenso. Igualmente devem ser encaminhados para as consultas de cessação tabágica os fumadores com patologias relacionadas com o tabaco como a DPOC, cancro e doença cardiovascular, fumadores com outros comportamentos aditivos e fumadoras grávidas.

O êxito na cessação tabágica é maior nos homens, nas pessoas com nível de escolaridade mais elevada e nos que conseguiram parar em tentativas anteriores prolongadas.
São fatores de pior prognóstico a elevada dependência ao tabaco, fumadores deprimidos ou que integrem famílias de grandes fumadores.
A farmacoterapia para a dependência da nicotina tem como objetivos diminuir os sintomas de privação, permitindo aprender a viver sem fumar e fornecer os efeitos que o fumador retirava do tabaco: concentração, temperamento menos irritável, controlo do peso, etc.

Os fármacos de primeira linha são os substitutos da nicotina, como a vareniclina, um composto não nicotínico que reduz os sintomas de desejo intenso de fumar e de abstinência ao mesmo tempo que reduz a recompensa dos efeitos do consumo de tabaco. O estudo EAGLE publicado em 2016 e envolvendo mais de 8000 fumadores, mostrou dados muito interessantes: a vareniclina revelou-se mais eficaz que o placebo. Não houve aumento significativo de efeitos secundários atribuíveis à vareniclina relativamente aos substitutos da nicotina e ao placebo.

A recaída faz parte do processo terapêutico de cessação tabágica e é frequente, deve ser prevenida, identificando situações de alto risco, treinando a abordagem para lidar com as mesmas.
Recomenda-se ainda que o combate ao consumo de tabaco deve começar nas escolas, nas nossas crianças evitando o início do consumo e é tarefa de todos os profissionais de saúde abordar o consumo de tabaco nos nossos utentes e, nos fumadores, propor estratégias que permitam parar o consumo.
Um artigo do médico Rui Alves, especialista em Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Sete Rios.


domingo, 20 de outubro de 2019

O que acontece quando um furacão se encontra com um sismo

Visão
O fenómeno natural foi descoberto na semana passada e já tem nome digno de filme de ficção científica 

A equipa de cientistas responsável pela descoberta, publicada no Geophysical Research Letters, chama-lhes stormquakes e explica que ocorrem quando um furacão cria na superfície do oceano ondas de grande dimensão, que vão aumentando e formando novas ondas, a maior profundidade. A interacção entre estas ondas secundárias e o leito oceânico produz um tipo específico de pressão que, por sua vez, atua como se fosse um martelo no fundo do oceano.
A equipa de investigadores da Universidade da Flórida, liderada por Wenyuan Fan, garante que o fenómeno não é perigoso, mas alerta que a descoberta não deve ser vista como insignificante. "Tudo na natureza está interligado, estes stormquakes podem ter efeitos na natureza que ainda não foram estudados", explica Wenyuan Fan.
Tal como acontece muitas vezes, os stormquakes foram descobertos de forma inesperada. No verão de 2018, a equipa de cientistas da Universidade de Flórida estava a desenvolver um método para estudar sismos de frequência muito baixa. Durante o processo, surgiram uma série de eventos que se assemelhavam aos terramotos procurados pela equipa de cientistas e que ocorreram de forma simultânea com tempestades e furacões.
Apesar de este fenómeno ocorrer tendencialmente num contexto geológico muito específico, a equipa de Wenyuan Fan registou um número considerável destes stormquakes, cerca de 14 mil, durante o período entre 2006 e 2015.