sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Gripe e constipação: descubra as diferenças

Texto escrito por  Carla Mateus. com entrevista a Marta Drummond, pneumologista, em 07/01/2013
 Muitas pessoas confundem gripe com constipação, mas é importante perceber que existem diferenças entre as duas doenças. Apesar de ambas serem infeções respiratórias causadas por um vírus, diferem principalmente pela intensidade, duração dos sintomas e complicações. Saiba como distingui-las.
     
O inverno traz consigo uma das fases do ano em que estamos mais suscetíveis às gripes e constipações. Tosse, nariz obstruído, dores no corpo, cansaço fazem-se sentir frequentemente nesta altura do ano. No entanto, nem todas as pessoas conseguem distinguir uma gripe de uma constipação.

Apesar de ambas as condições serem infeções causadas por vírus respiratórios e terem alguns sintomas semelhantes, podem ser facilmente confundidas e mal diagnosticadas. Marta Drummond, pneumologista, chama a atenção para o facto de a gripe ser uma doença mais grave do que o resfriado comum ou coriza, vulgarmente designado por constipação. As complicações da gripe “não são de todo comparáveis às de um resfriado comum, que muito raras vezes poderá fazer perigar a vida de um doente”, alerta.

Por essa razão, importa saber reconhecer a diferença entre os sintomas da constipação e da gripe, de forma a assegurar que recebe o tratamento adequado. Esta distinção torna-se ainda mais premente dado que os medicamentos antivirais eficazes no tratamento da gripe devem ser tomados durante as fases iniciais, quando os sintomas aparecem.

Sintomas semelhantes, doenças diferentes

Causada pelo vírus influenza, a gripe caracteriza-se por um aparecimento inesperado, sendo de propagação muito rápida. Já a constipação, implica o envolvimento de vários tipos de vírus, como o rinovírus, e costuma desaparecer dentro de alguns dias, sem causar grandes complicações.

A constipação comum apresenta, sobretudo, manifestações respiratórias como aumento de mucosidade, tosse, irritação da garganta, congestão e secreção nasal, mas raramente produz febre e o mal-estar é mais leve. Habitualmente cura-se de forma espontânea, sem tratamento, em poucos dias.

O mesmo cenário não se repete com a gripe. De acordo com Marta Drummond, os seus sintomas são mais intensos e a recuperação bem mais lenta, podendo demorar até duas semanas. Quem não se lembra de ter, pelo menos uma vez na vida, arrepios de frio, dores musculares e articulares generalizadas, cansaço, prostração, dores de cabeça, tosse, espirros e congestão nasal? Ao contrário do que acontece num resfriado comum, “a febre é geralmente elevada, superior a 39ºC, fazendo sentir os seus efeitos. Existem ainda outros sintomas, embora menos frequentes, que podem surgir quando estamos perante uma gripe. É o caso da congestão ocular, náuseas e vómitos”, revela a pneumologista.
A gripe faz com que as pessoas se sintam pior do que com uma constipação, sendo mais perigosa nas crianças pequenas, nos idosos (com mais de 65 anos de idade – saiba mais), nos doentes com problemas do sistema imunitário ou com doenças crónicas. Por norma, o paciente começa a sentir-se melhor 2 a 5 dias após o início dos sintomas e fica completamente restabelecido, no máximo, em duas semanas.

Alívio dos sintomas


Os vírus da gripe e da constipação entram no nosso corpo pelas membranas mucosas da boca, nariz e ouvidos e são geralmente transmitidos pelo ar, o que os torna altamente contagiosos.

Marta Drummond explica que “o diagnóstico de ambas as situações faz-se, sobretudo, pela história clínica e exame físico, os quais são muito indicativos, tais as suas caraterísticas típicas e exuberantes”. No entanto, para um diagnóstico de confirmação de gripe, “é necessário proceder a exames laboratoriais, com isolamento e identificação do vírus implicado, recorrendo-se, por exemplo, à realização de esfregaço de secreções nasais”, acrescenta a pneumologista.

Uma vez contraídas, a única coisa a fazer é aliviar os seus sintomas e reduzir a duração ou a intensidade do processo. Basicamente, o tratamento consiste em ficar em repouso, ingerir bastantes líquidos (sobretudo água, chá e sumos de frutas), contactar com o mínimo de pessoas possível, durante o tempo em que os sinais e sintomas persistirem, e adotar hábitos de prevenção, de forma a não contagiar as pessoas que vivem à sua volta.

Por norma, o resfriado comum apenas requer a toma de anti-inflamatórios e descongestionantes nasais. Mas no caso da gripe, se se considerar necessário, pode-se administrar “medicação para baixar a febre (antipiréticos) e medicamentos para controlar as dores musculares e articulares (analgésicos e anti-inflamatórios). Existem também medicamentos antivíricos que, quando tomados logo nas primeiras horas de aparecimento dos sintomas gripais, atenuam bastante a sua intensidade e reduzem o risco de complicações”, recomenda a especialista. 
Vacinação ajuda a prevenir
Como se costuma dizer, a prevenção é o nosso melhor aliado. Pelo menos no caso da gripe, já que é impossível prevenir o início de uma constipação comum. No que diz respeito à gripe, a principal medida de prevenção é a vacinação anual, sobretudo daqueles que são considerados grupos de risco, ou seja, idosos, crianças, doentes crónicos, doentes com sistema imunitário comprometido (com mais de 6 meses), grávidas com mais de 12 semanas de gestação e profissionais de saúde.

A época de vacinação teve início no passado mês de outubro. Todavia, se ainda não teve oportunidade de se proteger contra a gripe e essa for sua intenção, saiba que ainda o pode fazer. A vacina da gripe pode ser administrada até ao fim do inverno, mas, quanto mais cedo melhor.

Em Portugal, a vacinação é gratuita nos centros de saúde a alguns dos grupos de risco mencionados, como é o caso das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. Para quem não tem acesso gratuito às vacinas, estas podem ser compradas nas farmácias, mediante receita médica e com comparticipação estatal.

"Estou com gripe. E agora?"


Se foi contagiado pelo vírus da gripe, existem algumas medidas que podem diminuir a intensidade dos seus sintomas e facilitar a sua recuperação. Conheça-as.

- Procure descansar, ingerir muitos líquidos e manter uma alimentação equilibrada.
- Evite a exposição ao frio, como correntes de ar e alterações bruscas de temperatura.
- Para aliviar a congestão nasal, pode aplicar soro fisiológico.
- Evite fumar e não tome antibióticos sem aconselhamento médico, visto que estes são recomendados apenas para o tratamento de algumas complicações da gripe.
- Se tiver febre, dores de cabeça ou no corpo, pode recorrer a analgésicos para aliviar estes sintomas.
- Em caso de dúvida ou agravamento dos sintomas peça apoio à linha de saúde 24 (808 24 24 24). 

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