NOVAS NANOPARTÍCULAS LIBERTAM SUBSTÂNCIAS TERAPÊUTICAS DE FORMA
SELETIVA
Publicado em: http://www.cienciahoje.pt
04/10/2012
Nanodispositivos poderão ser utilizados no
tratamento de doenças ligadas ao envelhecimento
Um grupo de investigadores desenvolveu nanopartículas
inteligentes capazes de libertar de forma seletiva substâncias terapêuticas em
células humanas envelhecidas. Poderão ser utilizadas no tratamento de doenças
como o cancro, Alzheimer ou Parkinson.
O nanodispositivo inteligente é a base para o
desenvolvimento de novas terapias antienvelhecimento. O estudo está publicado
na revista «Angewandte Chemie».
O desenvolvimento destes dispositivos está a
ser realizado em Valência, Espanha.
Este tipo de aplicação pode também ser útil para o
desenvolvimento de terapias cosméticas de uso tópico que tenham efeito
antirrugas e antienvelhecimento, ou aumentem a protetor contra a radiação UV.
Poderá também servir para combater a calvície.
Ramón Martínez Máñez, investigador do Centro de
Reconhecimento Molecular e Desenvolvimento Tecnológico da Universidade
Politécnica de Valência diz, citado pelo jornal espanhol «Publico», que “pela
primeira vez ficou demonstrado que podem ser libertadas substâncias
selecionadas em células em fase degenerativa ou senescentes e não em outras”.
O investigador do Instituto de Biologia Molecular e Celular
de Plantas José Ramón Murguía assinala que a senescência é um processo
fisiológico do organismo para eliminar células envelhecidas ou com alterações
que podem comprometer a sua viabilidade: “Quando somos jovens, os mecanismos de
senescência previnem, por exemplo, a aparição de tumores. Mas com a idade, as
células senescentes vão acumulando-se em órgãos e tecidos, alterando o correto
funcionamento dos mesmos”. A eliminação dessas células retarda o aparecimento
de doenças associadas ao envelhecimento.
A equipa avaliou a utilidade dos novos nanodispositivos em
cultivos celulares primários de pacientes com o síndrome de envelhecimento
acelerado Disqueratosis Congénita (DC). Os cultivos apresentavam uma alta
percentagem de senescência, caracterizada por elevados níveis de atividade de
beta-galactosidase, enzima característica do estado senescente.
“As células envelhecidas sobre-expressam esta enzima e as
nanopartículas que desenhámos abrem-se na sua presença, libertando o seu
conteúdo para eliminar as células senescentes, prevenir a sua deterioração ou,
inclusivamente, reativá-las para o seu rejuvenescimento”.
“As nanopartículas são uma oportunidade única para
administrar compostos terapêuticos de forma seletiva nos tecidos afetados e
resgatar a viabilidade e a funcionalidade dos mesmos”, diz Rosario Perona, do
Instituto de Investigações Biomédicas. O próximo passo será testar os
dispositivos com agentes terapêuticos e validá-los em modelos animais.
Artigo: Targeted Cargo Delivery in Senescent Cells Using
Capped Mesoporous Silica Nanoparticles
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