segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Novo hidrogel antimicrobiano combate biofilmes e bactérias multirresistentes



Material sintético é ativado pela temperatura corporal

Publicado em www.cienciahoje.pt 2013-01-25

 Ver vídeo em:

Investigadores da IBM e do Instituto de Bioengenharia e Nanotecnologia (IBN) de Singapura acabam de revelar o lançamento de um hidrogel antimicrobiano que promete combater os biofilmes e erradicar por completo as bactérias transmitidas por contacto que já desenvolveram resistência a medicamentos.
Novo hidrogel pode ser aplicado como creme na pele.
O hidrogel sintético, ativado pela temperatura corporal, é biodegradável, biocompatível e não-tóxico, tornando-se no método ideal para combater episódios de risco para a saúde dos profissionais hospitalares, visitantes e pacientes. O estudo foi recentemente publicado na revista científica «Angewandte Chemie».



Tradicionalmente utilizados para a desinfeção de superfícies, os agentes antimicrobianos podem ser encontrados em produtos domésticos, como o álcool ou a lixívia. No entanto, passando das bancadas dos hospitais para as doenças infeciosas, já se provou que estes organismos estão a tornar-se num desafio cada vez maior à medida que os antibióticos convencionais estão a tornar-se menos eficazes.

O hidrogel sintético antimicrobiano é composto por mais de 90 por cento de água, ideal para aplicações como cremes ou terapêuticas injetáveis para a cicatrização de feridas, implantes e revestimentos de cateteres ou infeções da pele.
Capazes de penetrar em quase todos os tecidos ou superfícies, os biofilmes microbianos – agrupamentos de células doentes presentes em 80 por cento de todas as infeções – persistem em vários locais do corpo humano, especialmente em associação com equipamentos e dispositivos médicos. Estes biofilmes contribuem significativamente para as infeções adquiridas no hospital, que estão entre as cinco principais causas de morte nos Estados Unidos.
Apesar da esterilização e de técnicas de assepsia mais avançadas, as infeções associadas a dispositivos médicos representam ainda um grave problema relacionado, em parte, com o desenvolvimento de bactérias resistentes aos medicamentos.

"Esta é uma abordagem fundamentalmente diferente para o combate aos biofilmes resistentes a medicamentos. Quando comparada com as terapêuticas dos atuais antibióticos e hidrogéis, esta nova tecnologia traz um imenso potencial", disse James Hedrick, investigador dos laboratórios da IBM Research. "Esta nova tecnologia aparece no momento crucial de combate às bactérias resistentes aos medicamentos e a doenças infeciosas que são cada vez mais problemáticas".

Prevenir a replicação de bactérias

Quando aplicado em superfícies contaminadas, a carga positiva do hidrogel atrai todas as membranas microbianas com carga negativa, fazendo lembrar a forte gravidade num buraco negro. No entanto, ao contrário da maioria dos antibióticos e hidrogéis que têm por alvo o mecanismo interno das bactérias para prevenir a replicação, este hidrogel mata as bactérias por rutura da membrana, impedindo o aparecimento de qualquer resistência.

"Desenvolvemos uma terapia mais eficaz contra superbactérias devido à ameaça letal de infeção por estes microrganismos de rápida mutação e à falta de novos medicamentos para os combater. Utilizando os materiais poliméricos versáteis e de baixo custo que temos desenvolvido em conjunto com a IBM, podemos agora lançar um ágil ataque aos biofilmes resistentes aos medicamentos, ajudando assim a melhorar os resultados médicos", referiu Yi-Yan Yang, líder no Instituto de Bioengenharia e Nanotecnologia de Singapura.

O programa IBM de nanomedicina de Polímeros – que se iniciou nos laboratórios da IBM Research há apenas quatro anos com a missão de melhorar a saúde humana - decorre de décadas de desenvolvimento de materiais tradicionalmente utilizados para tecnologias de semicondutores.

Este avanço vai alargar o âmbito do programa de colaboração entre a IBM e o IBN, permitindo que os cientistas possam perseguir simultaneamente múltiplos métodos para a criação de materiais que melhorem a medicina e a descoberta de novas drogas e medicamentos. Uma colaboração a esta escala entre empresas e institutos de investigação reúne as mentes e os recursos para responder ao complexo desafio de tornar as soluções de nanomedicina numa realidade.



Sem comentários: