sábado, 26 de janeiro de 2013

EUA ponderam acabar com experiências em centenas de chimpanzés

Texto publicado pelo jornal Público em 25/01/2013.
"Recomendado fim das investigações científicas em mais de 300 chimpanzés e os laboratórios que os mantiverem terão de lhes dar melhores condições.
Só 50 chimpanzés serão necessários para experiências nos EUA, diz relatório
Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, sigla em inglês) dos Estados Unidos deverão desmantelar as experiências científicas que fazem em chimpanzés, defende um relatório publicado nesta semana. Dos 360 chimpanzés que eram objecto para a investigação do NIH, só 50 é que deverão ser mantidos, mas os centros que os tiverem serão obrigados a proporcionar-lhes melhores condições de vida.
 
Os Estados Unidos e o Gabão são os únicos países que ainda fazem investigação em chimpanzés, de acordo com o Instituto Jane Goodall do Canadá, um tipo de actividade científica iniciada em 1923. Em 2010, a União Europeia baniu esta actividade laboratorial.
 
“Finalmente, o governo compreendeu: os chimpanzés devem tanto viver num laboratório, como as pessoas devem viver em cabines telefónicas”, disse em comunicado o grupo norte-americano Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais.
 
A nova morada dos 310 chimpanzés será o Santuário de Chimpanzés, um parque com oito quilómetros quadrados de onde vivem mais de cem primatas desta espécie. O parque, no Noroeste do estado do Luisiana, tem floresta natural, estruturas para os chimpanzés treparem às árvores e fazerem ninhos, espaço para procurarem por comida, apesar de serem alimentados diariamente, e para se moverem em grupos.
 
A recomendação foi feita por uma comissão independente a pedido dos NIH. O pedido foi feito há um ano por Francis Collins, director dos NIH, depois do Instituto de Medicina dos Estados Unidos publicar um relatório onde considerava que a maior parte da investigação feita em chimpanzés nos Estados Unidos era desnecessária.
 
Collins terá 60 dias para aprovar ou não a recomendação depois de ouvir a opinião pública sobre este assunto. Mas no último mês, os NIH já tinham anunciado que iriam retirar 110 chimpanzés que estavam no Centro de Investigação Nova Ibéria, na Universidade de Luisiana em Lafayette, para o parque. Alguns deles já chegaram ao santuário.
 
O novo relatório de 84 páginas define normas mais restritivas para a investigação que ainda possa ser feita. Cada chimpanzé terá de ter pelo menos 93 metros quadrados de área aberta, acesso permanente ao ar livre com áreas para trepar e diferentes tipos de superfícies naturais. Os chimpanzés deverão viver pelo menos em grupos de sete indivíduos, para terem um ambiente social saudável. Todas as experiências terão de ser aprovadas por um comité independente.
 
Das nove experiências invasivas que estavam a decorrer, que incluem imunologia, doenças infecciosas, só três é que garantem estes critérios e vão continuar, diz ainda o novo relatório. Oito das treze investigações sobre comportamento ou estudos de genoma poderão continuar, mas terão de ser aprovados pelo comité.
 
O custo desta reforma será de 25 milhões de dólares (18,62 milhões de euros), de acordo com o jornal Washington Post."

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