domingo, 17 de março de 2013

Portugal deverá ter menos 25% de capacidade para produzir energia hídrica após 2070

Artigo publicado pelo jornal Público em 15/03/2013
"Segundo as projecções de modelos do clima, entre 2070 e 2100 Portugal terá meno um quarto da capacidade de produzir energia hídrica devido às alterações climáticas, diz Filipe Duarte Santos.
Poderá haver mais anos seguidos de seca no futuro, diz Filipe Duarte Santos
Portugal deverá ter menos 25% da capacidade de aproveitamento hídrico para produzir electricidade, a partir de 2070, revelou na quinta-feira um especialista em alterações climáticas, que defende a necessidade de uma “gestão adequada” das barragens.
 
O professor universitário Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas, referiu que as consequências das mudanças no clima vão provocar um decréscimo do potencial de produção de energia a partir dos rios, em Portugal e Espanha, entre 2070 e 2100, o que exige cuidados na gestão entre energia e abastecimento de água para consumo directo.
 
Com base nos cenários de previsões de clima para os próximos anos, utilizados no projecto SIAM da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (projecto de estudo de Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação), coordenado por Filipe Duarte Santos, “deverá haver uma queda de 25% do potencial, entre 2071 e 2100, em Portugal e Espanha, e as empresas têm de pensar nisso”.
 
O investigador falava à margem do encontro “Alterações Climáticas - Escassez de Água e Eficiências Energética e Hídrica no Ciclo Urbano da Água” que hoje decorre em Lisboa, organizado pela Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA).
 
“Pode haver anos de precipitação elevada, mas também anos sucessivos de seca e isso é que é preocupante”, alertou o especialista à Lusa. Por isso, apontou a necessidade de “fazer uma gestão adequada da água nas barragens, para produção de energia e para o consumo”.
 
O especialista recordou a subida da temperatura média do planeta, mais pronunciada em algumas regiões, a subida do nível da água, “maior que o previsto”, e a ocorrência mais frequente de eventos meteorológicos extremos, como vagas de calor ou precipitação elevada.
 
“No norte da Europa têm-se registado mais tempestades, no sul, mais secas”, disse, durante a sua intervenção no Encontro, dando o exemplo dos registos a apontar para ocorrência de menos chuva nos invernos mediterrânicos, nos últimos 30 anos."

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