sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Alimentação e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse

Nunca é tarde para relembrar a comunidade escolar e os jovens em particular, sobre os riscos inerentes a uma alimentação pouco conforme o grande objectivo de "construir saúde".
Numa sociedade onde o consumismo e o imediatismo imperam, o consumo excessivo de açúcar, álcool, sal e gorduras com destaque para as de origem animal, tem-se constituído como um dos principais factores negativos para a saúde humana, quais quatro cavaleiros do Apocalipse, a par de um consumo insuficiente de minerais, vitaminas e fibras.

Eis-nos perante o açúcar - cavaleiro do cavalo branco do Apocalipse, equipado com um arco à conquista do nosso paladar.
Perfeitamente dispensável, o seu consumo tem aumentado progressivamente a partir dos anos trinta do século passado, quer de forma directa quer indirectamente através de produtos de pastelaria, refrigerantes, chocolates e gelados com um efeito nefasto na saúde, traduzido na eclosão e agravamento da obesidade, diabetes e aterosclerose e na criação de condições fermentativas propíceas ao desenvolvimento das bactérias responsáveis pela cárie dentária.

Como uma praga nunca vem só, surge-nos, entretanto, um segundo grande inimigo, o álcool - cavaleiro do cavalo vermelho do Apocalipse, pois lhe foi dado que tirasse a paz da Terra. Ao alcoolismo se devem muitos dos problemas de relacionamento familiar e comunitário, nomeadamente do foro jurídico-criminal.
A ingestão excessiva de álcool paga-se cara a nível de perturbações digestivas, hepáticas e cerebrais, sinistralidade, absentismo e baixa produtividade..
O consumo de álcool em Portugal é dos mais elevados do mundo, cerca de 9.6 litros de álcool puro. Ocupamos o 8º lugar do ranking mundial, para o que contribui o 4º a nível de consumo de vinho (42 litros/ano). Os doentes alcoólicos (800.000) representam mais de 10% da população com mais de 15 anos.
Apenas se for bastante diluído é tolerado pelo organismo. Os seus efeitos são particularmente nocivos nas crianças, adolescentes e nas mulheres grávidas ou a amamentar, pelo que a estes grupos se recomenda uma completa abstinência.

Utilizado desde há milhares de anos na alimentação humana, o sal marinho, qual cavaleiro do cavalo preto do Apocalipse, de balança na mão pesando o nosso salário, tem sido responsabilizado pela hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, cancro do estômago, e até enxaqueca.
Dado que todo o alimento natural contém o cloreto de sódio que um indivíduo necessita, todo o sal adicionado poderá ser considerado excessivo.
A dose diária de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 5,5 gramas por dia e estudos recentes mostram que um consumo médio de 12 gramas de sal por dia faz dos portugueses um dos maiores consumidores da Europa.

Eis que chega um quatro inimigo - as gorduras ingeridas em excesso, personificadas pelo cavaleiro do cavalo amarelo do Apocalipse que tem por nome MORTE.
A ingestão excessiva de ácidos gordos saturados de cadeia longa está intimamente relacionada com a génese e agravamento da aterosclerose - formação e deposição de placas de gordura ou ateromas na parede interna das artérias. O seu efeito acentua-se, ainda mais, quando acompanhados de um consumo excessivo de açúcar e de álcool e de uma insuficiente ingestão de fibras, certas vitaminas e água.
Nos grupos sociais com um padrão alimentar ocidental, a aterosclerose nas suas múltiplas expressões representa uma importante causa de morte.

Urge reatar antigos hábitos alimentares como os que dão corpo à chamada cozinha mediterrânica.

16 de Outubro - Dia Mundial da Alimentação


Desde 1981 que no dia 16 de Outubro se tem comemorado o Dia Mundial da Alimentação.

Este ano o tema proposto é "O direito à alimentação". Este direito consta do artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos em cujo articulado se pode ler "Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente pare lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade."

Se nos países europeus, de um modo geral, este é um direito relativamente assegurado, as estimativas apontam para cerca de 30 milhões afectados pela fome, tal está longe de se verificar a nível mundial, havendo indicações de que mais de 1000 milhões de pessoas enfrentam de uma maneira continuada o espectro da fome, da insegurança alimentar, tanto na vertente quantitativa como qualitativa. De facto este é o número de pessoas que se encontrarão abaixo do limiar da pobreza, estabelecido pela ONU num montante de 1 dólar por dia, considerado como o mínimo necessário à sobrevivência.

Segundo o estudioso norte-americano Phillip Harten, no mundo, 13 pessoas em cada 100 são afectadas diariamente pela fome, não levando em conta a grande fatia que sofre de carências em nutrientes essenciais, como proteínas, minerais e vitaminas.

Mais uma vez, e pelas piores razões, a África destaca-se na prevalência deste flagelo. As imagens chocantes que nos chegam, a par do coro de boas intenções que continuam a ser proclamadas pelas instâncias internacionais, começam a ser encaradas como fazendo parte dos velhos problemas insolúveis, a cansar as opiniões públicas dos paises desenvolvidos, que num paradoxal desenvolvimento de comportamentos autistas se vão alheando e conformando com a situação, dando razão ao velho adágio popular "longe da vista, longe do coração".

Felizmente, este sentimento fatalista está a ser quebrado em países como o Brasil, onde nos últimos anos se tem assistido à implementação do programa Fome Zero, envolvendo estrutras político-administrativas desde o governo federal aos municípios e a sociedade civil, que muito tem contribuido para o acesso aos alimentos por parte dos mais pobres, promovendo a agricultura familiar e a inclusão social.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Prémio Nobel da Medicina 2010


Este ano o Prémio Nobel da Medicina foi atribuído ao embriologista britânico Robert Eduards que, em parceria com o ginecologista Patrick Steptoe, já falecido, desenvolveram a técnica da fertilização in vitro.

O essencial desta técnica baseia-se na possibilidade de a fecundação do oócito II pelo espermatozóide, originando o ovo, a primeira célula do novo indivíduo, poder ocorrer no laboratório e não, como naturalmente acontece, nas trompas de Falópio. Posteriormente, já na fase de segmentação, o incipiente embrião será implantado no útero onde irá prosseguir o seu desenvolvimento.

Tratou-se de um acontecimento ímpar, uma autêntica revolução que permitiu ao homem intervir num campo que até aí lhe esteve interdito, por questões técnicas, mas também porque em termos éticos a reprodução assistida levantou e continua a levantar muitas reticências e resistências, como o demonstra a posição de alguns meios do Vaticano à atribuição deste prémio.

Polémicas à parte, é um facto que depois de Louise Brown, o primeiro bébe-proveta, nascida em 1978, em Inglaterra, a técnica permitiu trazer ao mundo mais de 4 milhões de pessoas. Pessoas como quaisquer outras, sem traços indicativos do modo como foram concebidas e, cujo número constitui a maior prova de amor por parte de uma mãe e de um pai, que viram através desta técnica a concretização de um sonho.

A nível mundial estima-se que a infertilidade afecte mais de 10% dos casais, constituindo-se como uma fonte de ansiedade, stress e sensação de fracasso para muitos. É necessário não esquecer que em algumas sociedades ou grupos sociais a incapacidade de gerar filhos, de um modo natural, é encarada como uma maldição, uma indicação do pouco préstimo dos indivíduos afectados.