terça-feira, 7 de junho de 2011

Saída de Campo à Praia da Luz

No âmbito da disciplina de Biologia e Geologia foram realizadas nos dias 1 de Junho (11ºA) e 2 de Junho (11ºC), saídas de campo à Praia da Luz, organizadas pelos professores Fernando Ribeiro e Fátima Martinho e em que também esteve presente a professora Dina Albino, docente destas turmas na disciplina de Física e Química A.

Nestas manhãs de quarta e quinta-feira, os alunos das duas turmas puderam realizar uma viagem virtual por diferentes tempos geológicos das Eras Mesozóica e Cenozóica, mais concretamente, desde o Cretácico Inferior em que se formaram os arenitos da Ponta da Calheta, saltando no tempo e no espaço para areias da praia, datadas do Quaternário, e voltando novamente para tempos anteriores que nos conduzem às rochas da Ponta das Ferrarias, cuja génese terá ocorrido no Cretácico Superior.
Ao longo deste trajecto puderam aperceber-se dos diversos tipos de estratificação apresentada pelos arenitos, da profusão de fósseis, nomeadamente da famosa Nerinea algarbiensis, que com orientação do eixo maior predominante (N75ºW) reflecte o seu alinhamento paralelo às correntes de maré, levando a que se infira a posição relativa da linha de costa naquele local, com direcção aproximada NE-SW, e “um pouco” mais para o interior do continente.

Prosseguindo ao longo da praia, na direcção de Lagos, depararam-se com a imponente arriba, qual livro geológico, cujas folhas e caracteres estão espelhadas na panóplia de cores e tons das rochas constituintes dos diversos estratos, que reflectem os diferentes paleoambientes que se sucederam ao longo dos tempos geológicos. São argilitos intercalados com bancadas de margas avermelhadas, ocres e esverdeadas, diversos níveis de argilas e margas de cores cinzentas a esverdeadas, arenitos em que é possível observar fragmentos de plantas carbonizados e, lá mais para o topo da arriba, uma bancada de conglomerados e arenitos aos quais se sobrepõem bancadas calcárias intercaladas com argilitos e margas. Diremos estar perante uma magnífica biblioteca geológica, cuja leitura tem constituído um deleite para os geólogos que se têm dedicado ao estudo das formações geológicas algarvias.

Depois das falhas, reflexo das acções distensivas na região, dos nódulos de redução observáveis nas argilas vermelhas, eis que surge a antiga chaminé vulcânica, um resquício da abertura do Atlântico Norte que levou à separação entre a Europa e a América do Norte. Nesta massa de cor escura, intruída na colorida série sedimentar, podemos encontrar rochas com textura vesicular, reflexo do antigo aprisionamento de bolhas de ar no magma que ascendeu à superfície, e abundantes xenólitos que testemunham as rochas atravessadas e sobreviventes à massa fundente.

Esta deslocação permitiu a todos quantos nela participaram um alargamento de conhecimentos e a consciencialização de que vivemos num planeta em constante mudança.