domingo, 30 de setembro de 2012

Estilo de vida coloca crianças em risco de sofrerem doenças cardiovasculares

A propósito do Dia Mundial da Alimentação que se comemora no próximo dia 16 de Outubro nunca é de mais voltar a insistir no problema dos maus hábitos alimentares e sua estreita relação com as doenças cardiovasculares, conforme se pode constar no texto divulgado pela agência Lusa, em 28 de setembro, e que a seguir se transcreve.

"Os cardiologistas estão preocupados com o estilo de vida das crianças, lembrando que a vida sedentária e má alimentação coloca os mais novos em risco de sofrerem doenças cardiovasculares.
 
Todos os anos morrem em Portugal 20 mil mulheres e 16 mil homens vítimas de doenças cardiovasculares, um número que no futuro poderá disparar devido ao estilo de vida das crianças, alertou o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), Manuel Carrageta.
 
As crianças estão agora no centro das preocupações dos cardiologistas, que lamentam que as brincadeiras de rua tenham sido substituídas pela televisão e jogos de computador e a alimentação saudável por restaurantes “fast-food”.
 
Para os especialistas, o resultado desta mudança – a obesidade infantil - é inquietante. “A evolução das doenças cardiovasculares começa com os fatores de risco. As crianças têm um estilo de vida moderno que leva à obesidade infantil, têm o colesterol mais elevado que se vai depositar nas paredes das artérias e leva ao seu entupimento, havendo mais risco de enfarte de miocárdio e de Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explicou o cardiologista, lembrando que as crianças deviam fazer uma hora de exercício físico intenso por dia.
 
Manuel Carrageta lembra que, habitualmente, quem tem excesso de peso tem tensão arterial e colesterol mais altos assim como tem mais tendência para se tornar diabético.
 
Em Portugal, quatro em cada dez óbitos têm como causa doenças cardiovasculares mas bastava controlar os principais fatores de risco para evitar a maioria destas mortes.
 
A fundação celebra no sábado o Dia Mundial do Coração com diversas iniciativas em Odivelas que pretendem alertar para a importância da prevenção mas também desconstruir a ideia de que “as mulheres sofrem de coração mas não morrem”.
 
“Existe um mito de que as doenças do coração atingem os homens e os idosos”, contou à Lusa o presidente da fundação, lembrando que em Portugal a principal causa de morte das mulheres são precisamente as doenças cardiovasculares.
 
Segundo Manuel Carrageta, “o coração das mulheres é frágil e vulnerável”, mas “elas têm uma falsa sensação de segurança”.
 
As doenças cardiovasculares são altamente evitáveis através do estilo de vida e controle dos fatores de risco, que passam por uma alimentação saudável, exercício físico e não fumar.
 
No entanto, “enquanto os homens estão a diminuir o consumo de tabaco, as mulheres estão a aumentar. Além disso, as mulheres estão um pouco condicionadas a realizar atividade física, porque têm uma vida mais complicada”, lamentou o cardiologista.
 
A partir de uma determinada idade - 50 anos para as mulheres e 40 anos para os homens - é aconselhável a realização de exames periódicos de saúde. “Costumamos dizer às pessoas que é preciso conhecer os seus números. Devem medir a pressão arterial, os níveis de colesterol e glicose, assim como saber qual o seu peso e massa corporal. Através destes dados é possível calcular os riscos de vir a sofrer um acidente cardiovascular”, alertou o presidente da FPC.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Hubble mostra a região 
do Universo mais longínqua, antiga e nítida de sempre

Texto de Nicolau Ferreira publicado pelo jornal Público em 27/09/2012
"O telescópio espacial Hubble fotografou o Universo na região mais distante de sempre e voltou a revelar uma imagem sem precedentes.
As galáxias da imagem estão situadas numa pequena região da constelação da Fornalha
O Hubble já tinha apontado há 17 anos as suas potentes lentes para uma pequeníssima área do cosmos, que fica na constelação da Fornalha, que se vê do Hemisfério Sul.

Essas imagens, então as mais distantes no Universo, resultaram de uma teimosia do director do Instituto Científico do Telescópio Espacial Hubble, que decidiu apontar o telescópio para um local longínquo, com poucas estrelas. Toda a gente lhe dizia que era um disparate gastar tempo de observação do telescópio, mais de dez dias ininterruptamente, a olhar para um sítio onde não havia nada. Puro engano: tanto a primeira dessas imagens, de 1995, como as seguintes, mostraram o Universo repleto de galáxias quando tinha apenas 800 milhões de anos.

Mas agora, depois de gastar ao todo 23 dias a recolher luz de uma parcela desta mesma região, conseguiu não só uma maior nitidez desse pedaço do Universo, como ver mais longe. Só nessa região, agora a 13.200 milhões de anos-luz de distância, a imagem mostra 5500 galáxias.

As 2000 imagens tiradas foram agora todas reunidas numa só. Este resultado é um salto em relação à imagem anterior. Os diferentes formatos das galáxias estão mais nítidos e mostram distinções entre elas. É possível observar galáxias cujo brilho é dez mil milhões de vezes mais ténue do que o olho humano vê.

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A fotografia permite aos cientistas explorar o passado mais distante. O Universo existe há cerca de 13.700 milhões de anos, a Terra, por comparação, tem apenas 4500 milhões de anos. A idade do Universo é um dado importante quando olhamos para galáxias. Quando se observam objectos celestes que estão a 13.200 milhões de anos-luz, como as galáxias da fotografia, significa que a luz proveniente deles demorou todo este tempo a chegar até à Terra.

“A maioria destas galáxias que agora vemos eram novas, quando ainda estavam a crescer. Muitas vezes este crescimento era violento à medida que colidiram e se fundiram com outras”, explica a Sociedade de Astronomia Americana. A galáxia mais jovem identificada formou-se “apenas” 450 milhões de anos depois do início do Universo, que começou com o Big Bang. Na fotografia, vêem-se também várias galáxias em espiral, que têm a mesma forma da Via Láctea, onde habita o nosso Sol e milhões de estrelas.

Antes do Hubble ser lançado para o espaço, em 1990, as imagens mais distantes do Universo eram de galáxias a 7000 milhões de anos-luz, pouco mais de metade da distância que hoje a humanidade consegue ver cosmos adentro. Com o Hubble, o Universo continua a entrar-nos em casa."

 

O que faz uma abelha com uma antena às costas? Revela como encontra o caminho mais curto até às flores

Texto de Maria do Céu Pereira, publicado no jornal Público, em 27/09/2012
"As abelhas não precisam de um mapa para saber qual é o melhor caminho. Uma análise do movimento das abelhas, que andaram com uma antena às costas, mostrou que elas descobrem rapidamente a melhor rota que lhes permite poupar centenas de metros quando visitam as flores. Invejada por qualquer caixeiro-viajante, esta capacidade permite às abelhas reduzir até 80% o tamanho possível dos percursos.
As abelhas andaram com as antenas nas costas durante uma semana
A equipa de Lars Chittka e Mathieu Lihoreau, ambos da Universidade Queen Mary, em Londres, treinaram abelhas para visitarem flores artificiais, oferecendo-lhes aí uma refeição à base de açúcar. Quando os insectos já estavam treinados, os cientistas dispuseram em forma de pentágono cinco flores e foram-nos libertando ao poucos, equipados com uma antena de radar. As suas viagens puderam assim ser acompanhadas e câmaras com sensores de movimento instaladas nas flores deram indicação das visitas.

Durante sete dias, as abelhas foram submetidas a exercícios de visita às flores entre as 9h e as 18h, que permitiram obter num total 1354 vídeos. Para as manter com vontade de visitar as cinco flores, a equipa só deixou em cada uma delas uma pequena porção do açúcar que as abelhas precisam por dia.

Os resultados da análise dos vídeos e dos registos das antenas, publicados na revista PLOS Biology, mostraram que, mesmo sem saberem onde se encontravam as flores, as abelhas apenas se deram ao trabalho de tentar 20 das 120 rotas possíveis. E, no final do exercício, tinham conseguido poupar cerca de 1500 metros em relação ao primeiro voo, o que permitiu reduzir em 80% o percurso.

Quando as flores artificiais foram levadas para um local diferente, as abelhas voltaram a ajustar as rotas. A análise dos movimentos permitiu ver que elas conseguem fazer uma comparação rápida dos percursos, para logo incluírem no seu itinerário aquele que é o mais curto até à flor onde iam alimentar-se.

"Usando modelos matemáticos, conseguimos dissecar o processo de aprendizagem das abelhas e como elas conseguem decifrar a melhor solução sem um mapa", sublinha Mathieu Lihoreau, segundo um comunicado da sua universidade. "No início, as rotas eram longas e complexas, com várias visitas às mesmas flores que já não tinham nada [para comer]. Mas à medida que ganharam experiência, as abelhas foram refinando as rotas através de tentativa e erro."

Como se não bastasse, a equipa de cientistas verificou ainda que cada abelha pensa pela sua cabeça: cada uma chega à flor e parte dela de direcções diferentes.

"A velocidade que as abelhas aprendem por tentativa e erro é extraordinária, pois pensava-se que estes comportamentos complexos só existiam em animais com cérebros grandes", resume Lars Chittka.

"É surpreendente que estas pequenas criaturas sejam tão flexíveis e tenham desenvolvido soluções para fazerem uso máximo dos pequenos cérebros que têm", comenta também o biólogo Fred Dyer, da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, citado no site ScienceNews.

Capazes de desafiar muitos cérebros humanos, estes cálculos das abelhas mostram que não é necessário um mapa mental elaborado para que as suas deslocações em territórios desconhecidos sejam eficientes e podem ajudar os cientistas a perceber como elas são afectadas por mudanças ambientais. Podem ainda ajudar a desenvolver algoritmos que permitam planear a rota de robôs para explorar locais desconhecidos.

"Em muitos casos, não se experimenta o mundo de forma holística, mas sequencial", refere Fred Dyer. "Quando um engenheiro não fornece um mapa, temos de experimentar o mundo passo a passo." "

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

HOSPITAL DE GAIA USA SISTEMA 3D PARA PREVENIR AVC



    HOSPITAL DE GAIA USA SISTEMA 3D PARA PREVENIR AVC

Foi realizada esta manhã, no hospital de Gaia, uma ecografia ao coração com um novo método. Permite uma visão a três dimensões, o que facilita a correção de problemas que podem estar na origem de acidentes vasculares cerebrais. Esta técnica foi aplicada num doente com fibrilhação auricular (movimentos irregulares), um dos fatores de risco de AVC.


O Centro Hospitalar de Gaia/Espinho dispõe de uma nova tecnologia que permite ver em 3D o interior do coração, sem necessidade de anestesia ou intubação, e cuja utilização promete reduzir do risco de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Chama-se Ecografia Intracardíaca Tridimensional Volumétrica e é a primeira da Europa, garante a instituição.

Através da nova tecnologia, desenvolvida em parceria com o Centro Hospitalar de Gaia, será possível encerrar com maior segurança o apêndice auricular esquerdo, local no interior do coração onde se formam coágulos que podem originar Acidentes Vasculares. “O encerramento deste apêndice no coração dos doentes com Fibrilhação Auricular impedirá a ocorrência de AVC, sendo necessário nomeadamente nos doentes com contraindicação para realizar terapêuticas anticoagulantes”, explica o hospital. Para este procedimento, a imagem utilizada até agora era feita por via transesofágica, (com necessidade de anestesia geral) ou com imagem intracardíaca bidimensional, permitindo a nova tecnologia obter uma imagem tridimensional, em tempo real e com cor.

“Com este novo procedimento, Ecografia Intracardíaca Tridimensional realizado pela primeira vez a nível europeu no CHVNG/E, o doente é picado por uma veia femoral com anestesia local, sendo introduzido um tubo que tem na ponta um sistema de imagem do interior do coração ligado a um eco cardiógrafo, onde a imagem é mostrada”, explica o hospital.

PLACA TECTÓNICA INDO-AUSTRALIANA AMEAÇA PARTIR-SE EM DUAS



PLACA TECTÓNICA INDO-AUSTRALIANA AMEAÇA PARTIR-SE EM DUAS

publicado em 26 de setembro de 2012

Os grandes sismos que se têm registado no Oceano Índico, ao largo da Indonésia, são provocados por fissuras progressivas na placa tectónica indo-australiana, que ameaça partir-se em duas, revela um estudo publicado na revista "Nature". 

O Oceano Índico foi abalado, a 11 de abril deste ano, por dois sismos significativos, o primeiro com magnitude de 8,6 e o segundo com 8,2.   
Segundo explicou Thorne Lay, da Universidade da Califórnia, um dos autores do estudo publicado na Nature, o primeiro abalo foi causado pela rutura de pelo menos quatro falhas geológicas submarinas no espaço de apenas dois minutos e 40 segundos. A essa seguiu-se, duas horas mais tarde, a rutura de uma quinta falha, que gerou o segundo sismo.

Processo levará milhões de anos

O que é raro é o facto de os dois abalos se terem registado no coração da placa tectónica indo-australiana, ao largo da ilha de Samatra, a maior ilha do arquipélago da Indonésia, e não na junção de duas placas, como costuma ser o caso.
"O que estamos a observar é a placa indo-australiana a fragmentar-se em duas placas distintas", resumiu o cientista. 
Keith Hoper, da Universidade de Utah, co-autor do estudo, sublinhou que a fragmentação das placas australiana e indiana só ocorrerá após "milhares de sismos igualmente potentes" como os de abril, tratando-se de "um processo geológico que durará milhões de anos".

Cérebros das crianças condicionados por logótipos da Mcdonalds



CÉREBROS DAS CRIANÇAS CONDICIONADOS POR LOGÓTIPOS DA MCDONALDS

publicado em 26 de setembro de 2012

        Um estudo científico mostrou como os logótipos de marcas de fast food ficam 'marcados' nos cérebros das crianças, numa idade em que ainda não têm os processos inibitórios necessários para os ajudar nas suas escolhas.
As zonas de prazer e de apetite dos cérebros das crianças reagem quando estas veem logótipos de marcas de fast food, como a McDonalds ou a KFC, segundo um estudo que envolveu investigadores da University of Missouri-Kansas City e da University of Kansas Medical Center.
O estudo foi efetuado através da observação dos cérebros de 60 crianças, entre os 10 e os 14 anos, enquanto lhes foram exibidos 60 logótipos de conhecidas marcas de fast food e outros 60 logótipos de conhecidas marcas de produtos não alimentares.
Utilizando um scanner especial que mede fluxo sanguíneo nas diferentes áreas do cérebro, os investigadores detetaram que os logótipos de fast food faziam aumentar o fluxo nas zonas de prazer e de apetite, o que não acontecia quando as crianças visionavam os outros logótipos.

A importância da embalagem
"Os cérebros das crianças estão 'marcados' pelos logos de comida", declarou Amanda Bruce, investigadora que conduziu a investigação, alertando para o modo como esse fator contribui para criar maus hábitos alimentar.
"Sem os processos inibitórios necessários para as auxiliar a tomar decisões, os jovens são particularmente susceptíveis de fazer más escolhas sobre o que comer", acrescentou a investigadora.
No estudo foi também pedido às crianças para experimentarem dois hamburgers da McDonalds, um deles servido numa embalagem com a respectiva marca e o outro numa embalagem 'branca'. A esmagadora maioria disse preferir o hamburger com a embalagem da McDonalds.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

INVESTIGADORA DO ISEP RECEBE BOLSA EUROPEIA




 INVESTIGADORA DO ISEP RECEBE BOLSA EUROPEIA

publicado em 24.09.12



A investigadora Goreti Sales ganhou uma das bolsas do European Research Council, no valor de um milhão de euros. Com uma duração de cinco anos, o Projeto 3Ps pretende criar dispositivos autónomos e portáteis para o diagnóstico precoce do cancro.

Baseando-se numa ideia inovadora o 3Ps permitirá detetar indicadores de alerta para a instalação do cancro de modo análogo aos sistemas utilizados hoje no controlo da diabetes. Espera-se que o 3Ps facilite o acesso da comunidade em geral à monitorização destes sinais de alerta, a tempo de evitar a instalação da doença ou de minimizar as suas consequências.

Vai ser um passo importante no diagnóstico precoce da doença oncológica, nomeadamente nas patologias com maior incidência a nível mundial: cancro da mama, cancro do colo do útero e cancro colo-retal.

«O aparecimento de uma patologia como o cancro está associado à presença de algumas biomoléculas (bio marcadores) que circulam no organismo em baixas quantidades. A existência de um biossensor (dispositivo) capaz de detetar esses bio marcadores, de modo rápido, rigoroso e não invasivo, será extremamente importante para a dinamização do diagnóstico precoce da doença», explica Goreti Sales, coordenadora do Biomark - Sensor Research, unidade de investigação do ISEP.

A conquista desta bolsa é um importante reconhecimento da investigação de ponta realizada no ISEP, sendo que o European Research Council as dirige aos «melhores e mais criativos investigadores mundiais». Este ano, concorreram 4741 projetos.

O Biomark - Sensor Research é uma unidade de investigação do ISEP que centra a sua atividade no desenvolvimento de biossensores, nos mais variados ramos de aplicação, desde a área alimentar ao ambiente e saúde. Criada em 2011, conta já com mais de 20 artigos publicados em diferentes revistas científicas internacionais. Para o projeto 3Ps, a equipa liderada por Goreti Sales é ainda composta por dois alunos de pós-doutoramento e dois alunos de doutoramento.

A concretização prática deste estudo contará com a colaboração do IPO-Porto.