sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Portugal entre os países europeus com maior taxa de novos casos de VIH/sida

Texto de Clara Viana e Ana Cristina Pereira publicado pelo jornal Público em 30/11/2012
"Organização Mundial da Saúde divulga relatório que deixa Portugal numa má posição. Taxa de diagnósticos tardios está acima da média. E pode estar a aumentar.
Nos últimos 30 anos foram notificados em Portugal 42.350 casos de infecção por VIH
 
Dados do estudo da Organização Mundial de Saúde
 A prevenção está a falhar. Quase 54 mil novos casos de VIH/sida foram notificados no ano passado na chamada Região Europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS), que inclui um total de 53 Estados. Portugal é o sexto da lista. O director-geral da Saúde, Francisco George, usa a expressão “epidemia concentrada”.
A incidência da infecção é de oito a 10% entre homens que fazem sexo com homens e entre profissionais do sexo. “É um número brutal”, comentou na quinta-feira em Lisboa, na mesma conferência organizada pela Abraço, o médico e deputado do PSD Baptista Leite. A prevalência entre a população geral é de 0,6%.

Na conferência, Baptista Leite, coordenador do grupo de trabalho de acompanhamento da problemática VIH/sida, indicou que Portugal estará ainda em pior posição no número de novos casos de infecção, sendo o terceiro país da Europa com maior incidência.

O director do Programa Nacional para a Infecção VIH/sida, António Diniz, traçou a evolução: entre 1983 e 31 de Outubro de 2012 foram notificados em Portugal 42.350 casos de infecção por VIH. Registou-se uma subida de dez mil em apenas cinco anos, tendo em conta que em 2007 havia em Portugal 32.491 infectados.
 
O mapa revela três grandes focos. António Dinis apontou-os: 40% dos casos de infecção são registados na zona de Lisboa, 20% na área do Porto e 15% em Setúbal. A percentagem tem aumentado entre heterossexuais e homossexuais. Orientação sexual à parte, a diminuição nota-se entre consumidores de drogas injectáveis.
 
Em Portugal, uma em cada três pessoas infectadas nem imagina que contraiu o vírus, referiu Baptista Leite. E esse desconhecimento potencia novos casos. Pode até pôr em causa a vida dos infectados que ignoram a sua condição.
Diagnóstico tardio
Não é só em Portugal. Não há sinais de estar a abrandar o ritmo da transmissão de VIH/sida na Europa. Até está a crescer no Leste, alerta o relatório que lançado esta sexta-feira pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças e pela OMS. Entre utilizadores de drogas injectáveis, mesmo em países com números tradicionalmente baixos, pode disparar, como aconteceu ainda há pouco na Roménia e na Grécia.
 
Faltam dados recentes sobre o Liechtenstein, o Mónaco, a Rússia e Uzbequistão. Na lista, oito países aparecem com uma taxa superior a sete novos casos diagnosticados em 2011 por cada cem mil habitantes: Estónia (27,3), Letónia (13,4), Bélgica (10,7), Reino Unido (10,0), Luxemburgo (8,6), Portugal (8,5), Espanha (8,4) e Grécia (7,4).
 
Numa nota sobre o relatório, o director do Centro Europeu, Marc Sprenger, enfatiza: “Exemplos recentes de diferentes países da UE mostram que o falhanço na quebra da cadeia de transmissão do VIH conduzirá inevitavelmente a uma alta prevalência de VIH a longo prazo”. Pelos dados de que dispõe, metade fez o teste tarde. “Se queremos reduzir e prevenir a transmissão do VIH em toda a Europa, temos de investir e de promover o aconselhamento e a despistagem”, avisa. “Dessa forma, garantimos o diagnóstico precoce, bem como o acesso e a adesão ao tratamento, diminuímos o número de diagnosticados tardios e melhoramos os resultados do tratamento a longo prazo. “
 
A taxa de diagnósticos tardios do VIH/sida em Portugal está acima da média: 65%. E pode estar a aumentar. Em 2010 realizaram-se 23.966 testes numa fase precoce, no ano seguinte 19.620.“Não tenho uma justificação estudada para apontar”, disse Diniz, citado pela agência Lusa. “Não foi falta de testes, não encerraram nem houve alterações nos CAD [Centros de Aconselhamento e Detecção]”.
 
“Sem terapêutica adequada, as pessoas morrem em média em 24 meses”, frisou Baptista Leite. A esse respeito, Kamal Mansinho, do Hospital Egas Moniz, lembrou que, nos últimos dez anos, mais de metade das pessoas a quem a infecção foi diagnosticada no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental já estaria “infectada há mais de uma década”. Geralmente, este é o período em que a infecção não produz sintomas.
 
Nos países industrializados, um jovem de 20 anos infectado, quando tratado em tempo útil, pode viver mais 50 anos. Quer isto dizer, explicou Kamal Mansinho, que “pode viver 70 anos com qualidade e autonomia”. “É importante que a comunidade, as seguradoras, os empregadores saibam disto.”
 
“A crise financeira mundial está a desafiar os governos a investir”, advoga também Zsuzsanna Jakab, directora regional da OMS para a Europa, na nota já referida. Apenas um em cada quatro pacientes recebe o tratamento anti-retroviral na Europa de Leste, uma taxa que está entre as mais baixas do mundo. No seu entender, “precisamos urgentemente de aumentar os recursos, especialmente na Europa de Leste e na Ásia Central — cada euro gasto na resposta ao VIH agora será em grande parte pago com a poupança nos custos em tratamento no futuro, sem contar com os ganhos sociais por manter as pessoas saudáveis e produtivas”."

Em 2013, já poderemos saber se vem aí um tsunami

Texto de Teresa Firmino publicado pelo jornal Público em 29/11/2012

"Testado futuro sistema de alerta de tsunamis no Atlântico Nordeste, Mediterrâneo e outros mares na região. Num dos cenários testados por 19 países, simulou-se um terramoto ao largo de Portugal, seguido de ondas gigantes, idêntico ao de 1755.
O sismo do Japão em Março de 2011 causou um dos tsunamis mais violentos
Às 8h15, o exercício arrancou: naquele instante tinha acabado de acontecer, ficticiamente, um sismo ao largo de Portugal, com epicentro na Falha da Ferradura, que seria capaz de desencadear um tsunami. A partir do final de 2013, se este cenário se tornar real, poderemos ser alertados, com minutos de antecedência, que vem a caminho de Portugal uma onda gigante.
 
Pouco depois do momento marcado para o sismo fictício, o recém-criado Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Lisboa, enviava a mensagem inicial para instituições de 19 países, incluindo portuguesas, com a localização e magnitude do sismo e alertava para um possível tsunami, com estimativas do tempo de chegada da primeira onda a várias zonas costeiras do Atlântico Nordeste – desde o próprio continente e ilhas até Espanha, Marrocos ou Irlanda.
 
Minutos mais tarde, a equipa do geofísico Fernando Carrilho, do IPMA, fazia seguir a segunda mensagem, com uma actualização da magnitude do sismo: passava de 8,1 para 8,7 graus, a mesma energia libertada no terramoto de 1755, um dos mais fortes de que há memória, que destruiu Lisboa e matou cerca de dez mil pessoas na capital portuguesa. O exercício foi mais um teste ao futuro sistema de alerta precoce de tsunamis no Atlântico Nordeste, Mediterrâneo e outros mares na região, que a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO está a criar desde 2005, o ano a seguir ao tsunami que atingiu o Sudoeste asiático e provocou a morte a mais de 200 mil pessoas.
 
No Pacífico e Caraíbas, já existe um sistema mantido pelos Estados Unidos com outros países, tal como no Índico, este criado depois da tragédia de 2004.
 
Em Abril deste ano, já tinha havido um teste às comunicações do futuro sistema de alerta na Europa, então com o envio de uma mensagem de alerta de um hipotético tsunami, enviada pelo Observatório e Instituto de Investigação de Sismos de Kandilli, em Istambul, Turquia, para 30 países. No caso de um sismo com epicentro no mar, com potencialidade para gerar ondas gigantes, é crucial que o alerta seja dado em poucos minutos e que os centros responsáveis pelos avisos nos vários países reajam depressa.
 
Agora, nas últimas terça e quarta-feira, 19 países testaram não só as comunicações, mas também a capacidade de os serviços de protecção civil para lidarem com a ameaça de um tsunami, explica Fernando Carrilho, um dos coordenadores do projecto em Portugal. Desta vez, o teste incluiu quatro cenários de tsunamis gerados por sismos: a Turquia enviou o alerta relativo ao Mediterrâneo Oriental, a França ao Mediterrâneo Ocidental, a Grécia ao Mar Egeu e Portugal ao Atlântico Nordeste.
 
No caso do cenário gerido pelo IPMA, na terceira, entre as seis mensagens enviadas esta terça-feira, confirmava-se já a ocorrência do hipotético tsunami, com medições na costa por marégrafos, tanto portugueses como de outros países. O tsunami chegaria com uma onda de nove metros a Sagres, 22 minutos depois do suposto sismo, e de cinco metros a Cascais, 40 minutos depois. A Casablanca, por exemplo, chegaria uma onda de oito metros. A propagação da onda desde a Falha da Ferradura – com mais de 100 quilómetros de extensão e que tem sido apontada como uma das que possivelmente originou o sismo de 1755 – pode ver-se numa simulação animada do IPMA.
 
Três países em operação...
Por enquanto, só três países estão em condições de lançar alertas à população, baseando-se sobretudo em informação sísmica – por exemplo, se ocorre um sismo com epicentro no mar e magnitude superior a 6,5 graus, existe a possibilidade de tsunami. Por outro lado, o sistema praticamente não tem ainda estações no fundo do mar, cujos sensores permitiriam detectar com mais fiabilidade se um tsunami vem a caminho da costa. Os sensores das estações detectam uma certa variação na altura da coluna de água, causada porque o fundo do mar sofre uma deformação produzida por um sismo. É que um sismo é originado quando a crosta terrestre se rompe. No mar, gera-se um tsunami quando essa ruptura também deforma o fundo do mar.
 
“Em Julho e Agosto, a Grécia, Turquia e França declararam que estão em operação: o Mediterrâneo Ocidental e Oriental tem já sistema de monitorização e alerta, ainda que sem estações no fundo do mar, com excepção da Turquia, que instalou algumas estações no mar de Mármara”, refere Fernando Carrilho. “No Atlântico Nordeste e Mediterrâneo Central ainda não está em operação nenhum sistema. Portugal defendeu, na última reunião [dos parceiros envolvidos no sistema], em Setembro, que está a planear entrar em operação no último trimestre de 2013.”
 
Assim sendo, no final do próximo ano, com base na magnitude e localização dos sismos e ainda em medições do nível do mar pelas estações maregráficas que existem na costa, quando a onda lá chegar, o IPMA estará em condições de enviar alertas para os países participantes no sistema. Em Portugal, a Autoridade Nacional de Protecção Civil decidirá então, na sequência dessas mensagens, o que fazer: se lançará avisos à população e se neles haverá ordem de evacuação de determinadas zonas.
 
... E no mar, três estações para o Sudoeste ibérico
Para quando a instalação das estações no fundo do mar? “[Por causa da crise], nos tempos mais próximos nenhum país europeu vai ter estações no fundo do mar”, diz Maria Ana Baptista, do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa, também coordenadora do projecto em Portugal.
 
Seja como for, a configuração estudada do sistema para o Sudoeste do cabo de São Vicente incluiu o mínimo de três estações. A compra e instalação de cada uma delas custariam cerca de 700 mil euros, a que se juntariam outros 700 mil euros por ano em manutenção. “Esta é a componente mais difícil de concretizar, porque envolve grandes investimentos. Provavelmente, o sistema arrancará dependendo da rede sísmica e maregráfica, sem estações no fundo do mar”, diz Fernando Carrilho. “Ou é Portugal que avança e instala e mantém em operação esses equipamentos, ou, no âmbito de cooperação internacional, considera-se que esses equipamentos serviriam Espanha, Marrocos, Irlanda, Reino Unido e haveria uma parceria que suportaria essa instalação.”
 
Mesmo sem estações no fundo do mar, como um tsunami demora só alguns minutos a chegar a certas zonas da costa portuguesa, como seria avisada a população? “Teria de haver sistemas de alerta sonoros nas praias mais expostas e difusão de mensagens nos canais televisivos”, responde Fernando Carrilho. “Se for durante a noite, os sinais sonoros são os mais eficazes”, sublinha o geofísico, acrescentando que a Câmara Municipal de Setúbal já tem uma experiência desse género na praia de Albarquel."

Apanhados buraco negro mais maciço e quasar mais potente

Texto de Ana Gerschenfeld publicado pelo jornal Público em 29/11/2012

"Dois "monstros" cósmicos que acabam de ser descobertos poderão permitir perceber melhor a evolução das galáxias e dos seus buracos negros centrais
O quasar SDSS-J1106+1939 é o mais poderoso "cuspidor" de matéria de sempre
A galáxia NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra na direcção da constelação de Perseu, tem uma originalidade: é quase totalmente ocupada por um buraco negro. E mais: segundo resultados hoje publicados na revista Nature, também não se trata de um buraco negro qualquer, mas do mais maciço buraco negro recenseado até aqui.
 
O "monstro" foi descoberto com o Telescópio Hobby-Eberly (HET), do Observatório McDonald da Universidade do Texas (EUA), um dos grandes telescópios ópticos mundiais, cujo espelho mede 9,2 metros de diâmetro.
 
Para tentar perceber a forma como as galáxias e os buracos negros que residem no seu centro se formam e evoluem em conjunto, Remco van den Bosch e colegas estão a estudar as 800 galáxias mais maciças da nossa "vizinhança" cósmica. "Actualmente, há três mecanismos completamente diferentes para explicar a relação entre a massa dos buracos negros e as propriedades das galáxias hospedeiras", diz Van den Bosch em comunicado da Universidade do Texas. "Mas ainda não sabemos qual é a melhor dessas três teorias."
 
Os cientistas combinaram dados recolhidos pelo HET com medições da luminosidade da NGC 1277 feitas a partir de fotografias tiradas pelo telescópio espacial Hubble e com modelos matemáticos simulados num supercomputador. E concluíram que a massa do buraco negro em questão corresponde a 17 mil milhões de vezes a do Sol.
 
O resultado surpreendeu-os porque a NGC 1277 é uma galáxia compacta e pequena, de massa e tamanho dez vezes inferiores aos da Via Láctea. Mas, apesar disso, a largura do buraco negro é mais de 11 vezes maior do que a órbita de Neptuno à volta do Sol, representando 14% da massa total da galáxia - e 59% da massa do seu grupo central de estrelas. Um resultado que contrasta fortemente com o habitual, em que a massa do buraco negro central representa apenas 0,1% da massa total da galáxia hospedeira.
 
"Esta galáxia é mesmo anticonformista", diz o co-autor Karl Gebhardt, citado pelo mesmo documento. "É quase só buraco negro. A sua massa é muito maior do que o previsto, o que nos leva a pensar que o processo físico de crescimento dos buracos negros nas galáxias muito maciças é diferente."
 
Entretanto, utilizando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), situado no Monte Paranal, no Chile, Nahum Arav e os seus colegas, da Universidade Técnica da Virgínia (EUA), anunciaram ontem a detecção de um outro "monstro" cósmico: o quasar mais energético de sempre.
 
Os quasares são regiões compactas e extremamente luminosas, situadas no centro das galáxias maciças, à volta do buraco negro central. E apesar de os buracos negros "sugarem" grande parte da matéria envolvente, muitos quasares ejectam enormes quantidades de matéria para o exterior - fenómeno que se pensa ter um grande impacto na evolução da galáxia hospedeira. Só que, até agora, explica o ESO em comunicado, nunca tinha sido encontrado um quasar com os altos níveis de energia de ejecção previstos por esta teoria.
 
Os cientistas descobriram um quasar, SDSS-J1106+1939, cujo ritmo de emissão de energia é, diz Arav, "no mínimo equivalente a dois milhões de milhões de vezes a emissão de energia do Sol e cerca de 100 vezes maior do que a produção energética total da Via Láctea". O quasar "cospe" cerca de 400 vezes a massa do Sol por ano, à velocidade de 8000 quilómetros por segundo. "Há dez anos que procurava uma coisa destas e é muito excitante termos finalmente encontrado uma ejecção tão monstruosa como previa a teoria!" "

Antárctida e Gronelândia estão a derreter mais rapidamente

Texto de Ricardo Garcia publicado pelo jornal Público. em 30/11/2012
"Degelo nos últimos 20 anos foi responsável por um quinto da subida do nível do mar, segundo o estudo mais completo até agora realizado.
Entre 1992 e 2011, o nível do mar subiu 11 milímetros
O gelo da Antárctida e da Gronelândia está a derreter mais cada vez mais rapidamente, num processo responsável por um quinto da subida do nível do mar nos últimos 20 anos.
 
Segundo a mais completa análise do degelo no extremo Sul do planeta, publicada nesta sexta-feira na revista Science, cerca de 4,3 biliões de toneladas de gelo fundiram-se entre 1992 e 2011, elevando o nível do mar em 11 milímetros.
 
Os números globais são uma novidade perante o que já se sabia acerca da evolução das zonas polares e da sua relação com as alterações climáticas Pelo menos 29 estudos sobre o assunto foram realizados desde 1998, baseados em imagens de satélite. Mas, em geral, utilizaram séries curtas de imagens – em média de quatro anos e meio.
 
Agora, uma equipa de 47 investigadores, de 26 laboratórios diferentes, incluindo as agências espaciais europeia (ESA) e norte-americana (NASA), foi mais além e combinou duas décadas de imagens, cruzando três métodos diferentes de medições. O resultado, segundo os investigadores, é uma avaliação com maior grau de certeza sobre o que se tem passado com a cobertura polar do Sul.
 
Em quatro regiões analisadas, três perderam parte do seu volume de gelo – Gronelândia, Antárctida Oeste e Península Antárctida. Na Antárctida Leste, parece ter havido um ganho de massa, mas com uma margem de erro que não permite com segurança dizer se houve de facto aumento ou redução.
 
Seja como for, no total há menos gelo. É na Gronelândia que o processo foi mais acentuado, representando dois terços do total da massa perdida. “O ritmo do degelo na Gronelândia aumentou quase cinco vezes desde meados de 1990”, afirma um dos coordenadores do estudo, Erik Ivins, do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, num comunicado.
 
Os efeitos deste processo também estão a tornar-se mais rápidos. Na década de 1990, o derretimento do gelo da Antárctida e da Gronelândia estava a fazer subir o nível do mar a um ritmo médio de 0,27 milímetros por ano. Na década passada, o passo acelerou para 0,95 milímetros por ano.
 
Em média, em todo o período 1992-2011, o ritmo foi de 0,59 milímetros por ano, o que representa quase 20% da subida total do nível do mar neste período. De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, de 2007, o nível do mar aumentou 3,1 milímetros por ano desde 1993.
 
Os resultados deste estudo – também liderado pelo investigador Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds, no Reino Unido – parecem contraditórios com outro divulgado há cerca de três semanas, e que indicava que a cobertura de gelo na Antárctida estava maior do que nunca, desde que há monitorização por satélite. Em Setembro, a área congelada à volta do continente atingiu a marca recorde de 19,44 milhões de quilómetros quadrados, segundo cientistas da British Antarctic Survey e da NASA. E entre 1979 e 2010, houve um crescimento médio de 0,9% por década – com variações ano a ano e conforme a região da Antárctida.
 
O aumento, no entanto, verifica-se na superfície, e não no volume, e apenas incide sobre o gelo que está sobre o mar – e cuja evolução não tem influência sobre o nível dos oceanos. O estudo agora publicado na Science refere-se ao gelo que está sobre terra e que, uma vez fundido, faz aumentar a quantidade de água no mar.
 
No outro extremo da Terra, no Árctico, a cobertura de gelo sobre o mar está a diminuir aceleradamente. Em Agosto e Setembro deste ano, foi batido um novo recorde de área mínima, desde que há séries de imagens de satélite."
Célula estaminal de dente do siso pode regenerar tecidos ósseos e nervosos

Publicado em www.jn.pt a 29/11/2012

Investigadores isolaram uma célula estaminal pluripotente extraída da polpa dentária do terceiro molar (dente do siso) que é capaz de regenerar tecidos ósseos, hepáticos e nervosos, noticiou a agência Efe.


A equipa liderada pelo médico Maher Atari, da Faculdade de Odontologia da Universidade Internacional da Catalunha, demonstrou "in vitro" a capacidade da célula estaminal pluripotente (célula na origem de todos os tipos de células) extraída da polpa dentária (estrutura interna do dente) regenerar tecido ósseo, hepático e nervoso.
Para tal, isolou a célula em adultos entre os 14 e os 60 anos.
Maher Atari
Os especialistas usaram o terceiro molar, porque é o último dente a desenvolver-se nos humanos e é capaz de proporcionar uma quantidade ótima de tecido de polpa dentária para o isolamento das células estaminais adultas pluripotentes.


A investigação, publicada na revista Journal of Cell Science, concluiu que as células estaminais pluripotentes estão sempre presentes na polpa dentária, pelo que podem ser isoladas, independentemente da sua idade.
 

Investigadores  descobrem 'segredos' da pré-história do mediterrâneo


Análises genéticas e químicas de esqueletos revelam origens dos primeiros habitantes da Sicília
Publicado em www.cienciahoje.pt em 2012-11-29

Ilhas Égadi, Sicília, Itália

Restos de esqueletos encontrados numa gruta em Favignana (ilhas Égadi, Sicília, Itália) revelam que os primeiros assentamentos de humanos modernos na Sicília remontam à última idade do gelo. Apesar de viverem numa ilha mediterrânica, esses caçadores-recolectores comiam pouco marisco.




O artigo que apresenta estas e outras conclusões está publicado na «Plos ONE». A investigação foi levada a cabo por uma equipa do Max Planck Institute dirigida por Marcello Mannino.
A análise genética dos ossos descobertos fornece alguns dos primeiros dados de DNA mitocondrial dos primeiros humanos daquela região, uma peça essencial para a análise destes antepassados. A análise revela em que altura a humana moderna chegaram às ilhas.
O povoamento definitivo da Sicília ocorreu no auge da última era glaciar, entre 19 mil – 26 500 anos, quando o nível do mar estava baixo o suficiente para expor a 'ponte' terrestre entre a ilha e a Península Itálica.
Os autores também analisaram a composição química dos restos humanos e descobriram que aquelas populações mantiveram um estilo caçador-recolector, dando mais importância, na sua alimentação, aos animais terrestres do que aos recursos marinhos.
O estudo publicado na «Plos ONE» é de acesso livre.

Artigo: Origin and Diet of the Prehistoric Hunter-Gatherers on the Mediterranean Island of Favignana (Ègadi Islands, Sicily)