segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Europa quer diminuir “consumos energéticos brutais”

Centros de dados consomem quase o mesmo que 30 centrais nucleares
Publicado em www.cienciahoje.pt 2012-11-19


Carlos Patrão

Uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra (UC) participou num projecto europeu para desenhar e implementar medidas de eficiência energética no que respeita aos Data Centers.


Estes centros de dados representam, em todo o mundo, cerca de 30 mil milhões de Watts de electricidade ligados continuamente, mais ou menos o equivalente à potência instalada em 30 centrais nucleares.

Com um orçamento global de um milhão e 200 mil euros, o projecto PrimeEnergyIT decorreu ao longo dos últimos três anos, foi coordenado pela Agência de Energia da Áustria e reuniu, em consórcio, várias universidades, agências de energia e institutos de investigação em cooperação com os principais líderes da indústria.

Os investigadores envolvidos forneceram as ferramentas necessárias para habilitar os técnicos e as indústrias a adoptarem as melhores soluções, aos níveis energético e ambiental, quando necessitarem de desenhar ou adquirir equipamento na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), incluindo servidores, armazenamento de dados, redes e infraestruturas.

Segundo Carlos Patrão, coordenador da investigação, a importância do projecto prende-se com o facto de “cada vez mais as empresas da indústria das TIC procurarem oferecer mais e novos serviços baseados na internet, implicando “consumos energéticos brutais”. “Para se ter uma ideia, o Google afirma que os seus utilizadores podem estar uma vida inteira sem apagar um único e-mail da sua conta. Por outro lado, a cada minuto, 60 horas de vídeo são carregadas no YouTube. Por dia, são enviados 294 mil milhões de e-mails. Só em 2011, foram criados ou replicados mais de 1,8 zetabytes de dados, o suficiente para encher 57,5 mil milhões de iPads – e este número duplica a cada dois anos. É espectável que em 2020, o sector das TIC poderá já ter emitido mais gases efeito de estufa que toda a aviação comercial”, exemplifica.

Do PrimeEnergyIT resultou a edição de um «Guia para aquisição de equipamento eficiente», onde são estabelecidos critérios para cadernos de encargos de forma a encontrar soluções energeticamente eficientes, e dois Manuais – um de Boas Práticas e outro Tecnológico.

A equipa de investigadores portugueses realizou ainda um caso de estudo com o Supercomputador MILIPEIA, da Universidade de Coimbra, em que a implementação de um sistema de refrigeração (free cooling) permitiu ganhos imediatos de 15 por cento (90MWh/ano), de eficiência energética.

Os parceiros de implementação, a nível nacional, do Instituto de Sistemas e Robótica da UC foram a IBM, a Schneider Electric e a Ordem dos Engenheiros, tendo formado cerca de 150 peritos.



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