quarta-feira, 25 de abril de 2012

Células estaminais- Cientistas conseguem fazer crescer pêlos em ratinhos carecas

Em artigo publicado pelo Público, Nicolau Ferreira dá-nos conta de uma importante investigação que poderá estar na base de um tratamento eficaz do problema da alopécia, vulgo calvíce, que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino.
"O elixir da eterna juventude vem aos pedaços. Agora, uma equipa japonesa conseguiu fazer crescer pêlos em ratinhos carecas, com todas as funções. Este desenvolvimento foi feito usando células estaminais adultas da pele, que têm capacidade de originar vários tipos de células. Publicado na última edição da revista Nature Communications, o trabalho é um passo para o fim da calvície.

O segredo foi apostar nas estruturas que dão origem aos folículos capilares – os pequenos invólucros, que existem na pele, de onde nascem os pêlos do corpo e da cabeça. A formação dos folículos só ocorre durante o desenvolvimento do feto e, quando esta estrutura desaparece, a sua substituição não é possível e os pêlos deixam de crescer.

Mas, até lá, existem células que envolvem o folículo e que durante toda a vida vão produzindo pêlos ciclicamente. A equipa de cientistas, liderada por Takashi Tsuji, da Universidade de Ciências de Tóquio, utilizou as células dos folículos para fazer crescer pêlos. Os cientistas trabalharam com dois tipos de células estaminais dos folículos, umas que estão por baixo da raiz do pêlo e outras mais acima, ao lado do pêlo.

No laboratório, os cientistas juntaram as duas populações de células de ratinho e criaram uma bolinha de células que implantaram na pele de ratinhos carecas. Passados 14 dias, 74% dos 62 animais tratados tinham um tufo de pêlos a crescer saudavelmente no dorso.

Boa densidade capilar

Apesar da "plantação" ter resultado, quase todos os pêlos não tinham pigmentação. Ou seja, nasceram brancos. Mas a equipa conseguiu obter pêlos escuros, adicionando à bolinha células que produziam pigmentos.

Mais: os folículos capilares que se desenvolveram tinham ligações nervosas, glândulas sebáceas e fibras musculares associadas, o que permite que os pêlos se ericem, como acontece quando temos frio.

Tal como os folículos naturais, a equipa de Takashi Tsuji verificou ainda que os novos folículos originavam ciclos de crescimento e de morte dos pêlos. Estes ciclos, refere Tsuji num comunicado, mantiveram-se durante quase um ano.

"Pensamos que os folículos capilares construídos por bioengenharia podem funcionar durante o tempo médio de vida", diz. É assim uma plantação duradoura.

Numa outra experiência, os cientistas testaram o que aconteceria se construíssem bolinhas com células de folículos capilares de um homem com alopécia, o nome técnico da calvície, comum no sexo masculino.

Implantaram essas células nos ratinhos e, em 21 dias, cresceu cabelo escuro. Um resultado que é animador para o tratamento deste problema.

Para testar se seria possível ter uma densidade capilar boa, o que significa entre 60 a 100 pêlos por centímetro quadrado, a equipa fez ainda outra experiência: implantou 28 bolinhas de células de ratinho num centímetro quadrado da pele de três animais. E obteve bons números: em média, nasceram 124 pêlos.

"Estes resultados indicam que o transplante de folículos capilares feitos através da bioengenharia podem ser aplicados no tratamento da alopécia", conclui o artigo.

Num comentário feito na revista Nature, Mayumi Ito, dermatologista de Nova Iorque, sublinha que este é o primeiro relato da reconstituição de folículos capilares com células humanas. Para Mayumi Ito, falta agora a equipa mostrar que consegue disseminar os folículos capilares numa região maior".

quinta-feira, 19 de abril de 2012


Fauna a 2 Mil Metros de Profundidade na Antártida

No âmbito do programa “Census of Marine Life”, foi realizado um estudo sobre as fontes hidrotermais nos fundos marinhos do East Scotia Ridge, na Antárctica, liderado por uma equipa da universidade britânica de Oxford, constituída por cientistas dos Estados Unidos, Escócia, Espanha e Portugal. Este tinha como objectivo averiguar a hipótese de que o Oceano Antárctico funcionava como uma ponte entre os outros grandes oceanos do mundo, permitindo a dispersão de organismos. Deste modo, as fortes correntes deste oceano ajudariam as espécies a moverem-se de um oceano para outro, pelo que os cientistas esperavam encontrar uma fauna bastante diversificada neste local.

Estas fontes hidrotermais caracterizam-se por se encontrarem a cerca de 2300 metros de profundidade, atingirem temperaturas que rondam os 280 graus centígrados e, ainda, por apresentarem condições ambientais extremas (ondas que podem chegar aos 20 metros e nevões constantes) que constituem um obstáculo ao estudo dos fundos marinhos da Antárctida durante o inverno do hemisfério Sul.

O estudo da fauna nas fontes hidrotermais é uma área relativamente nova da ciência, assim, com este estudo, os cientistas esperavam encontrar a fauna típica das fontes hidrotermais de outros oceanos constituída por animais como, por exemplo, mexilhões, caranguejos e camarões.

No entanto, esta expectativa não se verificou, sendo encontrada uma fauna muito diferente da prevista na qual se encontraram incluídas comunidades completamente diferentes das conhecidas, não só ao nível dos animais como também das combinações de espécies. Estas particularidades levam os cientistas a considerar esta região como uma zona biogeográfica única, dado que é possível que as duras condições das águas da Antárctida possam actuar como uma barreira para alguma fauna das fontes hidrotermais.

Entre a particular fauna, foram encontrados a 2500 metros de profundidade novas espécies de caranguejo, estrela-do-mar (predadora com sete braços), cracas, anémonas e um polvo branco. A nova espécie de caranguejo descoberta, designado caranguejo-yeti, distingue-se por ser branco e apresentar pêlos no ventre, ao contrário dos caranguejos-yeti conhecidos do Pacífico Sul que apresentam pêlos nas patas que são utilizados para cultivarem bactérias das quais se alimentam. Para além disso, estes novos seres vivem em grandes grupos, tendo sido encontrados amontoados próximo dos fluxos das fontes hidrotermais, existindo em alguns locais cerca de 600 indivíduos por metro quadrado.


A descoberta foi revelada num artigo publicado na revista científica PLoS Biology, em que a investigadora da Universidade de Aveiro Ana Hilário, bióloga especializada em estudos marinhos, aparece como sendo a única portuguesa entre os autores e a participar na expedição à Antárctida.


Beatriz Bandarra e Fabiana Duarte, alunas do 11ºB