sábado, 1 de setembro de 2012

Artrópodes ficaram 230 milhões de anos aprisionados em âmbar


Artigo de Maria do Céu Pereira publicado no jornal Público em 28/08/2012
Resina fossilizada
“Duas espécies de ácaros e uma de mosquito, aprisionadas durante 230 milhões de anos em âmbar, foram descobertas nos Alpes italianos, perto de Cortina d’Ampezzo.
A equipa de Alexander Schmidt, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, analisou algo como 70 mil gotículas de âmbar (resina fossilizada), com cerca de três milímetros de diâmetro cada uma, até que se deparou, entre vários microrganismos, com os ácaros e o mosquito. O que eles têm de especial é passarem a ser os fósseis mais antigos de artrópodes em âmbar. Até agora, os mais antigos eram do início do Período Cretácico, com 130 milhões de anos.
A antiguidade dos ácaros e a sua aparência estranha, para um animal do Período Triásico, com características semelhantes às dos ácaros actuais, como terem apenas dois pares de patas, surpreenderam os cientistas. Um dos ácaros tem o corpo alongado como um verme, com “estruturas de alimentação bizarras”, enquanto o outro é mais arredondado e a “boca” é mais vulgar, diz a equipa no artigo que publicou sobre a descoberta na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os dois ácaros descobertos
“A descoberta de artrópodes do Triásico Superior terá implicações para compreender a evolução dos organismos terrestres”, diz o artigo.
Naqueles tempos, não havia ainda muita resina (produzida por exemplo pelas coníferas), que já tinha surgido na Terra há mais de 300 milhões de anos. Só passou a haver mais resina a partir do início do Período Cretácico e, por isso, a descoberta de tantas gotículas de âmbar tão antigas, ainda por cima com animais lá dentro, é rara. O local onde foram encontradas no Norte de Itália é o maior depósito de resina fossilizada do Triásico no mundo e deu-nos agora a ver estas relíquias do passado.”
 

 
 


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