As espécies que vivem em “ilhas” de floresta tropical poderão desaparecer muito mais depressa do que se pensava.
Uma das ilhas do reservatório de Chiew Larn, na Tailândia |
Os resultados de um estudo realizado por uma equipa internacional de cientistas e publicado nesta quinta-feira pela revista Science são peremptórios: bastaram pouco mais de duas décadas para ver desaparecer quase todos os pequenos mamíferos que viviam em fragmentos de floresta tropical na Tailândia.
Luke Gibson, da Universidade Nacional de Singapura, e colegas, queriam perceber se as espécies autóctones desses habitats conseguiriam sobreviver o tempo suficiente – digamos, muitas décadas – para permitir a criação de corredores entre os fragmentos e compensar assim os efeitos nefastos do isolamento ecológico. A conclusão parece ser que não há tempo nenhum.
No estudo, os cientistas utilizaram como laboratório natural o reservatório hidroeléctrico de água de Chiew Larn, cuja inundação em finais dos anos 1980 deu origem a mais de 100 ilhas de floresta tropical. Por duas vezes, realizaram um inventário da fauna em 16 desses fragmentos florestais.
Puderam assim constatar, explica a Science, que nos fragmentos com menos de 10 hectares todos os pequenos mamíferos estavam extintos passados cinco anos – e que, nos fragmentos com 10 a 56 hectares, o mesmo acontecera ao fim de 25 anos.
“Foi um Armagedão ecológico”, diz Gibson em comunicado da sua universidade. “Ninguém imaginava que iria haver este tipo de extinções catastróficas locais.”
A fragmentação favoreceu porém uma espécie não autóctone invasora: o rato da Malásia (Rattus tiomanicus). “Isto sugere fortemente que a fragmentação do habitat aliada à presença de espécies invasoras pode ser fatal para a fauna autóctone”, diz por seu lado Antony Lynam, da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem norte-americana, citado pelo mesmo comunicado.
As florestas tropicais são uma grande fonte de biodiversidade e estão a sofrer uma fragmentação em todo o mundo devido à captação de terras pela agricultura e outras utilizações não florestais. Com base nestes resultados, os autores concluem que os esforços de conservação da biodiversidade deveriam passar pela preservação de grandes extensões de floresta tropical.
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