quinta-feira, 27 de junho de 2013

Há três planetas na zona habitável de uma estrela

Artigo publicado pelo jornal Público em 25/06/2013.
"Astrónomos combinaram novas observações com outras mais antigas de uma estrela chamada Gliese 667C e encontraram três “super-Terras” que são “bons candidatos à presença de vida”
Impressão artística do sistema Gliese 667C
As observações anteriores já tinham permitido concluir que a estrela Gliese 667c acolhia três planetas, um deles a orbitar numa região onde a água pode existir sob forma líquida, ou seja, onde será possível existir alguma forma de vida. Os astrónomos quiseram saber mais ainda e foram à procura de outros planetas, comparando e cruzando os dados recolhidos por diferentes telescópios. Uma equipa de astrónomos liderados por Guillem Anglada-Escudé da Universidade de Göttingen, Alemanha, e Mikko Tuomi, da Universidade de Hertfordshire, Reino Unido, encontrou, de facto, algo mais.
 
Segundo explicam num comunicado do Observatório Europeu do SUL (ESO) foram encontradas “evidências da existência de até sete planetas em torno da estrela”. A estrela observada faz parte de um sistema estelar triplo que está situado a 22 anos-luz de distância na constelação de Escorpião e que se encontra muito próximo do planeta Terra. Estes planetas agora detectados orbitam a terceira estrela mais ténue do sistema estelar triplo.
 
“Sabíamos, a partir de estudos anteriores, que esta estrela tinha três planetas e por isso queríamos descobrir se haveria mais algum,” diz Tuomi, no comunicado do ESO. “Ao juntar algumas observações novas e analisando outra vez dados já existentes, conseguimos confirmar a existência desses três e descobrir mais alguns. Encontrar três planetas de pequena massa na zona habitável de uma estrela é algo muito excitante!”

Três destes planetas são super-Terras – planetas com mais massa do que a Terra mas com menos massa do que Urano ou Neptuno – que se encontram na zona habitável da estrela. “Esta é a primeira vez que três planetas deste tipo são descobertos nesta zona num mesmo sistema”, refere o comunicado.
 
“O número de planetas potencialmente habitáveis na nossa galáxia é muito maior se esperarmos encontrar vários em torno de cada estrela de pequena massa – em vez de observarmos dez estrelas à procura de um único planeta potencialmente habitável, podemos agora olhar para uma só estrela e encontrar vários planetas”, acrescenta o co-autor Rory Barnes (Universidade de Washington, EUA), no mesmo comunicado.
 
Além das três super-Terras situadas na zona habitável existem neste sistema dois planetas quentes situados mais próximo da estrela e dois planetas mais frios em órbitas mais afastadas. De acordo com as análises e cálculos efectuados pensa-se que “os planetas situados na zona habitável e os dois que se encontram mais próximo da estrela apresentam sempre a mesma face virada à estrela, o que significa que o seu dia e o seu ano têm a mesma duração, e num lado do planeta é sempre de dia, enquanto no outro é sempre de noite”.
 
A equipa usou dados recolhidos por vários instrumentos – desde o espectrógrafo UVES montado no Very Large Telescope do ESO, no Chile, ao Carnegie Planet Finder Spectrograph (PFS) montado no Observatório de Las Campanas, no Chile, ao espectrógrafo HIRES montado no telescópio Keck de 10 metros, no Mauna Kea, Havai: a estes dados juntou-se ainda “ uma enorme quantidade de dados do HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), instrumento montado no telescópio de 3,6 metros do ESO, no Chile, obtidos anteriormente no âmbito de outro projecto."

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