domingo, 23 de junho de 2019

Organismo humano reage à junk food como se fosse uma infeção

Um artigo de Sara Biscaia Fraga, nutricionista na Clínica Biscaia Fraga.

O termo “junk-food”, em português “comida de lixo”, caracteriza-se por ser um tipo de alimentação com elevados níveis de açúcar, gordura saturada, sal e aditivos alimentares como a tartrazina e o glutamato monossódico. Sabe o que estes compostos fazem ao seu organismo? Leia este artigo da nutricionista Sara Biscaia Fraga, da Clínica Biscaia Fraga, e descubra a resposta.
Em simultâneo, todos os alimentos referidos em cima tendem a apresentar baixas quantidades de proteínas, vitaminas e fibras.

Por norma, a junk food são alimentos de rápida ou nenhuma confeção, refinados, enlatados e a baixo preço, o que favorece o aumento do seu consumo por parte da população mais jovem ou com menos recursos. Alguns dos exemplos mais comuns são os hambúrgueres, sandes, pizzas, batatas fritas, gelados, bolos, entre outros.
O seu consumo excessivo tem sido associado a doenças como a obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, patologias cardiovasculares e até mesmo desnutrição.
Seguir uma alimentação rica em açúcar e em gorduras, nomeadamente, saturadas pode fazer com que o organismo comece a tratar os alimentos ingeridos da mesma forma que reage a uma infecção bacteriana. Foi resultado de um estudo realizado na Universidade de Bona, na Alemanha.
Os testes foram feitos em ratinhos de laboratório - um dos animais modelo na comparação com os seres humanos - durante um mês. Estes roedores foram sujeitos a uma alimentação pobre em nutrientes e fibras e rica em gorduras e açúcares. No final do estudo, os animais desenvolveram uma elevada resposta inflamatória, semelhante a uma infeção bacteriana. Ou seja, este tipo de alimentação conduziu ao aumento do número de células imunes no sangue dos ratos. Mesmo após 4 semanas, muitos dos genes afetados continuaram a comportar-se de maneira alterada.
Do ponto de vista da alimentação saudável, o ser humano necessita aproximadamente de 50 a 60% de hidratos de carbono, 25 a 30% de gordura e 12 a 15% de proteína.

Pessoas com excesso de peso mas desnutridas

Hoje em dia, os valores acima referidos não são seguidos, havendo um exagerado consumo de gorduras, proteínas animais, açúcares e sal através deste tipo de alimentação, fazendo com que haja uma carência de micronutrientes (vitaminas e minerais).
Embora sem sintomas visíveis, este tipo de desnutrição pode comprometer várias etapas do processo metabólico, principalmente o sistema imunitário e o desenvolvimento físico e mental.
Em alguns casos, por exemplo, o consumo destes alimentos pode causar excesso de peso e desnutrição em simultâneo.
Um indivíduo que consuma frequentemente junk food e apresente obesidade poderá estar muito provavelmente desnutrido em simultâneo, devido à falta de nutrientes presentes nestes alimentos.
A curto prazo estas deficiências nutricionais levam a carências em determinados nutrientes, como é o caso do ferro, originando anemia. Ou ainda a problemas como o cansaço, baixo rendimento escolar, irritabilidade, dificuldades na cicatrização, dores de cabeça, calvície, ansiedade e acne.
A base de uma alimentação saudável necessita de se tornar muito mais valorizada na educação atual. Só desta forma é possível consciencializar as crianças e adultos para que possam saber escolher os alimentos certos, contrariando a indústria alimentar.
É importante ressalvar que não será necessário deixar de comer por completo este tipo de alimentos, mas sim manter uma alimentação variada e equilibrada com o objetivo de obter todo o tipo de nutrientes.

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