sábado, 14 de julho de 2012

Vença o destino traçado pelo seu ADN

Artigo publicado na rubrica Saúde da sapo

"Descubra o peso da herança genética e do seu estilo de vida na sua saúde

O futuro cumpre-se. Ano após ano, a ciência tem-nos demonstrado quão poderosos são os nossos genes.

Parte daquilo que somos é-nos passado pelo ADN dos nossos pais, o código genético que determina a forma como o nosso organismo se desenvolve e funciona. Mas quer isso dizer que, se a sua mãe teve cancro da mama, você pode também padecer desta doença?

Não necessariamente. Pesquisas científicas recentes na área da Epigenética indicam que podemos influenciar a forma como os nossos genes se expressam, modificando o seu destino genético. Ainda que traços como a cor dos olhos, o tom de pele, a altura ou a estrutura óssea não sejam modificáveis, outras características (incluindo o risco de vir a sofrer determinadas doenças) podem ser ajustadas por nós.

O stress, que segundo inúmeros especialistas e profissionais que desenvolveram técnicas inovadoras, podemos aprender a gerir, a alimentação que seguimos ou o exercício físico que praticamos, por exemplo, não só afetam o nosso estado de saúde atual como podem alterar a forma como o nosso ADN se comporta e transferir esses ajustes para as gerações seguintes.

O segredo está no epigenoma, o mecanismo que responde aos sinais ambientais e depois liga ou desliga os genes, intensificando ou reduzindo a sua atividade. A epigenética – o estudo deste mecanismo – mostra que a maior parte dos genes representam apenas predisposições e que, embora não possamos controlar o nosso ADN , podemos controlar a forma como este se comporta.

Como desligar os genes maus?

Imagine que o corpo humano é um computador, em que o hardware (a máquina) é o ADN e o software (a programação) é o epigenoma, isto é, os programas que dizem ao ADN o que fazer. Os seus genes, tal como o computador, são "inúteis" sem as instruções epigenéticas. Por exemplo, «uma célula do intestino e uma célula da pele são diferentes não por terem genes diferentes, mas porque os genes que estão on (ligados) e off (desligados) não são os mesmos», salienta João Ferreira, investigador do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa.

A ciência procura agora descobrir quais são exatamente os mecanismos que ligam e desligam os genes, de forma a prevenir algumas doenças com carga hereditária. Alguns estudos indicam mesmo que no caso de história familiar de cancro, a ingestão de determinados alimentos pode instruir o seu epigenoma a desligar os genes predisponentes de cancro.

Mas estas descobertas pressupõem algo ainda mais surpreendente e que pode revolucionar o diagnóstico e o tratamento de algumas doenças. Os estudos epigenéticos pressupõem que as escolhas que fazemos em termos de estilo de vida não só influenciam a forma como os genes são ativados, como deixam uma marca (marca epigenética) que é transmitida de pais para filhos."

Sem comentários: