terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Vacina experimental contra HIV controla temporariamente replicação do vírus



Investigadores do Hospital Clínico de Barcelona publicam estudo na «Science Translational Medicine»
 
Publicado em : www.cienciahoje.pt 2013-01-03

A equipa de investigadores do Serviço de Doenças Infeciosas e Sida do Hospital Clínico de Barcelona apresentou ontem resultados encorajadores do estudo realizado com uma vacina terapêutica contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana).
Os testes foram realizados em 36 pacientes que estavam a seguir a terapia antirretroviral. Em 95 por cento dos casos, houve uma redução significativa (mais de três vezes) de carga viral. Estes efeitos positivos começam a diminuir após 12 semanas, para desaparecerem completamente ao fim de um ano de aplicação. Os resultados estão publicados na «Science Translational Medicine».
Josep Maria Gatell, Felipe García e Teresa Gallart apresentaram ontem os resultados do estudo.
A vacina não cura os pacientes. O vírus torna-se resistente aos antirretrovirais passado algum tempo e o que nós queremos é uma cura funcional”, explica Felipe García, coautor do estudo. O objetivo dos investigadores é aperfeiçoar uma vacina que seja capaz de controlar indefinidamente a replicação do vírus. Seria uma alternativa viável aos cocktails antirretrovirais de elevado custo.

Para criarem a vacina, os investigadores utilizaram as células dendríticas das pessoas infetadas e contaminaram-nas com parte do vírus do próprio paciente desativadas em laboratório. Estas células foram depois reincorporadas no corpo do paciente; chegando aos gânglios linfáticos, alertaram o sistema imunitário da existência do HIV, sendo desencadeada uma resposta imunitária.

Para já, esta vacina não vai substituir os tratamentos existentes, visto que depois do efeito inicial o vírus volta a atingir os mesmos níveis. “Esta vacina não é um produto comercializável. Apesar de ser cientificamente importante, terá de ser complementada e otimizada antes de ser comercializada”, explicou Josep Maria Gatell, que dirige a equipa de investigadores, acrescentando que só é aceitável uma vacina que torne a carga retroviral indectável.

Esta descoberta abre caminho a estudos complementares. A cura procurada não tem de ser necessariamente a erradicação total do vírus, mas sim um controlo efetivo da sua replicação durante longos períodos ou por toda a vida, sem necessidade de se recorrer a outros tratamentos.


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