sábado, 26 de janeiro de 2013

Mulheres fumadoras morrem mais hoje do que há 20 anos

Texto publicado pelo jornal Sol em 24/01/2013.
"As mulheres fumadoras têm hoje muito maior risco de morte por cancro do pulmão ou doença pulmonar obstrutiva crónica do que as fumadoras de há 20 ou 40 anos, o que reflecte mudanças no comportamento tabágico, revela um estudo hoje publicado.
 
Segundo o estudo, divulgado na revista científica 'New England Journal of Medicine', o aumento do risco de morte nas mulheres fumadoras foi tão grande que apagou por completo as melhorias na longevidade que os avanços médicos proporcionaram ao resto da população nos últimos 50 anos.
 
Hoje, dizem os investigadores, as mulheres fumam mais como os homens do que as gerações anteriores de mulheres fumadoras: começam mais cedo na adolescência e até recentemente fumavam mais cigarros por dia (o consumo entre as fumadoras atingiu o pico nos anos 1980).
 
Para verificarem o impacto destas mudanças comportamentais no risco de morte das mulheres, os investigadores, liderados por Michael J. Thun, MD, ex-presidente emérito da Sociedade Americana do Cancro, mediram 50 anos de dados sobre a mortalidade associada ao tabaco. No total, o estudo incluiu mais de 2,2 milhões de adultos com 55 anos ou mais.
 
Para as mulheres que fumavam nos anos 1960, o risco de morte por cancro do pulmão era 2,7 vezes mais alto do que o das pessoas que nunca tinham fumado.
 
Na última década (2000-2010) o risco era 25,7 vezes mais alto do que o das pessoas que nunca fumaram.
 
Já o risco de morte por doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) entre as mulheres fumadoras era 4,0 vezes maior do que entre os não fumadores nos anos 1960, aumentando, na década mais recente, para 22,5 vezes.
 
Cerca de metade desses aumentos ocorreu nos últimos 20 anos.
 
Nos homens fumadores, o risco de morte por cancro do pulmão estabilizou no nível observado na década de 1980, enquanto o risco de morte por DPOC continua a aumentar por razões que os cientistas não conseguem identificar.
 
Tanto os homens como as mulheres têm, actualmente, idênticos níveis elevados de risco de morte quando comparado com os não fumadores, o que, segundo os cientistas, confirma a previsão de que "se as mulheres fumarem como os homens, vão morrer como os homens".
 
O estudo confirma ainda que deixar de fumar - em qualquer idade - reduz dramaticamente a mortalidade por qualquer das grandes doenças provocadas pelo tabaco, e que deixar de fumar é muito mais eficaz do que reduzir o número de cigarros fumados.
 
O estudo concluiu que os fumadores que deixaram de fumar até aos 40 anos evitaram quase todo o excesso de mortalidade associada ao cancro do pulmão e à DPOC."

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