quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Tumor do ovário encontrado em esqueleto de mulher da época romana

Artigo de Ana Gerschenfeld pubicado pelo jornal Público em 31/01/2013.
"É a primeira vez que este tipo de patologia é descoberto em restos mortais humanos tão antigos.
Da esquerda à direita: o tumor, com dois dentes presos à parede interna; mais dois dentes; e um fragmento de osso
Uma equipa de cientistas espanhóis encontrou, no esqueleto de uma mulher que viveu há 1600 anos na Catalunha, um teratoma ovárico calcificado. Trata-se de uma estrutura arredondada, com 4,4 centímetros de diâmetro, cuja análise por tomografia computadorizada revelou conter quatro dentes malformados e um pequeno fragmento ósseo.
 
Os teratomas são tumores que costumam ser benignos e que podem conter cabelo, dentes, ossos e outros tecidos. São assintomáticos na maioria dos casos. E hoje em dia são rapidamente detectados e removidos, para evitar complicações ligadas ao seu eventual crescimento, que poderia perturbar a função dos órgãos vizinhos.
 
Núria Armentano e colegas, da Universidade Autónoma de Barcelona, que publicaram os seus resultados na revista International Journal of Paleopathology, detectaram o tumor na pélvis (do lado direito) do esqueleto de uma mulher que tinha 30 a 40 anos na altura da sua morte. O esqueleto – encontrado, em 2010, no sítio arqueológico de La Fogonussa, perto de Lérida (Catalunha) – data do período romano tardio da Península Ibérica.
 
O achado é tanto mais invulgar quanto este tipo de calcificações abdominais podem ser facilmente confundidas com pedras. Para mais, são muito difíceis de distinguir dos cálculos renais, fibromas, restos de artérias e uma série de outras coisas, explica um comunicado da universidade.
 
“A calcificação e preservação das paredes externas deste tumor são excepcionais, dado que o que é normal neste tipo de restos é que apenas se conservem as estruturas internas e desapareçam as externas, que são muito frágeis”, diz a co-autora Assumpció Malgosa, citada no mesmo documento.
 
Neste caso, os cientistas não excluem que a mulher possa ter sucumbido ao tumor, embora não seja possível determiná-lo. Mas uma coisa é certa, a partir de agora: este tipo de patologia humana já existia naquela altura."

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