sexta-feira, 16 de março de 2012

Bactérias com 34 mil anos são reanimadas em laboratório

Um complexo ecossistema de bactérias devoradoras de sal sobrevive há 34 mil anos em fluidos no interior de minerais de Death Valley e Saline Valley, no estado da Califórnia (EUA). A halite, como se denomina o mineral formado por cristais de cloreto de sódio, tem sido o lar dessas bactérias, procariotas e eucariotas, durante dezenas de milhares de anos. A pesquisa consta na edição de Janeiro da revista da Sociedade Geológica Americana, GSA Today. De acordo com o principal autor do texto, o cientista Brian A. Schubert, do Departamento de Estudos Geológicos da Universidade do Estado de Nova Iorque, as bactérias estavam vivas. Mas a vida delas era limitada à sobrevivência pois não usam energia para nadar nem se reproduzir. A base da sua sobrevivência é um organismo unicelular, chamado alga Dunaliella, presente em muitos sistemas salinos. Esse organismo produz carvão e outros metabolitos que servem de sustento às bactérias. Assim, os organismos podem sobreviver, durante períodos imprevisíveis, flutuando em fluidos no interior dos minerais. «A parte mais emocionante da pesquisa foi quando pudemos identificar as células de Dunaliella nos cristais, porque eram indícios de que poderia haver uma fonte de alimento", explicou Schubert ao site Our Amazing World. O rápido crescimento dos cristais de sal, que envolvem todos os fluidos em pequenas bolhas de ar protegidas no seu interior, é outra das razões da surpreendente longevidade das bactérias, aponta o estudo. A pesquisa de Schubert e a sua equipa não é a primeira descoberta de organismos tão antigos. Já foram publicados outros que falam de bactérias vivas com mais de 250 milhões de anos. Esta, entretanto, é a primeira em que os cientistas comprovaram as suas conclusões com a repetição de testes. De acordo com Schubert, ele conseguiu fazer com que os organismos voltassem a crescer uma segunda vez, um resultado também obtido em testes posteriores em laboratórios, o que prova que o seu estudo não foi manipulado. Em cinco dos 900 cristais de sal analisados pela equipa, novas bactérias se reproduziram, indicou Schubert. Os microrganismos demoraram cerca de dois meses e meio para «despertar» do seu estado de letargia antes de começar a proliferar. Os cientistas ainda não determinaram, no entanto, como as bactérias conseguiram sobreviver durante tantos anos com o sustento tão mínimo que a alga lhes proporcionava. A equipa pretende agora aprofundar essa pesquisa e contrastá-la com outras que exploram a vida microbiana na Terra e no Sistema Solar, onde existem materiais potencialmente capazes de abrigar microrganismos, incluindo aqueles com milhares de milhões de anos de idade. Por enquanto, Schubert e os seus colegas conseguiram algo pouco comum: a reprodução de bactérias que se se reproduzam pela primeira vez após milhares de anos.

in Diário Digital (14.01.2011)

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