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sexta-feira, 28 de julho de 2017
Com a seca instalada no país, a reutilização dos esgotos pode matar a sede aos campos
Apenas 23 das 265 estações de tratamento do país reutilizam águas residuais. A associação ambientalista Zero diz que Portugal tem de estar mais bem preparado (e ainda não está) para enfrentar cenários de escassez de água.
Margarida Marques
Campos de golfe podem ser regados com águas residuais tratadas
No panorama nacional, os melhores resultados são apresentados pelas Águas do Algarve – “a entidade que mais se destaca pela eficiência” e “trata 99,9% das águas residuais que dão entrada nas ETAR sob sua gestão”, de acordo com a Zero.
No Algarve, a percentagem de água reutilizada é de 3,5% na lavagem de equipamentos, por exemplo, ou na rega de espaços verdes de 13 ETAR - Almargem, Vila Real de Santo António, Loulé, Quinta do Lago, Vilamoura, Olhão Nascente, Faro Noroeste, Albufeira Poente, Ferreiras, Vale Faro, Boavista, Silves e Lagos. Esta água está também a servir a Sociedade Hoteleira São Lourenço, a Infraquinta [empresa do Município de Loulé que gere os serviços urbanos da Quinta do Lago] e a Herdade dos Salgados.
Carla Graça garante que, no caso do Algarve, se pode “juntar o útil ao agradável”, uma vez que a aposta na reutilização se pode aliar a níveis de consumo de água superiores quando o número de turistas aumenta. “Na época em que há mais utilizadores, pode-se apostar mais na reutilização, nomeadamente na rega dos vários campos de golfe. Assim, não só se combate o desperdício, como se promove um turismo mais sustentável”.
A meta comunitária para 2025 é alcançar os 6 mil milhões de metros cúbicos anualmente reutilizados, com o auxílio de tecnologias seguras e eficientes. E se a previsão é de que Portugal seja um dos países mais afectados pela escassez hídrica nos próximos anos, também é considerado um dos com maior potencial nesta área, diz a Comissão Europeia.
As medidas propostas pela Zero vêm no seguimento não só das principais acções do pacote da economia circular da União Europeia, mas também dos índices de escassez da ONU – o WEI+ (Water Exploitation Index) - das bacias hidrográficas dos rios Leça, ribeiras do Oeste, Tejo, Sado, Guadiana e ribeiras do Algarve, “que se encontram na categoria de ‘escassez severa’. Ou seja, são regiões com um consumo entre 20% e 40% dos seus recursos renováveis.
Com as alterações climáticas, as secas tendem a tornar-se mais graves e frequentes e, neste ano, no dia mundial da água (22 de Março), Bruxelas anunciou já estar a desenvolver requisitos mínimos comuns de qualidade para reutilização segura da água.
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