Espera-se que os jogadores do novo jogo, desenvolvido no Reino Unido,
contribuam activamente para acelerar a identificação de genes
responsáveis pelo cancro da mama.
O novo jogo permite descobrir anomalias genéticas nos tumores malignos da mama |
Chama-se Play to Cure: Genes in Space, é um jogo para smartphones
e foi lançado esta terça-feira, anunciou em comunicado a Cancer
Research UK (entidade britânica sem fins lucrativos que promove o estudo
do cancro). Quem jogar estará, na realidade, a detectar visualmente
mutações associadas ao cancro da mama.
Por detrás deste divertimento de tipo shoot’em up espacial
está uma massa de dados genéticos recolhidos pelas equipas de dois
cientistas portugueses: Carlos Caldas, da Universidade de Cambridge
(Reino Unido), e Samuel Aparício, da Agência do Cancro da Columbia
Britânica em Vancôver, Canadá. Estes investigadores estão há
vários anos a construir o “mapa” do cancro da mama para determinar os
padrões de mutações e as melhores terapias para combater a doença de
forma personalizada.
O objectivo assumido do novo jogo consiste em
recolher a maior quantidade possível de uma substância, chamada
“elemento alfa”, presente no espaço. Para isso, é preciso atravessar, a
bordo de uma nave espacial, as zonas onde essa substância apresenta a
maior densidade visual, evitando diversos obstáculos pelo caminho.
Ora,
como essas zonas representam regiões do genoma de tumores malignos da
mama nas quais existem repetições anormais ou supressões anormais de
trechos inteiros de ADN, ao detectarmos as alterações de densidade,
estamos a indicar, com o percurso da nossa nave espacial, as alterações
genéticas mais relevantes. “É precisamente por marcar as zonas mais
densas que se está a 'ler' os dados moleculares”, disse Carlos Caldas ao
PÚBLICO.
Os estudos das características moleculares dos tumores
produzem quantidades colossais de dados, alguns dos quais só podem ser
analisados de forma visual, o que levaria anos a um cientista isolado,
explica ainda o comunicado. Mas se as suas anomalias forem assinaladas
desta forma por milhares de pessoas em todo o mundo, o processo será
substancialmente acelerado.
Como vão impedir os erros dos
jogadores menos dextros? “Não há qualquer problema”, responde-nos Carlos
Caldas. “É precisamente aí que reside a força do crowdsourcing [o
facto de solicitar ajuda a um grande número de pessoas]. “Alguns vão-se
enganar, mas a soma de todos os resultados será provavelmente melhor do
que obteríamos com um computador. Portanto, basta jogar!”
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