domingo, 26 de janeiro de 2014

Planeta anão Ceres cospe vapor de água por dois lados

Artigo de Nicolau Ferreira publicado pelo jornal Público em 25/01/2014
A cada segundo, seis quilos de água sob forma de vapor são ejectados de Ceres. Investigadores propõem duas origens para este fenómeno.
 

Uma ilustração de Ceres
Há uma cintura de asteróides que divide o Sistema Solar em duas zonas. Esta região, entre Marte e Júpiter, que separa os planetas rochosos (como a Terra e Marte) dos planetas gasosos (como Júpiter e Saturno), tem milhões de objectos, desde pequenas partículas até grandes asteróides. O maior é Ceres, um astro redondo que é considerado um planeta anão tal como Plutão. Agora, os cientistas descobriram duas plumas de vapor de água que se libertam de duas regiões diferentes daquele astro e que dão pistas sobre o seu interior, revela um artigo publicado nesta semana na revista Nature.
 
Ceres está na parte mais exterior da cintura de asteróides. O planeta anão tem 950 quilómetros de diâmetro (a Lua tem 3,6 vezes este diâmetro). A equipa, da Agência Espacial Europeia (ESA) e do Observatório de Paris, analisou o astro com o telescópio espacial Herschel da NASA e da ESA, cuja missão terminou no ano passado.

Em Outubro de 2012, a equipa viu sinais da emissão de água sob o estado gasoso. Mas só em Março de 2013, durante uma observação contínua de dez horas — suficiente para observar uma rotação completa do planeta anão —, é que as lentes que detectam luz no comprimento de onda dos infravermelhos confirmaram a existência de plumas de vapor de água a sair do objecto.

“Esta é a primeira detecção clara de água na cintura de asteróides”, diz Michael Küppers, da ESA, citado pela revista de divulgação científica New Scientist. Uma das causas para a origem desta água é ser proveniente de uma camada de gelo que está à superfície do astro ou logo abaixo. A luz solar faz este gelo sublimar, passando directamente do estado sólido para o gasoso.

“Outra possibilidade é que ainda pode existir alguma energia no interior de Ceres, e esta energia faria com que a água fosse expelida de uma forma semelhante à dos geysers na Terra. Só que, devido à baixa pressão que existe à superfície do asteróide, o que se libertaria seria vapor e não líquido”, explica Michael Küppers, citado pela BBC News.

O resultado deste fenómeno é que seis quilos de água são libertados por segundo em Ceres, o que equivale a cerca de 520 toneladas ao fim do dia. Os cientistas chegaram a estes números através da quantidade de infravermelhos que eram absorvidos pela pluma de vapor de água. Mas em 2015, quando o satélite da NASA Dawn chegar a este grande pedaço de rocha, a origem desta massa de água poderá começar a ser desvendada.

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