"O argumento oficial é que conhecendo os pormenores do ADN dos doentes será possível personalizar o seu tratamento mais depressa do que nunca.
A molécula de ADN é feita de três mil milhões de moléculas de base e contém cerca de 20 mil genes |
“O Reino Unido será o primeiro país no mundo a introduzir esta tecnologia num sistema de saúde mainstream”, lê-se num comunicado publicado no site oficial do gabinete de Cameron.
Em Fevereiro, a Noruega já tinha anunciado que iria sequenciar o ADN dos tumores de mil doentes com cancro – e, a prazo, todos os cerca de 20 mil genes contidos no genoma que comandam o fabrico de proteínas. Mas esta é a primeira vez, segundo o site da revista Science, que um projecto de sequenciação deste tipo envolve a descodificação de genomas inteiros (com os seus três mil milhões de pares de moléculas de base) e não apenas a de alguns fragmentos – para além de que o número de genomas a sequenciar passa a ser 100 vezes maior.
“Ao libertar a força dos dados genéticos, o NHS vai liderar a corrida global para a obtenção de melhores testes [de diagnóstico], de melhores medicamentos e de melhores tratamentos”, disse Cameron.
O comunicado do nº10 de Downing Street também sugere que haverá benefícios directos e imediatos para as pessoas que contribuírem (voluntariamente) com o seu genoma para o projecto: “O perfil genético fornecerá aos médicos uma compreensão nova e avançada da constituição genética do doente, da sua doença e necessidades terapêuticas, garantindo o seu acesso aos medicamentos adequados e a cuidados personalizados muito mais depressa do que nunca”.
Leif Ellisen, oncologista do Hospital Geral do Massachusetts de Boston citado pela Science, considera esta promessa “exagerada” – apesar de concordar com o facto de que sequenciar genomas inteiros em grande escala “seja o caminho certo”.
Já na altura do anúncio do projecto norueguês, este mesmo especialista, citado pela revista Nature, tinha aliás declarado: “Não conheço muita gente que sugira que todos os doentes com cancro deveriam ter todos os seus genes sequenciados porque isso iria ter um impacto positivo sobre o tratamento clínico da sua doença.” A questão é que, segundo ele, ninguém é capaz de prever quando é que esses benefícios se concretizarão.
Para já, salienta ainda, o grande desafio para os britânicos vai consistir em conseguir processar a gigantesca quantidade de informação que irá ser gerada pela sequenciação dos genomas de forma a que possa ajudar a tratar as pessoas."
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