Em 2010 já nasceram 264 crianças de mães com VIH, com a taxa de transmissão nos 1,9%, o que significa que houve cinco positivos para o vírus. Os números de 2011 ainda não estão disponíveis visto que as crianças são acompanhadas durante um ano.
Ainda assim, estes são números muito diferentes dos de 1999, quando nasceram 97 crianças, seis delas infectadas, o que corresponde a uma taxa de 6,2% – a mais elevada até hoje. Desde 2001 que o número de crianças tem-se mantido acima das 200 por ano, com a percentagem de transmissão com algumas flutuações mas com tendência para baixar para números na casa dos 2%. Porém, diz o INSA, “nos últimos cinco anos observou-se uma estabilização das taxas de transmissão”, o que se deve sobretudo a casos em que as mães não fazem a medicação.
Biologicamente, as mulheres são mais vulneráveis à infecção e em Portugal já caminham para quase 30% do total de infectados. No mundo todo são 50%. Os dados da ONUSIDA estimam que no país vivam mais de dez mil mulheres com VIH e que os homens já sejam cerca de 30 mil, o que também significa que a esperança média de vida está a aumentar. O problema é que muitos dos portadores desconhecem que estão infectados (estima-se que cerca de cinco mil) e a taxa de diagnósticos tardios é de 65%, o dobro da registada na Europa. Nos últimos anos tem também caído a taxa de incidência da doença, isto é, o número de novos casos diagnosticados.
Há também muitos falsos conceitos. No ano passado, por exemplo, foi divulgado um estudo que indicava que 28% das mulheres portuguesas ainda acreditam que o contacto com fluidos corporais que não sangue (saliva, suor e espirros) e o contacto corporal não sexual podem ser formas de transmissão do VIH.
O “Estudo quantitativo da percepção das mulheres portuguesas sobre VIH/sida”, feito a pedido da farmacêutica Bristol Myers Squibb, contou com uma amostra de 151 mulheres entre os 18 e os 65 anos e as conclusões revelam, também, que 87% das mulheres acreditam que numa relação sexual não protegida o risco de uma mulher ser infectada é igual ao do homem, com apenas 10% das mulheres a saberem indicar que o risco é superior.
Também Teresa Branco, médica especialista em sida do Serviço de Infecciologia do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), diz que recebe cada vez mais mulheres e alerta que “o risco de transmissão não se reduz com a idade”. Ainda assim, assegura que receber hoje um diagnóstico de VIH é muito diferente de há uns anos. “Ainda se pensa muito que é uma sentença que pode levar à morte e que a mulher não vai conseguir ter filhos. Não devemos desvalorizar a doença mas a vida destas mulheres já pode ser quase tão normal como a das outras e vão poder cuidar de uma família, se cuidarem primeiro de si e se forem acompanhadas pelos médicos e cumprirem a medicação”. A gravidez deve ser planeada e pode implicar tratamentos como a inseminação artificial...."
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