terça-feira, 17 de setembro de 2013

Análise ao sangue determina eficácia do tratamento da disfunção eréctil

Artigo publicado pelo jornal Público em 12/09/2013
Teste está a ser patenteado por cientistas da Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto e poderá estar disponível no mercado dentro de “um ou dois anos”.


 
Um grupo de investigadores portugueses está a desenvolver um teste que determina a eficácia do tratamento da disfunção eréctil, permitindo a adopção de uma estratégia terapêutica personalizada.
 
“Através da determinação, numa simples análise de sangue periférico, de substâncias moleculares envolvidas na génese da disfunção eréctil, pode-se predizer o sucesso ou insucesso de determinado fármaco para o tratamento da disfunção eréctil em cada doente”, explicou o investigador e urologista, Fábio Almeida.
 
Em declarações à Lusa, Fábio Almeida disse que a análise “baseia-se sobretudo na avaliação da função vascular dos vasos sanguíneos do pénis. No fundo, permite perceber como é que a camada mais interna dos vasos sanguíneos está a funcionar. A esse nível existe um conjunto de moléculas que, quando alteradas, num estado oxidado, se tornam incapazes de ser eficazes para que os vasos sanguíneos possam relaxar e o pénis possa tornar-se eréctil de uma maneira satisfatória para o doente”.
 
“Esta análise permite determinar e quantificar a quantidade dessas moléculas que estão alteradas. Sabemos que se houver um determinado número, um determinado rácio de moléculas oxidadas versus moléculas reduzidas (estado normal), que de facto os fármacos não são eficazes, portanto não consegue relaxar os vasos sanguíneos e a erecção não se proporciona”, sustentou.
 
O especialista considerou que “não tem interesse estar a medicar um doente sem saber qual é que é o seu estado oxidativo/reduzido porque, de facto, para esses doentes que vamos tentar medicar ‘às cegas’ a probabilidade de ter sucesso é muito baixa”.
 
“O nosso objectivo é corrigir os factores que estão na base da disfunção eréctil, da disfunção vascular para que, mais tarde, possa fazer a medicação correcta e de uma maneira satisfatória”, sublinhou.
 
Fábio Almeida disse ainda à Lusa que esta análise de sangue periférico está a ser patenteada pelos investigadores da Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto e que poderá estar disponível no mercado dentro de “um ou dois anos”.
 
Actualmente está disponível em termos académicos e de investigação e para os doentes que reúnem os critérios definidos pelos protocolos de investigação.
 
Neste momento, referiu o especialista, uma parte do protocolo de investigação já esta fechado e os resultados já foram validados em varias reuniões cientificas.
 
“Estamos a alargar o número de doentes que estão a participar no estudo para que os resultados possam ter mais peso estatístico, mais validade”, disse Fábio Almeida, referindo que os doentes que pretendam obter informações podem contactá-lo através do endereço electrónico: fa1escorcio@gmail.com ou dirigindo-se ao Centro de Urologia da Imagem Médica da Lapa, no Porto.
 
O investigador salientou ainda que “esta simples colheita de sangue permite ter dados muito importantes sobre o estado da função vascular do próprio doente. Isto não representa um avanço apenas para a disfunção eréctil, representa um avanço para o estudo cardiovascular do doente”.
 
“Podemos muitas vezes evitar que estes doentes que sofrem de disfunção erétil venham a sofrer um enfarte ou um AVC porque o estado oxidativo dos vasos sanguíneos não afecta apenas o pénis, afetca todo o corpo e, particularmente, os vasos do coração e do sistema nervoso central”, frisou.

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