MadreMedia/Lusa
16 agosto 2018
Uma descrição detalhada
do genoma do trigo foi hoje publicada na revista Science, permitindo no futuro
produzir novas variedades do cereal, potencialmente adaptadas às alterações
climáticas, mais rentáveis, mais nutritivas e sustentáveis.
A
descodificação da sequência do genoma do trigo foi o resultado de 13 anos de
investigação, juntando mais de 200 cientistas de 73 instituições de 20 países,
um consórcio, o International Wheat Genome Sequencing Consortium, que agora
publica o artigo na revista.
A
revelação da estrutura do genoma do trigo foi durante muito tempo considerada
uma missão impossível, devido ao grande tamanho - cinco vezes maior do que o
genoma humano - e complexidade - a existência de três sub-genomas e mais de 85%
do genoma ser composto por elementos repetidos.
Além
da sequência dos 21 cromossomas o artigo da Science apresenta a localização
exata de 107.891 genes e de mais de quatro milhões de marcadores moleculares.
Realizada
com uma variedade de trigo chamada “Chinese Spring” a descodificação anunciada
hoje é apresentada como a de maior qualidade feita até hoje.
Cultura essencial para a segurança alimentar, o trigo é o alimento
básico para mais de um terço da população mundial e contribui para quase 20% do
total de calorias e proteínas consumidas pelas pessoas, mais do que qualquer
outra fonte alimentar. E é também uma importante fonte de vitaminas e minerais.
Para
responder à procura de trigo no futuro, com uma população mundial projetada de
9,6 mil milhões de pessoas até 2050, a produtividade do cereal precisa de
aumentar 1,6% por ano. Mas esse aumento terá de se dever essencialmente à
melhoria das culturas e das características das terras atualmente cultivadas,
para preservar a biodiversidade e a água.
Com
a descodificação da sequência do genoma agora concluída, salientam os autores
do trabalho, os agricultores poderão ter grãos com mais rendimento e qualidade,
mais resistentes a doenças fúngicas e mais tolerância a stress abiótico
(influências do meio envolvente).
E
acrescentam que se espera uma melhoria do trigo nas próximas décadas, com
benefícios semelhantes aos observados com o milho e o arroz, depois de
concluídas as suas sequências de referência.
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