segunda-feira, 24 de março de 2014

Cientistas identificam mais um mecanismo que acelera crescimento e formação de tumores

Artigo publicado na SAPO Saúde em 25/02/2014.
Cientistas identificam mais um mecanismo que acelera crescimento e formação de tumores.
 

O estudo sugere que uma proteína descontrola as moléculas do ácido ribonucleico, vulgarmente conhecido pela sigla RNA, e estimula a formação e multiplicação das células cancerígenas.

Cientistas do Instituto de Investigação em Biomedicina de Barcelona (IRB), em Espanha, descobriram um mecanismo controlado pela proteína CPEB1 que afeta mais de 200 genes relacionados com a proliferação celular e com a progressão de tumores.

O mecanismo foi identificado a partir da utilização de células de linfoma de Hodgkin. O estudo, publicado no domingo na revista Nature, mostrou que a CPEB1 altera uma região específica de um tipo de molécula de RNA. Segundo um dos autores, Raúl Méndez, a CPEB1 descontrola centenas de moléculas de RNA que estimulam a desdiferenciação celular, quando a célula adulta passa a agir como embrionária, e a sua proliferação, promovendo o alastramento do cancro.

"As proteínas CPEB são necessárias durante o desenvolvimento e também durante a regeneração do tecido, mas se ficam continuamente ligadas, as células dividem-se em momentos errados e formam o tumor", explica Méndez.

"Esta descoberta é positiva do ponto de vista terapêutico, pois significa que se removermos a CPEB1 de células saudáveis, a sua função pode ser assumida por qualquer outra proteína CPEB. Em contraste, em tumores, apenas a CPEB1 tem a capacidade de encurtar essas regiões, afetando apenas as células tumorais", explicou Felice Alessio Bava, investigador principal.

O laboratório desenvolveu um sistema de rastreio de moléculas terapêuticas para criar um medicamento que pode inibir a ação da CPEB em tumores, com poucos efeitos secundários nas células saudáveis.

"Não há drogas atualmente disponíveis que influenciam a regulação da expressão do gene, a este nível. As nossas descobertas abrem uma janela terapêutica pioneira. Estamos otimistas com o potencial de proteínas CPEB como alvos", conclui Méndez.

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