quinta-feira, 19 de abril de 2012


Fauna a 2 Mil Metros de Profundidade na Antártida

No âmbito do programa “Census of Marine Life”, foi realizado um estudo sobre as fontes hidrotermais nos fundos marinhos do East Scotia Ridge, na Antárctica, liderado por uma equipa da universidade britânica de Oxford, constituída por cientistas dos Estados Unidos, Escócia, Espanha e Portugal. Este tinha como objectivo averiguar a hipótese de que o Oceano Antárctico funcionava como uma ponte entre os outros grandes oceanos do mundo, permitindo a dispersão de organismos. Deste modo, as fortes correntes deste oceano ajudariam as espécies a moverem-se de um oceano para outro, pelo que os cientistas esperavam encontrar uma fauna bastante diversificada neste local.

Estas fontes hidrotermais caracterizam-se por se encontrarem a cerca de 2300 metros de profundidade, atingirem temperaturas que rondam os 280 graus centígrados e, ainda, por apresentarem condições ambientais extremas (ondas que podem chegar aos 20 metros e nevões constantes) que constituem um obstáculo ao estudo dos fundos marinhos da Antárctida durante o inverno do hemisfério Sul.

O estudo da fauna nas fontes hidrotermais é uma área relativamente nova da ciência, assim, com este estudo, os cientistas esperavam encontrar a fauna típica das fontes hidrotermais de outros oceanos constituída por animais como, por exemplo, mexilhões, caranguejos e camarões.

No entanto, esta expectativa não se verificou, sendo encontrada uma fauna muito diferente da prevista na qual se encontraram incluídas comunidades completamente diferentes das conhecidas, não só ao nível dos animais como também das combinações de espécies. Estas particularidades levam os cientistas a considerar esta região como uma zona biogeográfica única, dado que é possível que as duras condições das águas da Antárctida possam actuar como uma barreira para alguma fauna das fontes hidrotermais.

Entre a particular fauna, foram encontrados a 2500 metros de profundidade novas espécies de caranguejo, estrela-do-mar (predadora com sete braços), cracas, anémonas e um polvo branco. A nova espécie de caranguejo descoberta, designado caranguejo-yeti, distingue-se por ser branco e apresentar pêlos no ventre, ao contrário dos caranguejos-yeti conhecidos do Pacífico Sul que apresentam pêlos nas patas que são utilizados para cultivarem bactérias das quais se alimentam. Para além disso, estes novos seres vivem em grandes grupos, tendo sido encontrados amontoados próximo dos fluxos das fontes hidrotermais, existindo em alguns locais cerca de 600 indivíduos por metro quadrado.


A descoberta foi revelada num artigo publicado na revista científica PLoS Biology, em que a investigadora da Universidade de Aveiro Ana Hilário, bióloga especializada em estudos marinhos, aparece como sendo a única portuguesa entre os autores e a participar na expedição à Antárctida.


Beatriz Bandarra e Fabiana Duarte, alunas do 11ºB

Sem comentários: