Fauna a 2 Mil Metros de Profundidade na Antártida
No âmbito do programa “Census of Marine Life”, foi realizado
um estudo sobre as fontes hidrotermais nos fundos marinhos do East Scotia
Ridge, na Antárctica, liderado por uma equipa da universidade britânica de
Oxford, constituída por cientistas dos Estados Unidos, Escócia, Espanha e
Portugal. Este tinha como objectivo averiguar a hipótese de que o Oceano
Antárctico funcionava como uma ponte entre os outros grandes oceanos do mundo,
permitindo a dispersão de organismos. Deste modo, as fortes correntes deste
oceano ajudariam as espécies a moverem-se de um oceano para outro, pelo que os
cientistas esperavam encontrar uma fauna bastante diversificada neste local.
Estas fontes hidrotermais caracterizam-se por se encontrarem
a cerca de 2300 metros de profundidade, atingirem temperaturas que rondam os
280 graus centígrados e, ainda, por apresentarem condições ambientais extremas
(ondas que podem chegar aos 20 metros e nevões constantes) que constituem um
obstáculo ao estudo dos fundos marinhos da Antárctida durante o inverno do
hemisfério Sul.
O estudo da fauna nas fontes hidrotermais é uma área
relativamente nova da ciência, assim, com este estudo, os cientistas esperavam
encontrar a fauna típica das fontes hidrotermais de outros oceanos constituída
por animais como, por exemplo, mexilhões, caranguejos e camarões.
No entanto, esta expectativa não se verificou, sendo
encontrada uma fauna muito diferente da prevista na qual se encontraram
incluídas comunidades completamente diferentes das conhecidas, não só ao nível
dos animais como também das combinações de espécies. Estas particularidades
levam os cientistas a considerar esta região como uma zona biogeográfica única,
dado que é possível que as duras condições das águas da Antárctida possam
actuar como uma barreira para alguma fauna das fontes hidrotermais.
Entre a particular fauna, foram encontrados a 2500 metros de
profundidade novas espécies de caranguejo, estrela-do-mar (predadora com sete
braços), cracas, anémonas e um polvo branco. A nova espécie de caranguejo
descoberta, designado caranguejo-yeti, distingue-se por ser branco e apresentar
pêlos no ventre, ao contrário dos caranguejos-yeti conhecidos do Pacífico Sul
que apresentam pêlos nas patas que são utilizados para cultivarem bactérias das
quais se alimentam. Para além disso, estes novos seres vivem em grandes grupos,
tendo sido encontrados amontoados próximo dos fluxos das fontes hidrotermais,
existindo em alguns locais cerca de 600 indivíduos por metro quadrado.
A descoberta foi revelada num artigo publicado na revista
científica PLoS Biology, em que a investigadora da Universidade de Aveiro Ana
Hilário, bióloga especializada em estudos marinhos, aparece como sendo a única
portuguesa entre os autores e a participar na expedição à Antárctida.
Beatriz Bandarra e Fabiana Duarte, alunas do 11ºB
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