sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Molécula consegue pôr ratinhos inférteis

Artigo escrito por Teresa Firmino no jornal Público, em 17/08/2012

Composto trouxe novas pistas para o desenvolvimento, a longo prazo, de um contraceptivo masculino

Ainda não é a tão procurada pílula contraceptiva para os homens, mas uma equipa dos EUA diz ter encontrado a primeira molécula que controla, com efeitos reversíveis, a fertilidade masculina. As experiências, em ratinhos, mostram que eles ficam estéreis enquanto tomam a molécula, diz a equipa na revista Cell.

A molécula, chamada JQ1, consegue passar a barreira natural entre o sangue e os testículos e bloqueia a espermatogénese, o processo de formação dos espermatozóides. Por causa disso, tanto o número de espermatozoides como a sua mobilidade, um aspecto fundamental na fecundação, baixam bastante, refere um comunicado do Instituto do Cancro Dana-Farber, em Boston. Quando a molécula deixou de ser dada aos  ratinhos, a produção de espermatozoides voltou ao normal e nem eles nem as suas crias não foram afectados.

“Os resultados mostram que o composto, dado a roedores, produz um decréscimo rápido e reversível de espermatozóides e da mobilidade, com efeitos profundos na fertilidade”, diz James Bradner, do Dana-Farber, um dos autores do artigo.

Mas, de início, a investigação desta molécula não estava centrada na contracepção masculina: Bradner estava a estudá-la para tratar o cancro, como inibidora de uma família de proteínas, e queria saber se ela também teria efeito numa proteína dessa família que está envolvida na espermatogénese, a BRDT. Para isso, contactou Martin Matzuk, da Faculdade de Medicina de Baylor, em Houston. Durante 18 meses, a equipa de Matzuk injectou a molécula em ratinhos e avaliou os seus efeitos.

Fica-se mais perto de um contraceptivo para os homens, mas ainda falta muito até esse dia chegar. Matzuk explica porquê, num comunicado: “A JQ1 ainda não é a pílula para os homens, porque também bloqueia outros membros da família de proteínas [em causa]. Porém, os dados mostram que a BRDT é um excelente alvo para a contracepção masculina e dá informação para o futuro desenvolvimento de fármacos.” "

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