sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Pode a atmosfera da Terra também desaparecer?

Sapo, Quero Saber
O anúncio que a NASA ia apresentar novidades sobre Marte criou expetativa; todos queriam saber: o que será que tinha acontecido à atmosfera do planeta vermelho? Agora que já sabemos que, afinal, foram as tempestades e ventos solares que "roubaram" a atmosfera do planeta, outra questão surge: será que pode acontecer à Terra?
 
Comecemos pelo início: a NASA acredita que, há cerca de quatro mil milhões de anos, Marte era tão habitável como a Terra é hoje. Prova disso são os vestígios de oceanos e lagos que, segundo os seus estudos, já existiram no planeta. Para isso, a sua atmosfera tinha de ser densa e quente - ao contrário do que é hoje, em que a atmosfera tem apenas 0,6% da pressão atmosférica à superfície da Terra, e o planeta tornou-se frio e árido.
 
Para perceber o que pode então ter acontecido, foi enviada a sonda MAVEN para estudar a sua atmosfera. Em março deste ano, durante uma violenta tempestade solar, a sonda detetou que a atmosfera do planeta vermelho perdeu mais partículas do que em condições normais. Esta conclusão levou à realização de quatro estudos publicados na Science and Geophysical Research Letters.
Uma representação de ventos solares a chegar até Marte.
A teoria é que, quando o Sol era ainda jovem e mais ativo, fortes tempestades solares fizeram com que o campo magnético de Marte enfraquecesse. Durante as tempestades, o Sol liberta grande quantidade de protões a elevadas velocidades. Quando se aproximam de Marte, geram um campo elétrico que atrai iões, que se libertam e tornam ainda mais fina a atmosfera.
Como os ventos solares chegam a Marte.
E Marte tornou-se o que hoje conhecemos. Mas poderá acontecer o mesmo à Terra?
A representação da perda de iões.
"A resposta é sobretudo sim" diz David Brain, que faz parte da missão MAVEN. "A Terra está a perder partículas, mas tem um grande escudo magnético", que afunila o campo elétrico das tempestades solares.
As zonas em que Marte perde mais iões.
A perda testemunhada atualmente na Terra é a um ritmo muito mais pequeno do que aconteceu em Marte. A repetir-se o fenómeno, vai demorar muito, mas muito tempo até que o nosso planeta também perca a sua atmosfera.
Imagens: NASA.

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