Fóssil de babuíno encontrado na África do Sul com mais de dois milhões de anos ajuda a compreender a evolução deste primata.
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| Novo fóssil (à esquerda) atribuído à espécie P. angusticeps (à direita | 
A 45 quilómetros a noroeste de Joanesburgo fica Malapa, um importante
 local arqueológico na África do Sul onde se descobriram os fósseis do Australopithecus sediba,
 uma espécie conhecida em 2009, e que veio introduzir mais complexidade à
 evolução humana. Este australopiteco tinha perto de dois milhões de 
anos. Agora, uma equipa de cientistas descobriu no mesmo local o fóssil 
um pouco mais velho do crânio de um outro primata – um babuíno da 
espécie já extinta Papio angusticeps. É o primeiro fóssil de 
primata encontrado ali, além dos do australopiteco, e reforça a ideia de
 que talvez esses babuínos extintos sejam, na verdade, os primeiros 
membros de uma espécie de babuínos actuais.
“Os 
australopitecos e os babuínos coexistiram em termos temporais. Mas é 
impossível dizer como, quando e se interagiram”, diz ao PÚBLICO 
Christopher Gilbert, da City University de Nova Iorque, coordenador do 
trabalho publicado nesta quarta-feira na revista PLOS ONE.
O
 novo fóssil – que não é mais do que a parte direita do crânio, onde se 
inclui a região do olho e do maxilar superior, mas não os dentes – terá 
sido de um babuíno macho que viveu entre há dois e 2,3 milhões de anos. 
Por ter sido encontrado num local arqueológico em que se conhecem bem as
 datas dos sedimentos, este crânio ajuda a compreender a evolução dos 
babuínos, hoje espalhados por toda a África subsariana e pelo Sul da 
Península Arábica.
“O fóssil parece ser o mais antigo da espécie Papio angusticeps”, diz o especialista em evolução dos primatas, que argumenta que há muitas parecenças entre os fósseis da espécie extinta e o Papio hamadryas, um babuíno que hoje se encontra no Leste de África e na Península Arábica. “O novo fóssil reforça a ideia de que o Papio angusticeps é provavelmente a mesma espécie do Papio hamadryas.
 Porque quase todas as características anatómicas que ficaram 
preservadas estão dentro da variação das características dos babuínos 
modernos.”
Pode parecer estranho que os babuínos de hoje e de há 
dois milhões de anos sejam praticamente iguais, enquanto a anatomia dos 
nossos antepassados mudou tanto até nós surgirmos. Mas Christopher 
Gilbert defende que as pressões evolutivas são diferentes em cada 
espécie: “Temos de assumir que vários factores nas populações de 
hominíneos favoreceram uma evolução anatómica relativamente rápida, 
enquanto outros factores nas populações de babuínos favoreceram a 
estabilidade anatómica.”

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