terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Nemátodo do pinheiro já tem detecção precoce

Texto de Teresa Firmino publicado pelo jornal Público em 26/02/2013

"Cientistas de Coimbra desenvolveram dispositivo para detectar a doença muito antes dos sintomas.
Cientistas da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra desenvolveram um dispositivo para detectar a doença do nemátodo do pinheiro muito antes dos sintomas. O artigo que dá conta do trabalho foi distinguido com o Best Student Paper Award na Conferência Biodevices 2013, em Barcelona.

Recorrendo ao método da espectroscopia de impedância eléctrica, a equipa liderada por Elisabeth Borges, aluna de doutoramento em Engenharia Biomédica da Universidade de Coimbra, desenvolveu um dispositivo "simples" para ver se um pinheiro está infectado. "Permite aceder rapidamente à assinatura eléctrica de um material biológico e obter informação acerca da fisiologia. Qualquer material, biológico ou não, possui uma assinatura eléctrica, quando estimulado por uma corrente ou tensão alternada", diz Elisabeth Borges num comunicado divulgado ontem.

O dispositivo coloca dois elétrodos colocados no tronco - um injecta um sinal de corrente ou tensão em múltiplas frequências e o outro recolhe o sinal gerado por essa estimulação - e tem ainda um sistema de aquisição de dados. Através da sua análise, obtém-se a assinatura eléctrica do material, permitindo identificar se um tecido está saudável ou tem danos. "No nemátodo do pinheiro, isso assume relevância porque pode invalidar o avanço da doença e consequente corte dos pinheiros. Após a detecção do nemátodo, a única solução actual é o abate e destruição dos pinheiros, de acordo com a legislação."

Até agora, o diagnóstico baseia-se na observação de pequenas alterações nas árvores, como as folhas murcharem, e na recolha invasiva de amostras para analisar no laboratório. "Em termos de técnica para levar para o campo, que eu saiba não havia nada", diz-nos a cientista. "Esta técnica já se aplica na medicina humana, mas neste contexto é inovadora", explicando que na medicina permite obter imagens e é usada por exemplo na detecção de cancro da pele."

A equipa tem um pedido de patente provisória no Instituto Nacional da Propriedade Industrial desde Julho de 2012, tendo agora de pedir a patente definitiva. Agora que mostrou que a técnica funciona em árvores infectadas em estufa, o passo seguinte é a sua validação no campo.

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