sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quem nos avisa...

A tragédia ocorrida na Madeira no passado dia 20 de Fevereiro e as dimensões atingidas, só surpreenderam quem, desde há muito tempo, se tem recusado a ler os sinais, patentes em todo o globo, resultantes de inadequadas intervenções humanas nesta estreita película do planeta a que chamamos nosso.
Num contexto sócio-cultural, caracterizado por uma incipiente cultura cívica e científica, herança de séculos de miséria, obscurantismo e manipulação, não tem sido difícil, aos responsáveis pela gestão da coisa pública ignorar as regras mais elementares que devem presidir a um correcto ordenamento do território. De facto é mais fácil e mais produtivo apresentar obra de encher o olho, pouco importando onde e como se constrói.
Quando a desgraça surge, uns tantos sacodem responsabilidades tentando passar por entre os pingos da chuva, outros ensaiam um coro de carpideiras clamando pela ajuda do estado habitualmente vituperiado, enquanto a grande massa se empenha em mobilizar boas vontades trazendo ao de cima a força anímica que permite sobreviver e continuar com a vida para a frente.
Se do erro nasce a luz, é então imprescindível emendar a mão, não repetir erros recentes e corrigir os mais antigos, de modo que no futuro, em circuntâncias idênticas, as consequências sejam bem menos gravosas.
As associações e técnicos ambientais, os professores, os engenheiros e arquitectos, a opinião pública mais informada não são apenas uns desmancha-prazeres, uns arautos da desgraça, mas vozes clarividentes que dão forma e força a muita sabedoria que é do senso comum.

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