quarta-feira, 18 de maio de 2016

9 perguntas sobre os riscos da carne processada

Nuno Noronha // Peso e Nutrição
A Organização Mundial de Saúde alerta que o consumo de carne processada - como bacon, salsichas e presunto - aumenta o risco de cancro. E agora? O que comer e o que evitar? As respostas a estas e outras perguntas por Tânia Furtado e Ana Rita Lopes, Nutricionistas do Hospital Lusíadas Lisboa.
 
Por que é que as carnes processadas causam cancro? - O mecanismo pelo qual as carnes processadas aumentam o risco de cancro não é claro e ainda está a ser estudado. O que o comunicado da OMS nos diz é que existe uma associação estatística entre o consumo de carne processada e o desenvolvimento de cancro, mas não presta esclarecimentos acerca do modo como esse fenómeno acontece.
 
Consumi-las é arriscado? - É arriscado se forem consumidas diariamente. Não é necessário entrarmos em alarmismo e deixarmos de consumir para sempre as carnes processadas, se as apreciamos e estamos habituados a consumi-las. O que devemos fazer é passar a consumi-las com moderação, em vez de comer diariamente, comer por exemplo uma vez por semana ou em ocasiões especiais e em quantidades mais reduzidas, pois sabemos agora que não são inócuas para a saúde.
 
Afinal quanta carne vermelha podemos comer por semana? - Não existem recomendações específicas para a população portuguesa relativamente ao consumo de carne vermelha. Mas se nos basearmos em recomendações internacionais, as guidelines australianas, por exemplo, dizem-nos que devemos consumir no máximo 450 gramas de carne vermelha por semana (ou seja 3 refeições de 150 gramas de carne vermelha por semana).
 
Será que comer carne processada é tão mau como fumar ou beber álcool? - Não devemos fazer essa comparação. Apesar de estarem ambos no mesmo grupo de classificação do IARC, grupo 1, não podemos afirmar que consumir carne processada é tão perigoso para a saúde quanto fumar ou beber álcool. Esta classificação apenas nos diz que tal como há evidência comprovada de que o tabaco é carcinogénico para humanos, também o há de que a carne processada é carcinogénica para humanos se consumida em excesso, daí estarem agrupados na mesma categoria relativamente ao nível de evidência científica.
 
Como posso reduzir o consumo de carne sem prejudicar a minha saúde? - Optando por consumir mais carne branca, peixe e ovos em detrimento da carne vermelha; não deixar de consumir carne vermelha pois são importantes do ponto de vista nutricional, mas evitar consumi-la mais do que 3 vezes por semana; não consumir diariamente carnes processadas, mas sim esporadicamente.
 
O que significa esta classificação da OMS? - Esta classificação da OMS, que engloba as carnes processadas no Grupo 1 (carcinogénico para humanos) e as carnes vermelhas no Grupo 2A (provavelmente carcinogénico para humanos), agrupa diferentes agentes que são estudados quanto ao seu potencial para causa de cancro, de acordo com a evidência científica existente.
 
Esta nova categorização é tardia ou chega em boa hora? - Há muito que as organizações de saúde alertam a população para a necessidade de moderar o consumo de carne vermelha e restringir o consumo de carne processada. Este estudo por parte da Agência Internacional para o Estudo do Cancro (IARC) vem em boa hora provar isso mesmo, que, de facto, se consumidas em excesso podem representar algum risco para a saúde.
 
É melhor tornar-me vegetariano? - Parece-me desnecessário e radical tornarmo-nos todos vegetarianos, até porque a carne assim como o peixe têm uma enorme riqueza nutricional, sendo das principais fontes proteicas da nossa alimentação, assim como de vitamina B12, zinco e ferro. Relembro que o comunicado da OMS não nos indica que devamos excluir o consumo de carne mas sim reduzir a ingestão de carnes vermelhas, como a carne de porco, vaca, borrego e cabrito.
 
Os portugueses, em geral, têm uma boa alimentação? - Tendo em conta o último relatório da Direção-geral da Saúde (DGS), podemos considerar que os portugueses têm uma alimentação pouco saudável, uma vez que de acordo com este, “os hábitos alimentares inadequados são o fator de risco que mais rouba anos de vida saudável aos portugueses”.

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