quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Uma infecção complexa

Texto de Nicolau Ferreira publicado pelo jornal Público em 20/11/2013
O Plasmodium falciparum é a espécie de parasita da malária mais mortífero para os humanos. O seu ciclo de vida passa por vários estádios em dois hospedeiros diferentes.
Mosquitos que são vectores do parasita da malária
A malária mata entre 655.000 e 1,2 milhões de pessoas por ano, a maioria em África e no Sudeste asiático. Muitas mais adoecem, depois de serem picadas pelas fêmeas de mosquitos anófeles.
 
Os sintomas da malária são intensos: febres altas, dores de cabeça, mal-estar geral. Há medicamentos que tratam a doença, mas o parasita transmitido pelos mosquitos foi ganhando resistências a muitos e hoje os cientistas procuram novos químicos. A vacina é uma arma ainda mais difícil de fabricar, devido à complexidade do ciclo biológico do parasita.
 
Quando o parasita (o Plasmodium falciparum é o mais mortal) entra na corrente sanguínea, dirige-se para o fígado. Aqui, cada parasita atravessa umas quantas células (hepatócitos) até se alojar numa delas e multiplicar-se. Passados alguns dias, libertaram-se milhares de parasitas, mais pequenos, que invadem o sangue. O passo seguinte é a infecção dos glóbulos vermelhos: o parasita entra nestas células, alimenta-se da hemoglobina e multiplica-se de novo em menos de 20 células.
 
Três dias depois, milhares de glóbulos vermelhos explodem, libertando parasitas. Em menos de um minuto, estes invadem outros glóbulos vermelhos e o ciclo repete-se. É nas explosões sincronizadas destas células que os sintomas da doença se tornam agudos.
 
O ciclo continua até alguns parasitas começarem a evoluir para estádios sexuais. Se forem sugados por outro anófeles, acabam aí de se diferenciar em macho e fêmea, dando-se a fecundação enquanto estão no mosquito. E o ciclo recomeça.

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