Em 14 de março de 2012, Isabel Palma num artigo a seguir transcrito, alertou para o problema do uso ineficiente da água, por uma sociedade que ainda não interiorizou a ideia de que a água é um bem cada vez mais escasso.
"Um relatório da Agência Europeia do Ambiente alerta que o contínuo uso ineficiente da água pode ameaçar a economia, produtividade e ecossistemas da Europa. Estas conclusões foram apresentadas no 6º Fórum Mundial da Água que está a decorrer em Marselha.
Um relatório da Agência Europeia do Ambiente, intitulado Towards efficient use of water resources in Europe, pretende aumentar a consciência da população e dos decisores políticos sobre a escassez da água e o uso ineficiente deste recurso.
“O crítico para nós é que estamos a ver um número crescente de regiões onde bacias hidrográficas, devido às alterações climáticas, estão a enfrentar a escassez de água”, alertou Jacqueline McGlade, diretora-executiva da Agência Europeia do Ambiente. “Contudo, a mudança de comportamentos (…) ainda não aconteceu realmente.”
“As nações precisam de utilizar diferentes métodos. Em vez de terem apenas uma proibição do uso da mangueira para controlar o problema deste ano, deveriam investir de forma diferente. Os investimentos a longo-prazo precisam de reconhecer os diferentes usos da água, como é usada [e a necessidade] de diferentes qualidades de água.”
O relatório sublinha os diferentes desafios que os países enfrentam à medida que as alterações climáticas alteram os padrões de disponibilidade de água das diferentes regiões.
No seio da União Europeia, a agricultura utiliza cerca de um quarto das reservas de água mas, no sul da Europa, esse valor atinge os 80%.
Contudo, os agricultores estão a reconhecer que a água está a ser utilizada de forma ineficiente. Estão a mudar para “usos mais eficientes, como a irrigação gota-a-gota e [utilização] de outras técnicas avançadas, por causa do custo do tratamento da água.”
Para além dos impactes negativos económicos e sociais, o uso insustentável da água também provocará danos nos ecossistemas.
O relatório da Agência Europeia do Ambiente é o primeiro de cinco relatórios relacionados com a água que a agência planeia publicar em 2012. O último relatório irá agrupar uma série de recomendações para os decisores políticos europeus.
As conclusões deste relatório foram apresentadas no 6º Fórum Mundial da Água que está a decorrer em Marselha, até ao dia 17 de março. O Fórum Mundial da Água é uma conferência internacional que reúne políticos, técnicos e ONG de todo o mundo, de três em três anos.
Na segunda-feira, o presidente fundador da Cruz Verde Internacional e ex-presidente soviético Mikhael Gorbachev referiu que “o défice de água doce está a tornar-se cada vez mais grave e em grande escala” e que ao contrário de outros recursos, “não há substitutos para a água”.
“Já não é possível a continuação do consumo de água às taxas do século XX.” Gorbachev salientou que cinco décadas de experiência na política convenceram-no de que a crise global da água está “diretamente relacionada com as falhas da política e economia contemporâneas.”
“Precisamos de repensar os objetivos do desenvolvimento económico. A economia precisa de ser reorientada para objetivos que incluam os bens públicos como o ambiente sustentável, a saúde humana, a educação, a coesão social e cultural, assim como a ausência de lacunas gritantes entre ricos e pobres.”
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